18: Odeio cigarros, mas seu gosto musical é bom.

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Cansada de ficar de pé, me sento na ponta da cama, dando-me por vencida. Caleb permanece de pé. Sentada, vasculho o local com minhas órbitas sempre cheias de curiosidade. Todas as peças espalhadas pelo ambiente pertencem ao meu amigo.

— Você ainda continua muito desorganizado. — observo.

Caleb dá de ombros, o cigarro nojento pendendo entre os seus dedos.

— Você também era, se não me falha a memória, abelhinha. — ele recorda. — Ainda é?

Sim. Eu sou. Basta adentrar meu apartamento minúsculo para confirmar isso. Não é que eu seja desorganizada. É que mesmo quando tento organizar tudo, ainda assim, tudo parece uma enorme confusão. Uma grande bagunça sem fim.

— Não me chame de abelhinha, já pedi. — resmungo ao invés de respondê-lo.

Caleb ri. Tenho a sensação de que estou mais embriagada que ele. Quero deitar nessa cama, mas então lembro que provavelmente Corrie e Caleb transaram aqui a pouco tempo.

Me levanto. Eu sigo até próximo da sua mala, chutando-a. Me viro para ele e flagro meu amigo mirando-me. Ele parece ser pego de surpresa, o que é estranho. Mas não me importo muito com isso. A música muda. Chet Baker. Me viro em direção a ele imediatamente.

Caleb parece recordar o mesmo que eu. Seu riso e levantar de sobrancelhas o entrega.

— Ah, não, por favor! — Ele finge implorar: — Não me faça tocar mais uma vez a noite inteira a mesma música.

Eu sorrio.

— Você também gosta, admita! — afirmo, acusando-o.

— É verdade. — ele confessa. — Mas com toda certeza não tanto quanto você.

Quase posso visualizar toda a cena. Os pais de Caleb já haviam se retirado, mas nunca se importaram quando ele dirigia-se no meio da noite para dedilhar o piano. Comigo ao seu lado, bebendo garrafas de vinho, foi impossível que ele não tocasse qualquer coisa.

A princípio, porque Caleb sempre quis mostrar o quão bom era no que fazia; não sei se com o objetivo de me irritar ou, quem sabe, era apenas um velho hábito. Sentados lado a lado eu apreciava a música. Os dedos dele trabalhando de forma ágeis.

Em algum momento pedi que ele tocasse algo para mim. Irritei-o o suficiente quando não deixei mais que ele escolhesse o repertório. E apenas quando o sol despontava, sucumbimos ao sono.

— Minha mãe sentiu falta de te ter nos outros feriados conosco. — Caleb diz.

— Eu também sinto falta dela. — digo. — Principalmente da comida... — pisco um dos olhos.

Caleb sorri outra vez.

Eu tiro os meus saltos, porque meus pés doem. Jogo-os ao meu lado.

— Você lembra o quão alegre ela ficou achando que nós dois estávamos juntos? — me lembro de repente. Fito-o sorrindo.

A mãe de Caleb é uma senhora muito bondosa e doce. Quando viu-me pela primeira vez, estranhou bastante, porque segundo ela, o filho nunca trouxera ninguém para casa, a não ser alguns amigos, que como ela mesma afirmara, eram meio bobos demais. Foi engraçado ver meu amigo ficar envergonhado pela primeira vez. Evidentemente a desapontamos, mas ela gostou bastante de nos ter por perto e em todos os outros feriados, sempre obrigava Caleb a me convidar. Nem sempre eu podia aceitar.

— Ah, eu lembro. — ele diz, o cigarro ainda entre os dedos. — Ela disse que era uma pena, porque você era mesmo uma gracinha.

Caleb imita a forma de sua mãe de falar e isso me faz rir. Sinto mesmo falta dela. É uma pessoa adorável.





AVISO:

Olá, tudo bem com vocês?

Estou voltando a postar por aqui.

Espero que tenham gostado do capítulo (foi menor, mas é só uma especie de "olá". Os outros serão maiores.

Agradeço muito estarem aqui.

Beijos,

Para Todos Os Meus Ex NamoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora