11: D-a-n-i-l-o

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ℂ𝔸ℙ𝕀𝕋𝕌𝕃𝕆
𝕆ℕℤ𝔼

Lourenço deixa-me sozinha no quarto espaçoso quando termina o seu banho e veste sua roupa. Ele quase implora para que eu permita que ele permaneça comigo. No entanto, informo a Ren que preciso me manter sozinha. Alheia ao mundo e centrada em meus pensamentos.

Necessito colocar minhas suposições e sentimentos no lugar certo antes que todas as minhas sinapses entrem em colapso. Antes que meu coração se quebre ainda mais e repara-lo se transforme de uma tarefa quase impossível, para irredutível de fato.

Preciso conversar comigo mesma.

Sendo assim, ele respeita a minha decisão. Retorna alguns minutos depois apenas para deixar meu café da manhã. Agradeço, e então estou novamente e completamente sozinha.

Há conforto na solidão, sei disso.

Lembranças dançam em minha mente, fragmentando-se e transformando-se em sequências de imagens. Se me esforçar apenas um pouco, posso quase sentir os dedos de Scott aproximando-se dos meus, devagar. Sua mão caminhando em direção a minha, contudo, pausando antes que houvesse, enfim, a colisão.

Há um emaranhado de linhas ligando cada lembrança, atando-as juntas. Parece que a dor, dessa forma, fica ainda mais concentrada e forte. 

Foi Caleb Hirsch quem nos aproximou e que meio que fez com que acontecessemos. Myriam também conhecia Scott. É claro, porque suas famílias são amigas. No entanto, o moço de cabelo castanho dourado não andava sempre conosco, embora nos esbarrassemos vez em quando.

Talvez se não fosse a ajuda do moreno irritante, é provável que Scott e eu nunca tivesse acontecido. A recordação de seu corpo colado ao meu, seus lábios me reinvidicando e suas mãos explorando meu corpo, agora, me causa dor.

Eu te amo, Betty.

O quê?

Scott sorriu. A voz vacilante. O corpo colado ao meu. Aquela era a primeira vez que ele afirmava tal declaração em voz alta. Pegou-me de surpresa e tudo dentro de mim se acendeu ainda mais, como as luzes intensas de alguma grande e movimentada cidade.

Eu te amo. — sorriu outra vez, seus dedos se perdendo no mar negro que são os meus cabelos. Demoramente, repetiu: — Eu te amo.

Não quero ser fraca. Não desejo que o meu coração acelere e que o meu peito aperte, mas dói como o inferno.

Eu também já disse que te amava, lembra?

Me assusto porque a figura de Sebastian está sentada na ponta de minha cama. O cabelo loiro despenteado e o sorriso largo no rosto. Ele apanha um cigarro, acendendo-o e tragando algumas vezes.

— É diferente! — respondo a contra-gosto.

Por qual motivo seria diferente? — Sebastian franze o cenho, descrente.

— Você não me amava de verdade, Sebastian. — ralho amargamente. — Você era um babaca!

Pode ser… — dá de ombros. Estreita os olhos em minha direção e reduz: — Mas, pelo menos, não fui eu quem a trocou pela melhor amiga.

É verdade!

— Minha nossa! Que merda é essa? — quase grito.

Quem está na minha frente agora é Danilo. Lembranças me atingem. Segundo ano do ensino médio. Danilo D’Avila. Bonito, charmoso, sorriso cafajeste, conversa gostosa. Foi com ele com quem perdi minha virgindade, e Danilo não se importou em espalhar para toda a escola como foi me ter. Para ele, eu era apenas um troféu.

Para Todos Os Meus Ex NamoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora