28°

1.5K 183 62
                                    

Não seja um leitor fantasma
Vote e comente!











Era apenas uma questão de tempo até toda a bomba estourar. Haviam se passado seis dias desde a noite do noivado e hoje, era o dia do casamento. Antes desse dia acontecer, durante toda a semana, desde o dia posterior da minha rebeldia ao público e os momentos emotivos com o meu irmão, os meus pais sequer tentaram conversar comigo sobre o ocorrido.

A minha mãe apareceu no meu quarto pelo meio da tarde de domingo e parecia feliz, mas preocupada comigo. Eu queria entender o motivo de tanta preocupação e cuidados comigo. Eu sei que sou uma pessoa com deficiência física, mas não sou uma debilitada que não consegue sequer se cuidar sozinha ou tomar decisões por conta própria.

Brittany, minha mãe, evitou responder todas as minhas dúvidas e desviava o assunto a cada instante, apesar de eu não querer mudar o assunto, ela queria saber como eu estava me sentindo em ter um namorado pela primeira vez.

A minha reacção logo foi substituída pela timidez. Nunca conversei com a minha mãe assuntos sobre namoro e a conversa mais próxima que tive com ela sobre o rapaz que gostava quando era uma criança, foi quando não sabia que estava apaixonada por Noah e ele tinha acabado de ir embora.

— Você parece tão radiante. — disse minha mãe, colocando uma mecha do meu cabelo loiro para atrás da orelha.

Estávamos na cama, queria descansar um pouco e fazia poucos minutos que Noah havia saído daqui porque também, seus pais queriam conversar com ele, depois de massagear os meus pés. Fiquei constrangida quando ele fazia movimentos delicados na minha perna e tinha um sorriso tão bonito nos lábios.

Noah gosta de cuidar de mim e não vejo nas feições dele a repulsa de ver a vermelhidão da minha perna sem a prótese. Ele se retirou quando minha mãe apareceu no quarto, pois, era melhor a gente ter uma conversa sozinhas. 

Na manhã, o meu pai sequer olhou para a minha cara e nos evitou durante o café da manhã e no almoço também. Theodore se recusa aceitar que eu tenha um namorado e pior, a pessoa que estranhamente ele detesta. Tudo o que envolvia a posição do meu pai foi evitada descaradamente e via que a minha mãe não queria me contar em momento algum.

— Eu sinto muito, Cathie. — suas feições mudaram para uma tristeza e encaro a minha mãe de olhos arregalados — Eu não me dei conta de como era tão triste. Me convenci de que você ficaria bem depois que Noah foi embora e não prestei a devida atenção.

— Não foi sua culpa mãe. — falo e sorri carinhosa para ela — Eu que não consegui esquecê-lo todo esse tempo.

— E você sofreu por isso. — concluiu.

Nada adiantaria o que falar para a minha mãe não se culpar. Ela tinha razão, eu sofri todo esse tempo todo e dizer que não foi culpa dela, era apenas o meu lado como sua filha tenta amenizar a situação para que a mãe não se sentisse culpada, quando de facto, ela teria notado sendo a minha mãe.

Eu deveria colocar toda a culpa nela, mas eu sei que as mães não são perfeitas e todo aquele conceito de que mães devem saber de tudo o que acontece com os filhos, é tudo mentira. Elas são como a gente, pessoas com suas preocupações e ocupações pessoais e podem não perceber tudo o que acontece com os seus filhos.

No princípio, eu sabia que a minha mãe percebia o quanto a ida de Noah me deixou abalada. Nessa época, ela me abraçou e disse para eu esquecer ele, porque a nossa relação era impossível de acontecer, porque éramos tratados em um meio social como primos, mas não somos de facto família.

— Me desculpa, Cathie!

— É passado, mãe! — disse eu, depois de algum tempo em silêncio. Não quero que tudo que sempre me atormentou seja relembrado a cada instante e não são boas, quero esquecer todo aquele sufoco e as noites que nem pregava o olho. — Não vamos relembrar isso, eu estou bem agora e só preciso do apoio da senhora, já que o meu pai sequer quer olhar para a minha cara.

Entrelaçados No Passado - No Meio Da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora