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ÉRICA: 🤍

O despertador toca, e eu desperto lentamente, A luz fraca da manhã entra pelas frestas da cortina, mas não faz muita diferença.

O peso no meu peito continua o mesmo, Desde ontem que Helena e Pereira brigaram, minha irmã não é mais a mesma, E eu também não.

Eu tentei aconselhar ela da melhor forma possível, Disse para ela pensar bem, para ter calma, Mas ela estava decidida a não ir atrás, magoada, e eu respeitei.

Só que, no fundo, eu sabia… Sabia que, por mais que ela tentasse negar, o coração dela ainda pertencia a ele.

Levanto da cama e vou até o banheiro, encaro meu reflexo, Meu rosto carrega sinais de cansaço, mas eu tenho que seguir.

Me arrumo para o trabalho, tentando ignorar a angústia que me acompanha há semanas, Quando estou pronta, saio do quarto e vejo Helena ainda deitada, virada para a parede.

Érica: Bom dia, Lelê… Como você tá? — digo baixinho.

Ela apenas murmura algo incompreensível, Sei que está difícil para ela, mas também não posso simplesmente largar tudo.

Érica: Vem, vou te acompanhar até a escola.

Hellena: Posso faltar hoje? — Os olhos vermelhos.

Érica: Lena, Desculpa, Mas não, não é assim que toda essa dor vai passar, você tem que reagir, nem que seja um pouquinho. — Ela suspira concordando.

Ela se levanta devagar, sem muita vontade, e começa a se arrumar, O silêncio dela fala muito mais do que qualquer palavra, Quando descemos juntas, um vento gelado corta a rua.

No caminho, encontramos Mayara, Mas algo está errado, A expressão dela está pesada, como se carregasse uma notícia ruim, E, pelo olhar que ela lança para Helena, meu coração já sabe que vem bomba.

Érica: Bom Dia May? Está tudo bem? — pergunto, sentindo a tensão no ar.

Mayara: Bom Dia Amiga, Tudo merda, nada bom aqui no morro, Na verdade desde ontem.

Érica: O que aconteceu? — Sinto que vem bomba aí.

Mayara hesita, olha para baixo e depois encara Helena com olhos cheios de pena.

Mayara: O Pereira… — ela engole seco. — Ele foi preso.

O mundo parece parar por um instante, O ar some, e o corpo de Helena enrijece ao meu lado.

Hellena: O quê?! — Helena grita, os olhos arregalados.

Érica: Como foi isso? — Já sinto o nervosismo.

Mayara: Ontem… Parece que ele tava de cabeça quente e ele e PH foram buscar um carregamento, A polícia apareceu, PH conseguiu fugir. — Fez aspas com a mão. — mas o Pereira… — Mayara desvia o olhar. — Ele tomou um tiro na perna.

Helena leva as mãos ao rosto, começando a hiperventilar.

Hellena: Não… não pode ser… Quando? Onde? Como?!

Mayara: Ontem à noite — Mayara repete. — PH me contou hoje de manhã, Ele viu quando os policiais levaram Pereira.

Helena começa a chorar descontroladamente, o corpo tremendo, Meu instinto é querer abraçá-la, mas o relógio no meu pulso me lembra que tenho responsabilidades, Sinto um nó na garganta ao perceber que não posso ficar com ela.

Érica: Lena… Eu queria muito ficar aqui, mas eu não posso faltar ao trabalho.

Ela nem me ouve, perdida no próprio desespero, Então Mayara segura o braço dela e olha para mim.

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