— Você é ainda menor do que eu me lembrava. — ele sussura em meu ouvido enquanto nos mantemos colados um ao outro, num abraço demorado que denota a saudade que sentimos um do outro.
Eu sorrio, embora a contragosto. Sei que ele está sorrindo também, o balançar de seu corpo vem de encontro ao meu, timidamente, assim como uma dança lenta.
— Você é mesmo um grande imbecil, Caleb. — murmuro de volta.
— E você tem cheiro de flores. — responde ele. — O seu cabelo, na verdade.
— Obrigada. É um shampoo que encontrei esquecido no banheiro do quarto onde estou hospedada. — digo e ele sorri. — Se quiser, pode ficar para você.
Nos afastamos. Sinto que o fogo dá lugar ao gelo. Estar com ele me acalma. Abraçá-lo me deixa confortável.
— Você deveria tocar alto para mim. — digo.
Ele franzi o cenho, sem entender direito.
— Lá embaixo tem um piano, tenho quase certeza. — explico.
Ele fingi pensar, e isso me faz abrir um meio sorriso discreto.
— Vai mesmo me obrigar a fazer isso? — choraminga. — Faz muito tempo que eu não toco nada.
— Você disse que faria qualquer coisa para que eu o perdoasse, não foi? — dou a ele um sorriso convencido.
— Droga! Tem razão. — bufa, mas ainda há um meio sorriso enfeitando seu rosto. – Lembre-me, da próxima vez, de não prometer nada a ninguém, ok?
Apenas ofereço outro meio sorriso em resposta. Nós deixamos o quarto. Do lado de fora, o corredor está vazio e silencioso.
♡♡♡
Próximo ao balcão de entrada, na sala de espera, há um piano enorme. Creio eu que seja para os dias em que alguém se apresenta. Mas, nessa noite, não há ninguém aqui. E tudo está vazio.
Caleb e eu nos aproximamos sorrateiramente.— Será que podemos fazer mesmo isso? — Caleb sussurra próximo a mim.
— Você se importa? — arqueio ambas as sobrancelhas.
Ele balança levemente a cabeça em negativa. Depois, continuamos nosso caminho. Caleb senta-se, eu o sigo logo em seguida, ficando ao seu lado.
— O que quer que eu toque? — pergunta.
— As de sempre. — respondo.
Ele me oferece um sorriso intenso. Então volta-se para as teclas do piano. Seus dedos longos apoiam-se nelas. Caleb dedilha um pouco as teclas, e, quando elas soam altas demais devido ao silêncio intenso do local onde estamos, nós congelamos, esperando que alguém surja e venha até onde estamos.
Quando ninguém aparece, trocamos um olhar cúmplice, seguindo de um sorriso e ele volta a tocar.
Ele erra algumas notas. Isso me faz sorri o deixa levemente desconfortável. Senão, envergonhado, porque sei que meu amigo gosta de ser bom no que faz. Todavia, ele disfarça bem.
— Eu disse que não toco há muito tempo, abelhinha. — ele sussurra e, de todo modo, não sei o motivo pelo qual faz isso. O som das notas ecoando pelo ambiente já nos entrega o suficiente.
— Você esta indo bem. — afirmo. — Continue.
Ele apenas continua a tocar, deixando-me de lado. Eu fecho os olhos, minha mente viajando para lugares distantes.
Posso ver, através da bagunça que é a minha mente, cenários por onde já estive. As festas com meus amigos, o modo como nos tratavamos, os beijos roubados de Scott e a relação que eu possuía, de amizade intensa, com Caleb.
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Para Todos Os Meus Ex Namorados
RomanceBetânia foi traída. Não uma, duas ou três vezes. Mas sim dez vezes. Quando enfim recebe a notícia de que seu ex namorado, Scott Davenport, irá se casar com a sua antiga amiga de faculdade, Miryam, por quem Scott a trocou, Betty tem que tomar uma dec...