10: Corações partidos

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ℂ𝔸ℙ𝕀𝕋𝕌𝕃𝕆
𝔻𝔼ℤ

Corações partidos. Vários deles. Consigo visualizá-los defronte a mim. A mesa é grande, mas a tensão que circunda ela é maior ainda. Você é burra, Betty! Só pode. Não consigo parar de pensar nisso. O que eu tinha na mente quando decidi aceitar jantar com eles?

Ah, é só um jantar, foi o que apontei para mim mesma. Mas eu sei que era apenas o meu orgulho, do tamanho do mundo, ou talvez muito maior do que isso, me dominando. De jeito nenhum esses dois precisam saber que me abalam! Que se fodam, que fodam juntos e que se casam! Inferno!

Foi por isso que aceitei: dominada pela raiva, orgulho e recentimento. Escorrendo desilusão. Um veneno intenso para a minha alma.

Ainda bem que estou bem, levando em conta que escolhi um vestido lilás lindo, meia calça e um sobretudo escuro. Além de brincos delicados e o ondulado do meu cabelo está bem modelado. Bem melhor do que quando encontrei o babaca do Sebastian. É, eu sei bem que nao preciso me provar para ninguém. No entanto, me senrir confiante no momento é importante. Principalmente quando Myriam e Scott estão tão próximos e todas as minhas terminações se agitam enquanto eles sorriem um para o outro.

Que coisa linda! Eu deveria estar chateada, não é? Fervendo assim como a água em ebulição. Mas não. Eu estou triste. Malditos sentimentos incontroláveis! Eu quero chorar, pois percebo, com pesar, que eles formam mesmo um casal perfeito.

Scott Davenport sempre foi bom demais para mim, de qualquer forma.

Desvio os olhos rapidamente. Não quero que meu coração sangre ainda mais. Com mais intensidade. Caleb está sentado ao meu lado. Por motivos de Lorrie induziu Lourenço a sentar ao seu lado, sem dar ao meu amigo qualquer alternativa ou oportunidade para recusar, Caleb ficou ao meu lado.

Ele me cutuca pelo que parece ser a quinta vez. Seus olhos acastanhados pousados em meu rosto.
— Ei. — sussura. — Você ainda está aí?

Me volto em sua direção. Não porque eu deseje de fato conversar com ele. Contudo, a insistência dele passa a me irritar.

— O que você quer? — disparo, rispidamente.

Caleb Hirsch esboça um sorriso que só alcança o canto de seus lábios.

— Ainda bem, achei que algum alienígena tinha te sequestrado e tomado o teu corpo para descobrir os nossos costumes e se infiltrar em nossa sociedade.

— O quê? — fito-o descrente.

Hirsch dá de ombros, despreocupadamente.

— Você não acredita em aliens? 

É claro que acredito, mas o que isso tem haver? Às vezes Caleb consegue realmente ser a pessoa mais aleatória que conheço. Eu me viro para a frente. Instintivamente, minhas órbitas caminham perigosamente para o casal a minha frente. Há uma faca enorme cravada em meu peito, bem onde fica o meu coração.

As famílias Davenport e Snyder estão conversando entre si. Apenas Coy Snyder se mantém alheio. Diante as conversas dos meus amigos, não posso ouvi-los com clareza. Mas dói. Podíamos ser nós dois. Os sorrisos do Sr. e da Sra. Davenport deveriam ser dirigidos a mim.

Não. Não deveriam. Vocês dois não existem mais. Não além das lembranças que te assaltam intensamente.

— Eles são lindos juntos, não são? — Caleb murmura ao meu lado.

Lindos? Sim. Ah, como é terrível concordar com a cobra sussurando para mim. Hirsch é mesmo uma peste quando quer ser. Por qual motivo ele necessita expressar certas opiniões sobre o que vê aí redor no exato momento em que isso me abala?

Para Todos Os Meus Ex NamoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora