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Noah











Quando eu era apenas um garoto, sempre desejei ter irmãos porque ficava tempo demais em casa sozinho. Os meus pais, passavam muito tempo trabalhando e apenas tinha Lionel como amigo. Era um menino tímido, mas com ele foi fácil conversar e interagir, sem sentir medo de que faça algo errado ou sem saber o que fazer ou não fazer.

Pedi uma vez para a minha mãe me dar irmãos, mas ela apenas me dizia que não era fácil conseguir ter outro bebé. Eu não entendia direito o significado de suas palavras, mas quando completei doze anos, eu percebi que a minha mãe não poderia ter mais filhos e a minha existência foi sorte, porque foi uma gravidez complicada e por um pouco eu não poderia existir ou morreria antes mesmo de nascer.

Durante o parto, ela teve problemas sérios que a impossibilitou de continuar a ter filhos e eu percebi que não teria irmãos e me tornaria solitário toda a minha vida. No entanto, foi um pensamento quando era criança e quanto mais eu crescia e tinha a minha amizade com os trigémeos, e depois conheci a Catherine e o Allan, tinha mais de um pessoa para conversar, mas apenas com ela, eu não me sentia só em meio de tantas pessoas e que a minha existência era importante para alguém.

A minha mãe, uma psicóloga renomada e uma óptima mãe, não posso reclamar, mas ela nunca notou o quanto eu me sentia sozinho e sempre procurava aconchego em seus braços quando estava em casa.

Pensava que estava com depressão por algum tempo quando fui para a faculdade e não conseguia me enquadrar nos grupos de amigos que fiz depois que fui embora. Procurei por ajuda médica, mas eu não estava com depressão, estava triste e essa tristeza se tornava uma ferida em meu coração o que me deixa com ansiedade extrema e precisava me distrair com outras coisas, porque eu só pensava nela, a cada vinte quatro horas do dia.

Estava obcecado. Tudo estava a flor da minha pele e mesmo não sabendo na época, eu sentia que alguma coisa errada me escapava e tinha a sensação de que nunca mais a voltaria a ver. Ignorei a minha consciência me alertando o que de facto aconteceu, foram anos sem conseguir vê-la.

Me perguntava como algumas pessoas suportam a ausência de alguém que amava com tanta intensidade como eu amo a Catherine. Sentir como se uma parte de si fosse arrancado sem dar chance de impedir, seu coração bater como se quisesse se libertar do seu corpo e cada vez que respirar, sentir o peito doer.

Sinto o meu peito doer a cada respiração e sinto uma mão me tocar quando me viro suspirando. O toque é suave e parece um sonho bem real quando as minhas pálpebras se abrem lentamente e ver os cabelos loiros embaçado a minha visão e respiro fechando os olhos novamente.

— Por favor, não faça isso comigo Cathie! — minha voz rezenta deixa os meus lábios e me encolho, sentindo um frio tremendo.

Não acredito que ela está nos meus sonhos novamente. Me viro sentindo a irritação de olhos fechados tendo a consciência de que até nos meus sonhos, ela não me deixa em paz. Como ela não percebe o quanto me deixa mal, sentir esse desespero, como se estivesse me afogando em mim mesmo?

De repente, sinto o frio apoderar-se do meu corpo e ele reage no momento, sentindo ele trêmulo e me encolho mais ainda. Uma pequeno burburinho se houve e minha consciência parece me alertar de que talvez eu nem esteja mais em um sonho e tento recuperar ela deixando esse peso que o meu corpo sente.

— Ele esta ardendo em febre. — ouço a voz baixa falando muito perto de mim e depois mãos são colocadas bem no meio da minha testa e faço uma careta.

— Eu vou chamar a tia Anne. — uma outra voz surge mais baixa que a outra, mas ela me desperta no exacto momento que vejo ela de pé me olhando.

Entrelaçados No Passado - No Meio Da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora