☆Nᴀᴛɪᴇsᴇ☆✓ EL ARCO-ÍRIS

17

Natalie levava, naquele momento, sua xícara de chá até os lábios e provava o sabor forte de café recém preparado. Antes disso se permitiu inalar o aroma e soprar vagarosamente o vapor que saía do líquido.

-- Está calma demais. -- Ally disse desconfiada. -- Parece até deslumbrada.

-- Minha melhor amiga está a caminho, claro que estou feliz. -- Natalie disse, colocando a xícara sobre o pires e os colocou na mesa de centro.

-- Não gosta de nossa companhia?
-- Ally fingiu tristeza e Natalie sorriu.

-- Não seja boba, Ally. É só que ela é como uma irmã para mim e gosto de tê-la presente em minha vida.

-- Ela deveria ter vindo antes. Estou ansiosa para conhecê-la. -- Normani disse.

-- Só você. -- Lucy  falou secamente.

-- Ela já deve estar chegando. -- Ally disse, ignorando, como sempre, as malcriações de sua irmã.

-- Eu ainda acho que ela não vem. -- Dinah disse verificando seu relógio de pulso. Era um domingo, então todas ali estavam de folga. Natalie convidou Ariana  para almoçar em sua casa cinco dias após ter visto sua amiga e ela aceitou o convite com gosto, no entanto, Natalie pedira que ela fosse mais cedo para que conversassem e para apresentá-la para suas amigas.

-- É claro que virá. -- Priscilla disse se sentando ao lado de Natalie no sofá.

-- Falando no demônio... -- Lucy  disse, desviando seus olhos de suas unhas ao ouvir o barulho da carroceria parando em frente ao local. A imagem de Ariana fez Natalie sorrir animada. Estava imensamente feliz por Priscilla não fazer ela ter que abrir mão de suas amizades. Se levantou e foi em direção à sua amiga. -- Ela se veste assim? Que horror! -- Lucy  censurou ao ver a amiga de Natalie  vestida em uma roupa humilde.

-- Respeito, Lu. -- Ally pediu censurando-a com veemência e a garota bufou.

-- Gente, quero que conheçam minha melhor amiga, Ariana . -- Natalie disse com o maior dos sorrisos.

-- Um prazer, meninas. -- A garota disse sorrindo despojada, nunca foi do tipo de pessoa tímida. Os olhos de Natalie foram para Lucy , quem se levantou na hora.

-- O prazer é nosso, sente-se, por favor. -- Lucy  disse em um tom extremamente educado e gentil. Natalie olhou surpresa para Lucy ; a garota oferecer seu lugar para alguém era mais do que um milagre.

-- Obrigada. -- Ari  agradeceu. Natalie finalmente entendeu o propósito do ato ao ver Lucy  caminhando e se sentando ao lado de Priscilla, para logo em seguida deitar sua cabeça sobre as pernas da garota.

Natalie odiava o fato de Priscilla nunca dizer não para Lucy . Claro que a moça tampouco pedia beijos ou algo assim, mas mesmo assim, Priscilla permitia Lucy  lhe abraçar do nada, deitar em seu colo, acariciar seus cabelos.

Não é que sentisse ciúmes, mas era sua esposa ali. Não era bom experimentar a sensação de todos estarem te olhando como se você fosse uma corna ciente.

Natalie queria pedir a Priscilla que parasse de deixar que Lucy  fizesse o que lhe desse vontade, contudo não se sentia no direito. Não exercia o papel de esposa, portanto não achava correto cobrar algo de Priscilla. Se sua esposa quisesse ter um caso com Lucy  poderia ela reclamar? Claro que não.

Priscilla havia deixado claro que via Lucy  como irmã, mas e se a carência lhe batesse a porta qualquer dia? Natalie não esperava que Priscilla nunca mais voltasse a beijar alguém, afinal, o casamento delas era uma fachada. Priscilla, em um ato de piedade, lhe salvara das garras de algum tarado por aí, mas deveria ela abrir mão de sua vida assim?

Natalie só queria que uma barreira magnética fosse capaz de mandar Lucy  para o mais longe possível de Priscilla. Que tipo de idiota se insinua para alguém casado? E, pior... na frente de todos.

Lucy. Esse tipo de idiota, pois naquele exato momento a garota brincava com a bainha de sua blusa, deixando sua barriga completamente exposta. A garota tampouco usava sutiã, deixando à mostra o formato dos seios e do bico do mesmo.

Priscilla não se atreveria a olhar, pensou ela, mas quase morreu entalada na própria saliva ao ver os olhos de Priscilla desviarem para a região. Poderia jurar que estava vermelha, mas quem se importava? Priscilla estava olhando para seios alheios.

Os de Lucy .

Na frente de Natalie.

Descaradamente.

-- ...E foi isso, Natalie. -- Ouviu a voz de Ari  e voltou a realidade.

-- Eu?

-- Não ouviu nada do que eu disse, certo? -- A garota perguntou rindo e Natalie assentiu, envergonhada.

-- Desculpe. É que estava pensando... -- Falou caminhando até Priscilla. -- Poderia dar licença, querida? -- Perguntou sorrindo falsamente para Lucy , quem se sentou novamente, mas não deixou lugar para Natalie se sentar no sofá, sorrindo cinicamente.

-- Creio que não cabe. -- Lucy  disse com uma falsa ingenuidade.

-- Não tem problema. Para isso tenho o colo da minha esposa. -- disse se sentando no colo de pescoço da mais velha, pegando a Priscilla, enlaçando seus braços no arota de surpresa. -- Obrigada mesmo assim. -- Deu um sorriso triunfante antes de continuar. -- Como eu dizia... Conversamos horas aquele dia, mas minha esposa nem sequer te deu atenção.

-- Oh, eu entendo totalmente que ela seja uma mulher ocupada. -- Ariana  disse e Natalie negou com a cabeça.

-- De jeito nenhum. -- Falou se inclinando e deixando um beijo no rosto de sua esposa. Priscilla se viu um tanto aturdida ao inalar o cheiro do shampoo de Natalie. O aroma adentrava-lhe as narinas fazendo-a se perguntar como Natalie conseguia ser tão cheirosa.
-- Priscilla é a mulher mais atenciosa que conheço. Faço questão que se conheçam, afinal ela adora dar atenção para as pessoas, não é, amor?

Priscilla engoliu em seco diante do apelido, mas não por alegria, igual deveria ser, e sim por medo. Algo no jeito de Natalie lhe dizia que ela havia feito algo muito, muito errado.

-- Sinto muito, senhorita. No outro dia quis apenas deixar vocês conversarem no sossego do ambiente para colocarem os assuntos em dia. -- Se retratou. -- Minha esposa fala muito bem da senhorita e pensei que deveriam querer matar a saudade. Em momento algum quis parecer desinteressada de conhecer as amizades de minha esposa e perdoe-me se assim fiz parecer.

-- Não tem problema, não há necessidade para desculpar-se. -- Ari  disse e Priscilla  sorriu-lhe, porém, algo na expressão solene de Natalie  lhe dizia que as coisas ainda não estavam bem.