Manon tinha quase certeza de que uma mesma música estava sendo tocada pela terceira vez, mas a nobreza de Adarlan não parecia incomodada, e para cada uma das melodias quase iguais tinham passos de dança ligeiramente diferentes.
Ela não sabia exatamente o que estava fazendo ali, se escondendo em uma alcova em que uma parte dos candelabros estavam convenientemente apagados. O resto, ela tinha apagado por conta própria, apenas o suficiente para se esconder sem que a escuridão chamasse atenção.
Tinha algo interessante na cena. A hierarquia dos humanos era tão diferente da das bruxas, ou pelo menos de como costumava ser. Era baseada em tolices e futilidades, por isso era surpreendente a presença de pessoas que claramente não possuíam um único traço de nobreza no sangue, e nem pareciam se incomodar em fingir que tinham. Ela não era a única que notara os súditos presentes no castelo. Bastava procurar um pouco para encontrar homens e mulheres olhando insatisfeitos das pessoas para o rei no centro do salão.
Era para onde Manon tinha olhado pela maior parte da noite, assim como metade das ladys e camponesas encantadas com ele. Como se ela não tivesse nada melhor para fazer. Sabia que a presença daquelas pessoas era uma das muitas mudanças que ele pretendia e que tomariam tempo para realizar, mas, das poucas vezes que estivera em Adarlan, tinha se limitado aos aposentos dela ou à torre dele, e não tinha visto muito. Agora ela pensava que talvez devesse ver mais da cidade. E talvez, chamar Dorian para conhecer a dela.
Não que tivesse muito para ver. Mas ela estava orgulhosa de cada detalhe, cada pequena mudança, mesmo quando demorava demais para reconhecê-las. O rei parecera interessado no pouco que arrancara dela quando os dois conversavam de verdade, mas ambos sabiam que ele não se ofereceria para ir sabendo da situação em que estavam, principalmente porque Dorian iria com ela, e apenas quando Manon pedisse. Apenas quando ela quisesse mostrar seu reino para ele.
A rainha sentiu sua testa franzindo e os lábios se apertando involuntariamente quando a nona lady da noite fez uma reverência e começou a dançar com ele. Mas quem estava contando? Desistindo de ficar ali sem motivos e irritada com a própria irritação, ela jogou o capuz vermelho por cima da cabeça e passou despercebida pela multidão interessada demais na dança, no rei, ou neles mesmos para notar a bruxa passando mais rápido do que podiam se mover.
Depois de entrar nos corredores vazios, o silêncio e a tranquilidade do escuro estranhos depois das conversas, da música e da iluminação exagerada do salão de baile, Manon finalmente alcançou a escadaria da torre do rei. Parecia algum tipo de invasão entrar no quarto de Dorian sem ele, ver o jeito que cada canto do cômodo gritava uma parte de quem ele era. O cheiro, as pilhas de livro espalhadas, roupas de dormir largadas em cima da cama parcialmente arrumada.
Fechando a porta com cuidado, ela entrou em passos silenciosos, como se ele pudesse ouvi-la e sentou na cadeira larga da escrivaninha. Um cotoco de vela estava apagado no canto, e havia um tinteiro meio aberto, parecendo ter sido largado às pressas no meio de uma carta.
Ela tinha a impressão de que sabia exatamente como ele se sentava naquele lugar, a expressão que fazia e segurava a caneta quando estava concentrado, e o modo como franzia o cenho quando estava cansado. Manon ficou sentada ali, perdida em pensamentos, esperando os passos inevitáveis do rei na escada anunciarem que ele tinha chegado.
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Dorian tinha notado algo diferente no meio do baile. Uma das festas exageradas da mãe que fora aprovada por seu conselho e sobre a qual não teve muito poder, apesar de ser a droga do rei, mas que tinha dado seu modo de alterar para incluir o povo de Forte da Fenda. Então de repente, entre danças e conversas entediantes, algo o deixou inquieto, um ponto aleatório no salão que por algum motivo estava escuro e despertou sua curiosidade.
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One Shots de Manorian
Fanfiction- 𝓗𝓮𝓵𝓵𝓸, 𝓹𝓻𝓲𝓷𝓬𝓮𝓵𝓲𝓷𝓰 - 𝓼𝓱𝓮 𝓼𝓪𝓲𝓭, 𝓱𝓮𝓻 𝓿𝓸𝓲𝓬𝓮 𝓫𝓮𝓭𝓻𝓸𝓸𝓶 𝓼𝓸𝓯𝓽 𝓪𝓷𝓭 𝓯𝓾𝓵𝓵 𝓸𝓯 𝓰𝓵𝓸𝓻𝓲𝓸𝓾𝓼 𝓭𝓮𝓪𝓽𝓱. - 𝓗𝓮𝓵𝓵𝓸, 𝔀𝓲𝓽𝓬𝓱𝓵𝓲𝓷𝓰 - 𝓱𝓮 𝓼𝓪𝓲𝓭. 𝓐𝓷𝓭 𝓽𝓱𝓮 𝔀𝓸𝓻𝓭𝓼 𝔀𝓮𝓻𝓮 𝓱𝓲𝓼 𝓸𝔀𝓷. One...