4: S-e-b-a-s-t-i-a-n

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Eu lembro, como se tudo tivesse ocorrido semana passada, e apenas agora eu conseguisse, por fim, superar toda a merda

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Eu lembro, como se tudo tivesse ocorrido semana passada, e apenas agora eu conseguisse, por fim, superar toda a merda. O sorriso dissimulado, o cabelo desgrenhado e a postura de alguém que sabe que pode tudo. Sebastian. Dentre todos, o maior imbecil que já namorei.

Eu ainda posso ver as luzes, a música alta, os risos das pessoas um pouco distante. Ele. Eu. Encostados atrás do bar. O primeiro contato entre nós. Foi, primeiramente, o sorriso de Sebastian que me atingiu, com tanta violência que eu poderia ter sido facilmente jogada de um carro em alta velocidade. Seus braços eram repletos de tatuagens. Havia um ar de selvageria nele.

Ah, sem chance. Você definitivamente não tem chances. Foi o primeiro pensamento que assaltou-me quando o loiro desgraçado pôs os olhos escuros sobre mim. Quentes e sedutores. A boca em um meio sorriso travesso pedia — ou talvez implorava — para ser castigada. Quando nossos olhares cruzaram-se eu desviei primeiro. Eu tinha acabado de completar dezoito anos, e era a minha primeira vez num bar. Obra de minhas amigas da época.

Merda, grande merda! Sussurrando para ambos os amigos que estavam ao seu lado, o loiro veio caminhando até mim. Eu realmente vi o mundo girar, tenho certeza. E a gravidade havia sumido. Eu flutuava em torno do meu próprio desespero crescente. A minha boca secava a cada passo que ele dava em minha direção. Tinha como fugir? Tentei encontrar minhas amigas. Ambas na pista de dança. Eu tinha acabado de sair de lá, com as pernas um pouco trêmulas em decorrência do cansaço e querendo muito uma daquelas bebidas que Samantha e Teresa tinham me apresentado.

Sorvei o líquido num só gole, quase tossindo. Mas segurei a tosse enquanto o líquido passeava através da minha garganta, queimando demasiadamente. Ah, merda! Ah, grande merda! Eu deveria correr? Pareceria tão patética. Lancei outra vez meus olhos sobre Samantha e Teresa, que agora me encaravam insinuando. Seus olhos com aquele brilho safado de sempre aprovaram. Elas realmente achavam que aquele cara valia à pena. Podia quase ouvi-las dizer "Que homem." "Não perde tempo" "Se você não quiser, eu quero".

Minha linha de raciocínio foi subitamente cortada quando senti uma figura grande se posicionar na banqueta ao meu lado. Fiquei imóvel. Uma garotinha. Podia ser mais constrangedor? Ele pigarreou, claramente tentando chamar a minha atenção. Tenho certeza de que virei-me para ele em câmera lenta. O loiro, encarando-me preguiçosamente no banquinho, pediu uma dose ao barman antes de falar, com o mesmo sorriso travesso que brincava em seus lábios de antes.

"Oi. Eu te vi na pista…" seus olhos tornaram-se mais selvagens "Você estava muito bem."

Coração acelerado. Mãos suando. Desespero crescente. Passamos a conversar. O loiro me conquistou. Sebastian e eu namoramos por alguns meses. E o que ele deixou em mim, foi o suficiente para que eu sentisse que não poderia ser desejada por mais ninguém. Seus comentários sobre o meu corpo eram os mais cruéis e ardilosos. Ainda tenho problemas em aceitar meus seios. Desde que fomos para a cama pela primeira vez, ele disse-me, com um sorriso zombeteiro, que eu não tinha seios e que eles eram pequenos demais. Acho que esse foi o comentário que mais me machucou, principalmente quando era aquela parte do corpo que sempre me causava desconforto comigo mesma. Passei bastante tempo transando de blusa.

Para Todos Os Meus Ex NamoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora