ÉRICA: 🤍
O dia foi longo.
Minha cabeça ainda martelava as palavras de Álvaro, quando entrei no Uber, Trabalhar como secretária naquela empresa significava lidar com problemas que nem eram meus, mas que acabavam caindo sobre mim, Telefone tocando sem parar, reuniões intermináveis, papelada acumulada…
E claro, o Álvaro dando ordens como se eu fosse um robô programado para obedecer sem pausa, parece que depois do restaurante, Álvaro jogou um peso em cima de mim.
Suspirei, recostando a cabeça no banco do carro.
X: Cansativo hoje? — o motorista perguntou, percebendo meu suspiro.
Érica: Como sempre. — Cruzei os braços. — Mas nada que um banho e comida não resolvam. — Ele deu uma risada concordando.
O carro seguiu em silêncio até o pé do morro, Assim que parou, agradeci e saí, ajeitando a bolsa no ombro, Os meninos que ficavam na contenção estavam lá, como sempre.
Érica: Boa noite, Meninos.
D7: Boa, Érica. — D7 respondeu, enquanto outro apenas acenava com a cabeça. — Trampo foi cansativo né? — assenti, minha cara entregava.
Érica: Quando que não é D7, quem me dera que fosse fácil. — Ele riu.
Subi a ladeira sem pressa, O morro nunca dormia.
No caminho, parei no mercadinho, O estômago roncava, e eu não tinha me preocupado em preparar nada porque Helena estava na casa de Pereira.
Peguei um miojo, um pacote de biscoito e uma lata de refrigerante, Não era a melhor das refeições, mas eu precisava de algo rápido, Paguei e continuei subindo.
O vento quente da noite carregava um cheiro forte no ar, Maconha, Fiz cara feia, odeio esse cheiro forte.
Olhei para frente e vi Biro encostado num muro, tragando com calma, como se o mundo ao redor não existisse, Ele parecia distante, preso em algum pensamento que o consumia.
Me aproximei sem pressa, observando-o.
Érica: E aí, não cansa de fumar essa merda? — Me encostei do seu lado.
Ele virou o rosto lentamente, soltando a fumaça pelo canto da boca, Um sorriso torto apareceu em seu rosto, mas não era um sorriso de diversão, Era cansaço disfarçado de ironia.
Biro: Depois do que eu soube hoje… — Ele girou o beck entre os dedos. — Essa porra aqui é o único alívio. — Rir curto.
Érica: Página de fofoca, né? — Biro riu pelo nariz, um riso seco e sem humor.
Biro: Adivinha só, Ariane engravidou, abortou, e nunca me contou, E só fui descobrir agora, pela porra da internet.
Fiquei em silêncio por um instante, escolhendo bem as palavras, Biro não era um cara que demonstrava fraqueza, e qualquer passo em falso poderia fazer ele se fechar.
Érica: Nossa, Foda, né? — falei por fim.
Ele virou o rosto devagar para mim, os olhos semicerrados.
Biro: Esperava mais de você pô, É só isso que você tem pra dizer?
Érica: O que você quer que eu diga? Que foi errado? Que foi certo? Que você deveria estar puto? Aí Biro, não fode, Você já sabe de tudo isso.
Ele tragou de novo, soltando a fumaça devagar, como se deixasse os pensamentos se dissiparem junto.
Biro: Você acha que ela fez por quê?

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Sob O Morro
Fiksi Penggemar📍Rio de janeiro, Rocinha +18 Eu não sonhei em ser dono de morro, só fui vivendo, Quando vi, já tava com fuzil no ombro, nome na boca da polícia e respeito na quebrada, Aqui, quem anda devagar vira alvo, quem ama demais vira fraqueza... mas mesmo no...