De Adultos Para adolescentes

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Mais uma noite em claro.

Olhar para o teto do meu quarto se tornou um péssimo exercício, finalmente de folga e eu não consegui pregar os olhos. Um infortúnio.

Quando eu finalmente poderia fugir de toda a tensão e de todo aquele estresse dos dias trabalhados, eu simplesmente não consegui descansar.

O sol já tinha nascido quando me levantei pensando em todos os encontros que já tive e comparando com um único beijo não premeditado.

Não tinha como esquecer, talvez eu nunca mais me esquecesse dele.

E enquanto me arrastava para a cozinha conclui que nenhum deles chegou perto do que o Rokudaime me fez sentir.

Me apoiei no balcão e esperei a vontade de tomar nem que fosse um mísero chá para acalmar minha ansiedade borbulhante, e dali encarar o grande prédio Kage e todo o monumento atrás dele.

Mas nem isso meu corpo queria.

Tudo por culpa dele. Cretino. Me fez passar a noite em claro lembrando de cada segundo do que aconteceu, cada mínima respiração.

Ele deveria estar zombando de mim agora, rindo de toda a situação que eu me colocou, sabendo que agora eu estava em suas mãos, e ele estaria certo.

Tudo me fazia lembrar dele e tudo nele me enlouquecia, mentalmente, fisicamente... eu estava à mercê. Isso já era um fato para mim. Eu teria que pegar meus pequenos cacos assim que ele realmente olhasse para mim, quando percebesse que eu não era nada parecida com as mulheres que ele costuma ter.

Eu não devia me apegar, mas se meu coração nunca me ouviu, porque faria isso agora?

Então comecei a me esquivar e a me recolher, o que não era difícil. Tudo sempre durou muito pouco. Só que dessa vez foi diferente, eu não tive tempo de pensar. Eu não sabia que acabaria pensando demais nele, como poderia? Eu não imaginei nem mesmo que ele sequer olharia para mim, quanto mais se aproximar dessa forma.

Talvez fosse ingênua demais, nem mesmo amigos eu tinha e para mim estava bom. A grande maioria das pessoas eram Shinobis ou faziam parte de alguma coisa que envolvia muito de suas vidas e eu nunca tive o coração forte, suportar a perda de alguém era duro demais. Então me preocupar apenas com meu trabalho era incrível, sem mortes, sem choro, sem dor de qualquer tipo. Pelo menos era assim antes de aceitar aquele cargo.

Decidi por não fazer o chá, meu dia passaria rápido e eu sabia que nada poderia tirar as lembranças da minha cabeça. Então, como uma boa e preguiçosa mulher, passaria o dia comendo alguma besteira do mercado enquanto lia algo da minha estante.

Ótimo plano.

Talvez eu tenha ficado horas olhando para aquela maldita prateleira, pensativa demais para decidir algo, olhando para o refrigerante de cola e uma linda garrafa brilhante de saquê. Era uma dúvida cruel, diga-se de passagem. Eu já sabia o que levaria para casa, mas o simples fato de sentir a dúvida entre um e outro era prazeroso, mesmo sabendo que o saquê venceria.

Engoli a cara de culpada e levei minhas compras até o caixa, o moço piscou para mim quando passou a garrafa brilhosa e sorriu. Ele também sabia que eu não escolheria o maldito refrigerante de cola, eu passava por aquele caixa em todas as minhas folgas. Não me espantaria se um dia ele já estivesse com a minha sacola feita e pronta para pagar.

Corri para casa como eu corria pelos corredores do prédio Kage, em casa eu aproveitaria minha doce folga afogada dentro de um lençol jogada no sofá. Só o fato de não precisar encarar ninguém me trazia felicidade suficiente para não ligar para os programas repetidos que passavam.

Ume - A Paixão de KakashiOnde histórias criam vida. Descubra agora