Sob O Morro

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HELLENA: 🌼

Eu não sei o que fazer, Não sei o que pensar, Não sei o que sentir.

Desde que soube que Pereira foi preso, minha mente não teve um segundo de paz, É como se tudo estivesse desmoronando ao meu redor, e eu não consegui encontrar um único lugar seguro para me segurar.

Estou sentada na cama, abraçando meus joelhos, encarando o nada, O quarto está escuro, e a única coisa que ilumina o espaço é a luz do dia lá fora, Mas eu não ligo, Não ligo para nada.

Minha garganta ainda dói de tanto chorar, Meus olhos ardem, Meu peito parece que vai explodir.

Eu devia ter feito algo, Devia ter ficado com ele e não ido embora, Devia ter ficado do lado dele.

"Vai dar tudo certo" Foi isso que Érica me disse antes de sair para o trabalho, Mas por que, então, tudo parece tão errado?

Fecho os olhos e me jogo para trás, encarando o teto, As imagens do que pode ter acontecido passam na minha cabeça como um filme de terror.

Pereira, caído no chão.
O sangue manchando a roupa.
Os policiais algemando ele enquanto ele tenta lutar.
Os gritos.
Os olhos dele me procurando, mesmo sabendo que eu não estava lá.

Engulo em seco e pego o celular com as mãos trêmulas, Abro a conversa com Mayara.

— Maya, tem alguma notícia dele? Sabe onde ele tá?
A resposta vem rápido.
Maya: Sim, ele tá bem, O advogado vai lá amanhã, E eu perguntei pro PH, ele me disse que está na delegacia, não foi mandado para penitenciária ainda, Mas você sabe Lena, você não vai poder ir ver ele.

Meu coração acelera, Eu queria, Eu precisava vê-lo, Mas então me lembro Eu não posso.

Sou só uma menina de 15 anos, Nem deixariam eu entrar sem um responsável.

A frustração sobe pelo meu corpo como uma onda sufocante, Eu me sinto impotente, Completamente presa.

Aperto o celular com força, sentindo a raiva crescer dentro de mim.

Por que tudo tem que ser assim?

Eu queria gritar, Queria correr até ele, Queria fazer alguma coisa, qualquer coisa, Mas tudo o que posso fazer é ficar aqui, chorando, esperando notícias que talvez nem cheguem.

E, no fim, é isso que mais dói

O tempo passa, mas eu nem percebo, Não sei se estou acordada ou sonhando, porque minha cabeça está um caos, Mas então ouço a porta se abrir devagar, e sinto um toque leve no meu cabelo.

Abro os olhos devagar, Érica está sentada na beira da minha cama, me olhando com aquele olhar preocupado que ela sempre tem quando algo me machuca.

Érica: Você não dormiu direito, né? — ela murmura, passando os dedos pelo meu cabelo.

Eu não respondo, Apenas me sento devagar, sentindo meu corpo pesar como se eu tivesse corrido quilômetros sem parar.

Érica suspira e segura minha mão.

Érica: Eu sei que dói, Lena… e como está doendo também, Mas você precisa ser forte.

Minhas lágrimas voltam antes mesmo que eu perceba.

Hellena: Eu… eu me arrependi de tudo, Érica, eu sou idiota demais, Imatura, Tudo! Me arrependo de cada coisa que eu falei pra ele, Eu… — minha voz falha, e eu cubro o rosto com as mãos.

Érica me puxa para um abraço apertado.

Érica: Eu sei, Mas não fica dizendo essas coisas, surtar por causa de namoro é normal, é como eu disse, escolha suas brigas, mas não se culpe tanto...