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Catherine









Sempre fui classificada como a menina das mãos de anjo por toda a família, por ser a única que tem um talento natural quando se trata de desenhar ou pintar algo que achei lindo ou que alguém possa gostar.

Nunca fui muito afeiçoada com coisas bonitas vistas por aí e colocar em quadros usando crayons em muitos dos meus desenhos, deixando eles mais vivos e realistas. Porém, eu usava cores mais alegres nos anos passados e agora, a maioria das minhas pinturas e desenhos, eu uso cores mais obscuras, desenhos incompreensíveis e deixo o apreciador entender da maneira que quiser.

Algo que vai além da compreensão a olho nu, apenas alguém que entenderá a profundidade dos meus sentimentos consegue ver o quão profundo e obscuro são os desenhos que em pouco tempo, irão ser ilustradas para uma galeria aqui na cidade.

Muitos dos meus desenhos e pinturas estavam guardados no meu estúdio que fica nos fundos da mansão. O lugar é todo de vidro, você pode ver tudo ao redor e apreciar o dia, uma estufa que serve como o meu estúdio para que eu possa pintar a vontade, com várias rosas perfumadas.

O ambiente perfeito que os meus pais acharam ser o melhor para que eu me inspire mais. A minha inspiração, não estava além do que eu sentia, não do que eu via. Tanto que eles contactaram com a tia Melanie, ela conhece muitos artistas e já gerenciou muitos deles em sua galeria e agora quer que eu coloque os meus quadros em um exposição e que possa ser vendido.

A tia Melanie me deu apenas duas condições, um nome para a coleção e que sejam quadros que eu quero que todo o mundo veja e que possa gostar. Não sei que nome darei, mas tenho uma coleção de quadros e que falta apenas mais alguns para completar.

Os meus pais estão ansiosos para esse dia chegar e os meus sentimentos estão abalados e a última tela que colori, foi de mim, a imagem do meu rosto e de como eu via diante do espelho todas as manhas em que acordava e não via além de algo vazio.

Todos em volta da mesa comendo, conversando feliz e até Arthur está todo feliz sorrindo. Ele está descontraído e participa da conversa. Não presto atenção do que eles falam, os meus devaneios estão sem rumo e apenas me sinto perdida, sem saber o que pensar e fico calada.

É sufocante, me sinto como se estivesse me afogando na própria agonia e sem saber como me libertar. É uma prisão invisível que não lembro de como eu fui prendendo em algo sem futuro, sem resposta por tantos anos e aqueles olhos frios, a distância e indiferença, não faz sentido nenhum.

Karen toca em meu ombro sorrindo e a vejo com um copo de sumo na mão e ela me entrega. Respiro fundo e me concentro com o que há na minha frente e vejo que não tinha tomado o sumo e Karen se apercebeu e me serviu, me trazendo de volta para a realidade e sorri agradecida.

— É o primeiro casamento da vossa geração e queremos que seja algo inesquecível. — disse a minha mãe.

— Lionel vai se casar de verdade, achei que fosse pai a solo para sempre. — Allan fala de boca cheia. — Tenho que pensar quem vou levar para o casamento para não ficar sozinho e querer pegar uma das convidadas.

— Como assim, pensar quem você levará? — indago curiosa.

— O Allan conheceu uma menina asiática na exposição robótica e gostou logo dela, fez tantos planos de uma vida com ela, mas ontem, ele conheceu outra menina, ela deve ser croaciana, quando estávamos saindo da casa da mamãe. — Arthur explica delicadamente e todos olhamos para ele atento.

Encaramos Allan de boquiaberto. Ele é um mulherengo e flerta com qualquer mulher que acaba de conhecer e nunca apareceu com uma namorada em casa, o que de facto é estranho, mas já ouvi ele conversando com Arthur que, não leva mulher em casa porque não é algo sério e se for para trazer alguém, deve ser alguém que vale a pena.

Entrelaçados No Passado - No Meio Da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora