Juntando Os Pedaços

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Minha casa tinha se tornado um lugar solitário, depois de tantos dias dormindo acompanhada, estar no meu pequeno quarto no centro da vila parecia ser errado. Meu sofá havia perdido o maravilhoso formato da minha bunda e nada além de um bom tempo sentada ali, traria o conforto e o formato novamente.

Depois de ser pega bisbilhotando onde não devia, eu não tinha mais como me esconder. Fui dominada pela pura e amarga vergonha, isso fez minhas pernas tremerem e meu corpo suar frio. Eu não poderia ser hipócrita e dizer não tinha gostado de ler o que ele escreveu e saber que eu fazia parte disso, mas era tanta coisa pervertida que eu nunca fui acostumada e por causa disso me sentia exposta, eu precisava ir com calma para não surtar.

Minhas pernas eram curtas demais para alcançar o braço do outro lado do sofá, mesmo sendo pequeno e tendo apenas três lugares, ainda assim era grande demais para mim. Deitei logo depois que cheguei em casa e tomei um merecido banho, depois de tudo o que fiz com ele, era necessário.

E fiquei ali deitada com os dedos cruzados acima das costelas, fiquei usando o anelar da outra mão para girar o anel que Kakashi tinha me dado. Ele sempre era carinhoso, compreensivo e um tanto ciumento comigo — tirando a parte da perversão. Ele não queria me deixar ir embora antes de beijá-lo como deveria, ele travou a porta e me prendeu contra ela até que eu cedesse novamente.

Tive que lutar para conseguir me esquivar dele, claro que eu também não queria ir, mas estávamos juntos a poucos dias e menos ainda namorando, eu precisava processar toda a informação que acabei acumulando antes de continuar seguindo.

O silencio do meu apartamento era absoluto, minha respiração era a unica que cortava esse momento de paz. Deixei a casa escura mesmo depois que o sol desceu atrás do monumento, me sentia exausta e talvez eu não desse conta de me manter em pé. Iria tirar esse dia de folga forçado para recobrar um pouco da energia que ele tanto consumiu.

— Eu precisava de uma folga dessas.

A paz sempre durava pouco demais, a voz conhecida de Nara ecoou pelo meu apartamento cortando meu maravilhoso silencio.

Talvez esses Shinobis não  conhecessem a privacidade, ou não sabiam usar uma porta.

— Quem te falou onde fica minha casa? Vocês Shinobis não sabem usar a porra da porta?

— Mulher agressiva, sabe que não pode falar assim comigo, ainda sou seu chefe.

— Dentro do escritório, Shikamaru.

— Tanto faz.

— O que você quer?

— Me diz uma coisa, é sério o seu envolvimento com o Rokudaime?

Uni as sobrancelhas e me arrumei no sofá, ergui a mão para perto do rosto e mostrei o anel que cintilava em meu dedo.

— Quando alguém te da um anel de compromisso quer dizer que sim, não é? — Talvez eu não conseguisse mais segurar o sorriso por causa desse anel.

— Até que enfim, ninguém mais suportava o mal humor dele. — Ele bufou, e se preparou para pular em direção à rua. — E Ume... eu confio minha vida a ele, e a vila também, acredite ele não é igual ao Hyō. Dê uma chance, faz tempo que não a vejo assim e muito menos ele, outra coisa, volte a trabalhar estou exausto.

— Tudo bem...

Eu conhecia Nara desde que comecei a trabalhar no prédio, ele é alguns anos mais novo que eu e sempre foi um tanto mal humorado, me infernizava sempre que podia e constantemente passava seu trabalho para mim por preguiça. Mas também foi ele quem me indicou para subir de cargo e por isso eu também estava onde eu estava, meu trabalho a mais não foi em vão, eu devia muito a ele.

Ume - A Paixão de KakashiOnde histórias criam vida. Descubra agora