A Inconsequente Ume

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A reunião já havia começado quando eu cheguei. Os conselheiros estavam possessos debatendo enquanto o próprio Hokage parecia ter a mente dispersa.

— Homura, vamos liberar o acesso apenas de Suna por hora. Não adianta se alterar por não derrubarmos os muros de Konoha! — Tsunade socou a mesa e fez a madeira rachar.

Entrei sorrateiramente para o lado dos assessores, Nara ergueu uma das sobrancelhas para mim e Shizune permaneceu atenta ao humor de Tsunade.

— Do que adianta apenas termos o Kage da areia? Isso é inconsequente Tsunade! Precisamos de maior movimento, Rokudaime não o colocamos em seu posto por capricho! Faça algo!

Apertei a pasta que eu tinha esquecido de deixar com ele na noite anterior e pelo andar da reunião, seria melhor deixar para uma outra hora. O Rokudaime parecia estar a ponto de dar fim na reunião antes mesmo de resolvê-la.

— Fui eu quem liberei apenas Suna, deviam estar mais tranquilos. Já havia avisado a vocês que faria a liberação aos poucos, ainda que mudei de ideia rápido demais sobre Suna.

Eu ainda não tinha força alguma para olhar na direção dele, não só pelos acontecimentos dos ultimos dias, mas por tudo o que acabei lendo. E por isso, meus sonhos foram completamente perturbados.

Talvez eu fosse incapaz de trabalhar com ele de agora em diante.

Envergonhada, constrangida e excitada, foi assim que acordei depois de tantos sonhos que meu cérebro masoquista me obrigou a ter. Claro que foi culpa de horas seguidas lendo aquele livro, mas também, eu não deixaria de dar uma parcela de culpa para o homem que estava sentado na última cadeira.

Mesmo com o clima pesado da reunião, mesmo com os conselheiros possessos de raiva eu podia sentir... sentir a sensação de olhos passeando por mim, examinando cada pedacinho meu, cada detalhe.

Aquela reunião estava acontecendo por pedido dele e ainda assim, ele sequer parecia prestar a atenção no que todos ali debatiam. Em vez disso, ele simplesmente os ignorava e fazia meu rosto queimar.

Irresponsável!

Mas era difícil não querer rir, o modo que os conselheiros ficavam irritados com o desinteresse do Hokage era espetacular.

— Mas é imprudente! — Homura se ergueu e bateu na mesa.

— Basta! — O Hokage interveio novamente e com pouca paciência, se levantou da cadeira. — Se fui colocado como Hokage foi por ter capacidade de cuidar dessa vila, essa é a minha decisão. — A voz séria dele me fez estremecer. — Agora se me derem licença, tenho documentos para revisar que não foram deixados em minha mesa na noite anterior.

Eu travei.

Meu corpo enrijeceu de uma forma que cada uma das minhas articulações começaram a doer e acabei cometendo o pior erro da minha vida olhando em sua direção. Ele estava zombando de mim discretamente, as ônix transmitiam uma brincadeira sorrateira enquanto o rosto me entregava algo sério.

Cretino.

A voz dele indultou por mim me fazendo arrepiar e pontuou o quão encrencada eu estava por não ter deixado o trabalho em sua mesa.

— Rokudaime! — Koharu se impôs e eu aproveitei o momento que ele virou o rosto para olhar na direção da conselheira para encarar meus pés.

Droga...

— Saíam. — Ele disse alto e a sala ficou em silêncio, Koharu juntou as mãos dentro das mangas de seu Kimono e endireitou o corpo. — Eu arcarei com as consequências caso haja alguma, no entanto, essa é a minha decisão e não quero ser contestado sobre isso.

Ume - A Paixão de KakashiOnde histórias criam vida. Descubra agora