ÉRICA: 🤍Seis anos atrás
Quarta-feira | 4:56 AMA vida é feita de escolhas, Algumas a gente faz, outras são feitas por nós.
Meu pai escolheu as drogas, Escolheu abandonar a gente sem nunca ter ido embora de verdade.
Dormia profundamente quando os gritos me arrancaram do sono, No começo, pensei que fosse coisa da minha cabeça, Virei pro lado, puxei o cobertor, mas o barulho persistiu, Gritos abafados, um som oco de algo caindo, Meu coração disparou.
A voz dela veio em seguida.
X: SOCORRO!
Mamãe.
Sentei na cama num pulo, o corpo inteiro em alerta, Será que foi um pesadelo? Apertei os olhos, tentando me convencer de que sim, mas outro barulho veio, Um baque seco, Algo pesado batendo contra o chão.
Levantei, As pernas bambas, os pés descalços pisando frios no azulejo, Me aproximei da porta, Quis abri-la, mas hesitei, Meu peito subia e descia rápido.
Raiana: Érica, sobe pro seu quarto! Não desce aqui! — a voz da minha mãe soou fraca, desesperada.
O medo apertou minha garganta.
Érica: Mamãe? Onde você tá?
O barulho de passos apressados cortou o silêncio da casa, Meu coração martelava forte.
Raiana: NÃO! A ÉRICA NÃO! — ela gritou de repente, a voz carregada de pavor. — Sai daí, Érica! Corre pro seu quarto agora! Tô mandando, me escuta!
Foi a última coisa que ouvi antes do som que me assombraria pelo resto da minha vida.
Um rasgo seco. O baque surdo de um corpo cedendo, Um gemido de dor.
Minha mente se recusou a entender. Meus pés, não, Virei e corri escada acima, batendo a porta atrás de mim com força, Tranquei e me afastei, Meu peito subia e descia, o ar preso na garganta.
Peguei o celular com os dedos trêmulos e disquei o número da minha tia, Caixa postal, De novo, E de novo.
Me ajoelhei no chão e fechei os olhos.
Érica: Deus, por favor.
O silêncio veio, Um silêncio que gritava mais do que qualquer coisa.
Esperei alguns minutos, que pareceram horas, A angústia me corroía por dentro, Minha mãe não chamava mais meu nome, Não havia mais sons de briga, de passos, de nada.
O medo deu lugar à curiosidade, Eu precisava saber, Girei a maçaneta devagar, abrindo a porta, O corredor estava quieto, O corredor estava errado.
Desci as escadas com cautela, sentindo meu corpo cada vez mais pesado, No último degrau, vi.
Sangue.
Uma trilha vermelha se espalhava pelo chão, levando até a cozinha, O cheiro de ferro invadiu minhas narinas, me deixando tonta, Meu estômago embrulhou.

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No Morro [Rescrevendo]
Fanfiction📍Rio de janeiro, Rocinha +18 "É ele é mais um favelado guerreiro de fé Debochando da mídia aonde nós tiver, E pra quem invejava hoje aplaude de pé Me deixa que eu tô vivendo o momento E aí maneirinho? E ai meu fiel? Foguete não da ré no caso nós ar...