15: Confissões

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— Não vim para cá apenas para um casamento. — desabafo, obtendo total atenção de Sammuel. — Vim aqui para o casamento do meu ex namorado e da minha melhor amiga da faculdade. Ou ex melhor amiga, na verdade.

Primeiramente, Sammy não diz nada. Ele parece estar tentando absorver o que eu acabei de contar. Seus olhos se arregalam em surpresa crescente. Ele está com a boca lotada de salgadinhos e parece pensar sobre o que acabei de confessar a ele enquanto mastiga rapidamente, rendo a ajuda de sua bebida.

Ao nosso redor, uma música um pouco mais alta reverbera pelo ambiente. Todos parecem entretidos em demasia.

— Você… Espera aí. — ele pensa mais um pouco. Então continua: — Você está me dizendo que veio para cá ver seu ex casar com sua ex melhor amiga? 

As órbitas de Sammy estão ainda mais arregaladas e focadas, dessa vez, em cima de mim. Não sei bem ao certo o real motivo pelo qual relato isso a ele. No entanto, Sammuel se abriu em demasia comigo. E não é algo que eu deseje relatar aos meus amigos. Sobretudo porque não quero que vejam a minha fraqueza e me tratem diferente. Isso me destruiria ainda mais!

Mas com Sammy é diferente. Ele não se importou em me confidenciar seus sentimentos. E mediante as latinhas de cervejas vazias em cima do balcão, meu eu mais alegrinho começou a se perguntar se relatar ao loiro minhas dores não seja mesmo uma ideia de gênio.

Quer dizer, a quem mais eu posso falar? É mais fácil contar a ele — a quem não conheço —, do que a qualquer outra pessoa. E eu quero falar. Por mais que não deseje admitir, eu quero. Provavelmente isso alivie a dor que me assola e aloca tantos sentimentos conflitantes, difusos e desafiadores em meu peito doído.

Vamos lá! Você pode tentar.

Eu dou mais um gole antes de continuar. Até sorrio. Porque é tudo tão engraçado. Scott e Myriam. Scott e eu. Scott, Myriam e eu. Após observar tempo demais Corrie, Caleb e Olly me peguei cogitando a hipótese de que aqueles podíamos ser nós. 

Não ao mesmo tempo. Mas talvez Corrie pudesse fazer o papel ao qual eu naturalmente fui incumbida de realizar. Caleb é o Scott: convencido e prepotente. Obviamente o sorriso do moreno não é como o do loiro. Não como o do meu Scott. Merda! Ele não é mais nada meu. Mas bem. E Olly, a Myriam. Esperando.

Isso me fez abrir um sorriso débil. Eu apoiava as minhas mãos em meu rosto. O ato de fixá-los arduamente chamou a atenção de Sammuel. Não por eu estar observando-os. Mas sim a forma com a qual meu rosto se encontrava: distante, divagando em um mundo que só eu conheço. Onde o cupido, com sua flecha estúpida e afiada me encara em desafio, rindo de mim e pisando na massa que antes era o meu coração. Agora, resumida em uma massa disforme e expeça.

Ah, que merda!

— Sim, Sammy. — confirmo. — Isso mesmo.

— Minha nossa! — Sammy exclama, extremamente surpreso. — Talvez você esteja ainda pior que eu. Sem ofensas, claro.

Apenas sorrio.

— Não é ofensa nenhuma, Sammy. — asseguro. Ponho minhas íris em sua direção. — Acho que ambos estamos ferrados, cada qual do seu jeito.

— Você tem razão, Betty!

Eu volto a concordar. Me sinto estranha. Alegre, mas triste.  Dois sentimentos conflitantes tentando ocupar ao mesmo tempo o mesmo cômodo de uma casa pequena demais. Ambos parecem se encarar. Cada qual encolhido no seu canto, esperando a reação do outro. Mas nunca exercendo a sua própria.

Para Todos Os Meus Ex NamoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora