ÉRICA: 🤍
Uma Semana DepoisAntes:
Biro: É sério isso, Érica? Sério que cê foi me desmoralizar na frente do cara? — a voz dele vinha alta, mas tremendo, Biro tremia, Raiva pura, misturada com decepção.
Érica: Desmoralizar? Eu tava tentando impedir que você fizesse merda! — rebati, o coração ainda acelerado pela confusão.
Biro: Merda, Érica? Não fode! Ele foi um Cuzão! Com você, com a Hellena, com a minha irmã! E você ainda quis dar uma de heroína? Achei que você ia tá comigo nessa! — Te encarei sem entender.
Érica: Eu tô com você! Sempre estive! Mas isso não é resolver as coisas, Biro! É cair no jogo dele! — minha voz falhou no fim, Eu também tava com raiva, Raiva por ele não enxergar que eu só queria evitar o pior.
Biro: Você fala isso porque nunca precisou se impor num mundo onde se tu abaixa a cabeça, cê vira piada! Eu não vou ser piada, Érica, Não com esses caras, Não com o tipo do Mancha, Se liga Érica, ninguém cresceu como você. — ele falava cuspindo cada palavra, o maxilar travado.
Érica: E vai ser o quê então? Preso de novo? Morto? É isso que cê quer? — gritei, os olhos já marejando. — Porque se você quiser se matar, tudo bem! Mas não me arrasta com você! — Silêncio, Por alguns segundos, o mundo pareceu travar entre a gente, O olhar dele era gelo, ferido, mas ainda queimava.
Biro: Cê já escolheu teu lado, né? — Disse no seco.
Érica: Eu só queria paz... pela primeira vez, eu só queria viver tranquila com você e com o Isaac... — minha voz saiu baixa, e a menção ao nosso filho quase me desmontou.
Biro: Paz? Paz não existe pra gente, Érica, Não no lugar onde eu nasci, Se liga. — ele respondeu, seco. — E se cê não entende isso, então não tem mais o que conversar.
— Ele virou as costas, E eu deixei, Nem pedi pra ele ficar, Porque no fundo eu sabia que ele ia mesmo.[...]
Agora:
Fazia uma semana que a gente tinha voltado de Angra, Uma semana que o Biro não me ligava, não mandava mensagem, não aparecia, Uma semana desde aquela briga que ficou engasgada, onde ele virou as costas como se fosse fácil deixar tudo pra trás, inclusive eu.
O silêncio dele me feria mais do que qualquer grito, E por mais que eu tentasse bancar a forte, eu sentia falta, Falta do jeito bruto e doce dele, Da forma como ele pegou o Isaac no colo como se tivesse sido feito pra aquilo, De como ele dizia "relaxa, Venture, o mundo lá fora é feio, mas aqui dentro a gente tá vivo", Mas não tava mais, Não do mesmo jeito.
Agora era só eu, Isaac e os choros da madrugada, A Rocinha parecia ainda mais apertada, como se tudo tivesse voltado ao normal, menos meu coração.
[...]
Acordei com Isaac resmungando, Peguei ele no colo e fui direto pra cozinha, fazendo malabarismo entre mamadeira e o café que nunca tomava quente, Uns vinte minutos depois, ouvi batidas na porta.
Meus tios disseram que vem pra cá hoje, queriam conhecer o Isaac o mais rápido possível e claro que eu deixei, estava morrendo de saudades deles, eles quase nunca vem aqui.
Cecília: Abre, Érica, sou eu, Cecília! — a voz da minha tia veio animada, como sempre.
Abri e, junto com ela, O Tio Bruno, a cara igualzinha, não mudou nada nesses tempos, tá mais gato, isso ele tá.
Érica: Oi Tia. — Abracei ela. — Oi Tio. — Abracei ele.
Cecília: Olha ele, tia! Grandão já! Nem parece que nasceu faz alguns dias. — Tia Cecília pegou Isaac no colo e beijou o rosto dele com carinho. — A cara da mãe, Mas esse biquinho... Hum, é do Biro, não adianta negar! — Sorri de canto, com aquele nó no peito, Eles sentaram, e Bruno foi direto mexer nas coisinhas do bebê.

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Sob O Morro
Fanfiction📍Rio de janeiro, Rocinha +18 Eu não sonhei em ser dono de morro, só fui vivendo, Quando vi, já tava com fuzil no ombro, nome na boca da polícia e respeito na quebrada, Aqui, quem anda devagar vira alvo, quem ama demais vira fraqueza... mas mesmo no...