Ume - A Paixão de Kakashi

Minha Terrível Saudade

Ventava muito, o céu ainda tinha nuvens quase negras e nada fazia com eu que desviasse os olhos do Mar Negro que Kakashi carregava no rosto. Eu estava estática, sentada no colo dele como se eu fosse uma criança com o rosto quente de tanto chorar. Não me importei com Hyō que estava inconsciente dentro daquele buraco no chão e nem com os gritos que estavam vindo do fundo do campo.

Eu estava presa em um limbo, em olhos negros que esperavam ansiosos uma resposta para uma pergunta tão difícil de responder. Não havia uma palavra diferente da que trepidava e rodopiava na minha mente, um "sim" melodioso e cheio de carinho por aquele que me segurava nos braços; que me salvou de um homem mal.

Kakashi segurava firme as laterais do meu rosto e eu não queria sair daquele momento, ele havia se declarado de uma forma que era impossível de contestar, Kakashi mataria por mim. O suspiro longo tomou o corpo dele e me fez exalar devagar, Kakashi me examinava devagar, cada detalhe do meu rosto, minuciosamente.

Havia alguma palavra que pudesse ser digna daquela pergunta? Nos conhecíamos a pouco mais de um mês, e como eu poderia dizer "sim" a alguém que conhecia a pouco tempo? Mas que eu já amava e não conseguia viver longe? Era fácil, minha língua se preparou para deixar o ar sair com o "sim" que tanto martelava na minha mente.

Um "sim" confuso e cheio de amor por ele, cheio de desejo e vontade de ser feliz. Eu entreabri os lábios e deixei que a inundação que tomava meus olhos transbordassem, uma cachoeira de lágrimas com vários e intermináveis "sim's" para a pergunta tão "corriqueira" do homem que eu amava.

Se respondesse como queria, Kakashi seria "meu amado", "meu homem", "meu noivo" e futuro "marido". Eu vi naquela fração de segundo em que tentava formular a palavra afirmativa, toda a vontade de estar com ele e como poderíamos ser felizes estando juntos.

— Ssss... — Eu consegui apenas sibilar e fui interrompida por uma pequena multidão que tomou o campo de treinamento naquela hora.

— Mas que merda aconteceu aqui!? — Eu fui puxada do colo dele, não queria soltá-lo, tinha medo do que podia acontecer, eu queria e precisava respondê-lo.

— Me solte Guy! — Ele bradou, empurrando o amigo de macacão verde. — Solte-a, Sakura!

Eu não tinha visto quem me puxou, a médica de cabelos rosas me olhava com espanto. Eu seguiu o olhar dela até meu braço, avermelhado, parecia quase queimado, Hyō tinha me machucado com sua força.

— Sensei! O que você fez com ela? — Ela puxou meu braço machucado.

— Me solte! Não foi ele! — Eu me debati e corri para onde Kakashi estava, ele me segurou firme e suspirou. — Foi Hyō, Kakashi me salvou, ele iria me levar daqui.

— Mas que merda, sabia que esse imbecil ia trazer problemas. — Nara bufou, e Kakashi virou os olhos apenas para ver se não havia mais ninguém além deles. — Ele conseguiu despistar os ANBUS.

— Não só despistar como entrar na casa de Ume, quero saber quais os ANBUS que estavam sendo os guardas dela. — Kakashi falou irritado. — Foi uma falha e quero descobrir se foi proposital.

— Kakashi-Sensei! Leve-a para o hospital, eu ficarei em seu lugar sobre a supervisão da Vovó Tsunade. — Naruto surgiu detrás das árvores e seguiu para onde Hyō estava deitado.

Kakashi assentiu e eu não conseguia pensar em nada a não ser na resposta que eu precisava dar, mas estavam ocupados e preocupados demais para que eu conseguisse interromper.

— Antes de ir, quero a certeza de que esse maldito ficará na cela mais escura e úmida da prisão ANBU. Ou eu mesmo o matarei. — Kakashi prometeu e eu senti meu corpo tremer.