14: Desamores

562 124 23
                                    

ℂ𝔸ℙ𝕀𝕋𝕌𝕃𝕆
ℚ𝕌𝔸𝕋𝕆ℝℤ𝔼

— Mas e você, o que veio fazer aqui?

Me viro em direção a Sammuel. Ele apanhou outra latinha e dá alguns goles enquanto me observa.

— Vim para um casamento. — digo.

À ideia de conversar sobre o casamento de Scott e Myriam me deixa nervosa. Não é como se fosse o assunto mais interessante do mundo para mim. Não chega nem perto.

— Você está mesmo bem? — Sammy estreita os olhos castanhos para mim.

Eu meneio a cabeça em concordância.

— É. Estou bem. — minto. — Hoje só foi um dia longo.

— Ah, te entendo, Betty. — afirma ele. Dá mais alguns goles em sua bebida.

Então seus olhos deslizam de mim até o trisal conversando a nossa frente. Sammuel põe suas órbitas focadas sobre eles. Não. Sobre eles não. Sobre a garota de sorriso fácil que está flertando com o meu amigo.

— E você, Sammy, esta bem? — artículo.

Estou curiosa. Sou sempre curiosa, na verdade. Por qual motivo ele a encara tanto assim? Provavelmente já tiveram algum lance. Talvez um romance que não durou muito. Uma paixão platônica? Ou algo parecido.

— Estou sim. — ele ri.

Dessa vez, seu sorriso é fraco e contido. Como se o ato de esboçá-lo fosse a ele difícil e doloroso demais. Me encontro ainda mais curiosa. Mas evidentemente não vou forçá-lo a dizer qualquer coisa. Nem o conheço! No entanto, não é necessário que eu faça isso. Vagueando por lugares que apenas Sammuel parece conhecer, ele suspira. Há cansaço em seu rosto e seus ombros se curvam, como se algo muito pesado estivesse apoiado em suas costas.

— Desculpa, é que estou no meio de uma corda bamba. — foca seus olhos sobre mim: — Ou algo do tipo…

Assinto. Encaro-o desafiando-o a continuar.

— Vê aquela moça? — Sammy pergunta. Quando murmurou um "sim" ele prossegue: — Vim aqui só para vê-la. — Sammuel abre outro sorriso. Dessa vez, parece amargo e desgostoso, carregando alguma coisa que me lembra cansaço. — Eu sou mesmo um bobo!

Sammy mantém o sorriso no rosto, balançando a cabeça em negativa. Me compadeço com ele. Está de coração partido? Conheço bem a sensação. Te despedaça inteiro. E o que sobra não aparenta ser o suficiente para te reconstruir.

Há infinitos caquinhos aguardando serem restaurados, colados mais uma vez. Nunca fica igual como antes. A ferida permanece ali. Um lembrete do que você viveu. A cada outra decepção, sendo amorosa ou não, dói um pouco mais. Se curar é difícil.

— Desculpa, Betty, eu não quero chatea-la. — Sammuel se apressa em dizer. — Eu nem a conheço! Não deveria estar falando esse tipo de coisa.

— Tudo bem, Sammy. — asseguro, oferecendo outro sorriso a ele. Com este, procura transpassar a ele conforto. — Sei como é essa sensação. Vocês namoravam? Claro. Se quiser contar.

Sammuel se perde outra vez. Suas íris vasculham mais uma vez a sala. Todos aparentam estar se divertindo. 

— Nós terminamos há pouco tempo. — ele começa. — Somos um grupo muito unido, sabe? Cada qual seguiu seu caminho. Mas todo ano nos juntamos para viajar a algum lugar juntos. É uma boa forma de manter contato.

— Eu sei como é. Nós também seguimos nossos caminhos. Mas essa é a primeira vez que nos todos reencontramos. Faz mais de um ano que não os vejo. — sorrio. — Obvio que senti saudades.

Para Todos Os Meus Ex NamoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora