do contrato à condenação

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Adrien e Marinette ficaram perplexos com a proposta de Felix. Ele e Lila estavam sentados nas cadeiras em frente à mesa de Adrien, enquanto o Agreste e a esposa ouviam a novidade.

— E então, Adrien? Vocês viram como a Lila pode ser benéfica à nossa empresa. Ela é uma ótima modelo e, com certeza, teremos lucro com ela. Além de que ela já trabalhou para a versão antiga da Agreste e isso não passará despercebido na imprensa.

— Esse é o problema — disse Marinette, desviando o olhar para a Lila por um curto segundo.

— Por quê? — questionou, a modelo. — Acho que a Mídia veria isso com olhos bons. Vocês mostrarão a todos que superaram o passado.

— Ou que estamos seguindo os passos do Gabriel — a azulada contradisse.

— Ou que estão dando oportunidades, sem olhar a quem — rebateu, a modelo.

— Lila, você sabe que esse não é o nosso maior problema — disse, a mestiça.

— Eu sei que nunca nos damos bem, mas eu sou uma nova pessoa. Na entrada, eu até elogiei o seu corte novo — falou, como se fosse muita coisa. Marinette fez uma careta. — Estamos em tempos diferentes. Podemos consertar nossas desavenças — disse, voltando o olhar para Adrien, no final.

O loiro fitou a esposa, pedinte por uma opinião, nem que fosse com um simples olhar. Ela revirou os olhos e bufou, dando de ombros.

— Sinceramente, se o Felix acha que isso fará bem à empresa, ele tem o direito de te contratar — disse Adrien. — Ele também é dono daqui.

Felix fitou o primo, inexpressivo. Não era exatamente assim que ele pensava que Adrien o considerava. O londrino sempre era deixado de lado, mas todo o trabalho pesado ficava em suas mãos.

— Ótimo! — falou Lila, ajeitando o cabelo. — Onde eu assino?

Adrien puxou uma gaveta na cômoda atrás de si, pegou as folhas de contrato de modelos e colocou na mesa. Ajeitou-as e entregou para Lila. A mulher sorriu, aproximando-se para assinar.

— Você não vai me dar uma caneta? — disse, olhando-o, com um sorriso interesseiro.

O loiro desviou o olhar para a esposa, vendo a expressão impaciente da mesma. Engoliu a seco, antes de pigarrear e voltar a atenção à italiana.

— Você não vai ler primeiro? — indagou, nervoso. Felix sorriu, em completo deboche.

— Eu confio em você — falou, piscando um olho.

— Tá legal! É melhor eu sair daqui.

A mestiça saiu estressada, deixando a porta aberta, depois de passar.

— Com licença — disse Adrien, antes de sair, preocupado.

Lila e Felix os acompanharam com o olhar. Trocaram olhares, antes de rirem juntos.

— Começou bem — falou Felix, pegando uma caneta no bolso do terno.

— E é só o começo. — Pegou a caneta, com um sorriso. Piscou para o loiro, que negou com a cabeça, desviando o olhar.

Adrien bateu na porta entreaberta da sala de Marinette.

— Pode entrar — disse ela, sentando em sua cadeira, enquanto massageava as têmporas.

— Desculpe aquilo na minha sala... — falou, fechando a porta, depois de adentrar o local.

— A culpa não é sua da Lila ser daquele jeito... Ela mentiu. Ela não mudou.

— A mentira é o maior dom dela. Não é? — Sentou em uma das cadeiras de visita.

— Na verdade, eu nem ligo pra ela. Ela ficar dando em cima de você não é a minha maior preocupação...

— Eu sei... — disse, sabendo que ela se referia ao miraculous perdido. — Mas, meu amor, quando a hora chegar, nós estaremos prontos.

— Quanto tempo isso vai durar, Adrien? A nossa vida toda? — questionou, voltando o olhar para a janela atrás de si, vendo a paisagem parisiense de uma manhã normal.

