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Aquela madrugada havia sido cálida, com a temperatura amena e agradável, no entanto o friozinho das cinco horas da manhã atingiu o quarto de Priscilla e Natalie, fazendo a mais nova se encolher na cama, já que Priscilla não estava nela. A mais velha a olhou se aninhando em seu próprio corpo e suspirou, ignorando a vontade de abrigá-la em seus braços e voltou ao trabalho. A cada peça colocada dentro da mala preta Priscilla se via mais confusa. Como poderia estar indo contra seu instinto? Natalie parecia tão sincera ao dizer que não havia lhe enganado.

Sentia o efeito do álcool desaparecendo conforme as horas iam passando e por fim colocou a última peça de Natalie na bolsa, fechando o zíper da mesma e voltando a olhar para a menor. Se aproximou da cama e se permitiu admirar a beleza de Natalie sem a presença de nenhuma maquiagem.
O nariz fino combinava com o formato delicado de seu rosto e seus longos cílios. Sua boca rosada era o toque final para aquela vista purificada de uma Natalie ressonando pacificamente, com alguns fios de cabelos jogados sobre seu rosto. Quem a visse assim jamais diria que havia dormido entre soluços de um choro contido, enquanto abraçava sua esposa após uma foda intensa.
Priscilla entortou a boca ao lembrar do que Natalie havia proposto e, apesar de ter aceitado, sabia que não importava o jeito ou as palavras usadas. Com Natalie sempre faria amor; mesmo na agressividade de palavras de baixo calão; mesmo nos apertos intensos e excesso de sensualidade; mesmo preenchida de raiva e de dor; mesmo trepando, ainda assim faziam amor. Porque ela a amava, da forma mais pura e sincera que alguém poderia amar uma pessoa.

A pele bronzeada estava exposta e por isso Priscilla se inclinou, puxando o lençol mais para cima, tratando de cobrir sua esposa vagarosamente para não acordá-la. Suspirou ao lembrar de como havia conquistado Natalie paulatinamente no passado e se questionou o fato de se realmente tinha realizado tal proeza.

Colocou um roupão felpudo no lugar de seu robe, afinal estava friozinho àquela hora da noite, e vestiu suas pantufas, olhando mais uma vez para Priscilla antes de sair do quarto.

Desceu as escadas que davam na cozinha, ouvindo ainda o som da música vinda do salão principal. Àquele horário geralmente só sobrava ali os bêbados deprimidos e Natalie pensou que poderia se encaixar bem nesse termo.
Adentrou a cozinha e dali pôde ouvir o barulho dos grilos que vinha do lado de fora. Sentiu um aperto no coração ao lembrar da risada de Priscilla sempre que comentava sobre como amava tal ruído.
Caminhou até o fogão e tomou um susto ao ouvir a voz conhecida ressoar no lugar.

-- O que faz acordada a essa hora, minha filha? -- Clara perguntou, puxando uma cadeira e se sentando.

-- Apenas... Acho que perdi o sono. -- Priscilla disse sorrindo fraco para sua mãe. As olheiras e os olhos avermelhados fizeram Clara perceber que sua filha havia chorado.

-- O que houve, meu amor? -- Clara perguntou preocupada.

-- Nada, mãe. O que faz aqui a essa hora? -- Perguntou lhe encarando.

-- Eu que limpo a bagunça, se lembra? -- Ela perguntou rindo. -- Agora sente aqui e me conte o porquê de estar parecendo um pedaço de lixo ambulante. -- Priscilla suspirou e caminhou até ela, se sentando ao seu lado.

-- Acho que bebi demais. Vim tomar um pouco de café para ver se me ajuda a recobrar a completa sobriedade. -- Disse sem ânimo evidente.

-- Tudo bem, agora me conte o motivo de ter se embebedado. -- Clara disse segurando uma das mãos de sua filha e começou uma carícia confortante. Sabia que Priscilla não era do tipo que bebia até perder as botas.

-- Natalie nunca me amou de verdade. -- Falou baixinho. -- Mas qual a novidade, não é? Quem amaria? -- Perguntou sentindo um nó se formar em sua garganta.

☆Nᴀᴛɪᴇsᴇ☆✓ EL ARCO-ÍRIS Onde histórias criam vida. Descubra agora