— Não dá para saber. Mas sabe o que vai durar a nossa vida toda? — indagou, levantando da cadeira e indo até a esposa. Ajoelhou-se em frente a ela, segurando suas mãos. — A minha admiração e o meu amor por você.

— Não dá pra saber isso também. Você pode começar a me odiar ou o nosso casamento pode se desmoronar...

— Você sabe que isso nunca vai acontecer. Depois de tantos anos juntos, todos os dias com você me fazem ter mais certeza de que eu quero ficar contigo para o resto da minha vida.

Marinette o olhou um pouco tímida, soltando uma mão para tocar o rosto dele.

— Eu te amo — disse, admirando-o.

— Acho que estou tendo um déjà vu. Poderia jurar que já fizemos isso antes.

— Talvez, no dia em que nos revelamos? — sugeriu, relembrando o momento de um pouco mais de sete anos atrás.

— Já fazem sete anos... Parece que foi ontem.

— Eu também lembro de você me dizer que se declararia pra mim todos os dias, com uma cantada diferente.

— Acho que falhei na minha promessa...

— Não... Você não falhou. Mesmo que não seja com palavras, todos os dias você demonstra de alguma maneira que me ama de verdade. — Sorriu, sincera. — Eu me sinto mal por não externar do mesmo modo que você.

— Nós somos diferentes — falou, levantando. Puxou-a pelas mãos, trazendo-a para perto. — Seu jeito de demonstrar é diferente do meu. Mas é por sermos diferentes, que eu te amo. Eu aprendo com você e vejo outros lados de mundo também. Pode parecer narcisista, mas eu sei que você me ama, porque você demonstra isso todos os dias.

— Como?

— Você se esforça pra fazer todos os nossos dias serem marcantes; Quando eu estou triste, por causa da minha mãe ou do meu pai, você me faz esquecer isso; Você me entende ou tenta me entender, quando pensamos diferente; Você me apoia, me ensina e, principalmente, está ao meu lado pra tudo. Se isso não é amar, eu não sei o que é o amor.

— Eu faço isso tudo, porque eu me importo com você. Eu nem percebo... É natural pra mim.

— É por isso que você é o meu sol. Me ilumina na escuridão, me fazendo iluminar os outros, com o seu brilho. O meu amor por você é reflexo do seu amor por mim. E, mesmo que você não me amasse mais, eu te amaria, simplesmente, por você ser você.— Desviou olhar para a boca dela, enquanto acariciava o queixo da mesma.

Marinette sorriu, olhando-o nos olhos. Eles aproximaram os rostos, unindo os lábios em um beijo calmo e reconfortante. Naquele momento, a mestiça até esqueceu todos os problemas que a cercavam. Tudo o que importava era o calor, compartilhado pelos dois. Abraçaram-se, durante o processo. Acariciaram suas costas, enquanto colavam seus corpos, em uma necessidade de contato.

Quando faltou o ar, eles separaram o beijo e continuaram apenas no abraço. Ela encostou a cabeça no ombro dele e ele apoiou o rosto na curva do pescoço dela, sentindo o perfume doce da mestiça. Seus corpos unidos balançavam lentamente, como se dançassem uma melodia harmoniosa, durante o abraço.

Ouviram três batidas na porta e se separaram. Marinette concedeu a entrada e viram Lila aparecer ali. Adrien pressionou os olhos.

— Pelo menos, ela bateu na porta — murmurou, Marinette. Adrien riu baixinho.

— Eu vim trazer o contrato assinado — disse, aproximando-se para entregar as folhas.

Adrien pegou os papéis, com um sorriso, educado.

— Bem vinda à empresa — falou, dando de ombros.

— Obrigada, Adrien! — Sorriu para ele e olhou com deboche para Marinette, antes de sair, rebolando, da sala.

— Eu mereço... — Suspirou, sentando na cadeira.

— Não... Você não merece... — disse Adrien, olhando para a esposa. — Ninguém merece...

— Eu tenho a impressão de que vem muita coisa por aí... — falou, olhando o marido.

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