Capítulo 8: Continuação

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Algumas tardes de sábado foram utilizadas para os "atletas" da empresa treinarem para o campeonato do fim do ano. Para dar um time completo, outros rapazes do prédio se juntaram a eles. Álvaro estava animado para a festa.

Depois daquela ligação, ele estava me tratando da mesma forma de antes, mas eu não conseguia fazer o mesmo, por isso ficava um clima estranho entre nós. Era como nos primeiros dias quando desviávamos o olhar mesmo quando nos encontrávamos por acidente. A vantagem é que (aparentemente) ninguém dali sabia que a gente tinha ficado. Se soubessem, poderiam espalhar conversas e piorar ainda mais o incômodo.

— Vá ver o nosso treino amanhã — disse Petrus, animado como sempre. Eu ainda estava amuado.

— Não sei. Eu tenho coisas da faculdade pra fazer.

— Porra, não vai nos dar moral nem uma vez? Você é o único que nunca apareceu lá. Parece que nem está torcendo pela gente.

— Claro que estou torcendo "pela gente". Eu tenho é medo de Álvaro querer me enfiar no time só porque eu sou a "força jovem" da empresa.

Petrus riu alto.

— Não sei por que você tem tanto medo desse cara. Ele é legal.

— Legal, né. Ok, talvez eu apareça por lá. Vai ser que horas?

— Cinco da tarde. Costuma rolar umas cervejas depois. Vamos lá!

— Vamos ver se eu me animo. Se eu não for, boa sorte. Não se machuque porque você tem filho para criar.

Ele bateu na mesa de madeira.

— Sai fora, coisa ruim!

No sábado eu estava entediado, então decidi assistir ao treino dos rapazes. O local onde eles treinavam ficava próximo à minha casa.

Tinha pouca gente no local, a maioria frequentadores de fim de semana que se juntaram para formar o time "adversário" para depois tomarem cerveja juntos. Como eu não tinha costume com lugares do tipo, entrei meio perdido. Procurei pelos conhecidos e os vi num canto do campo se arrumando para começar. De pé próximo ao alambrado, estava o Álvaro e alguns rapazes do armazém assistindo. Eu deveria me juntar a eles.

Eu não sabia que Álvaro estava acompanhando o time de tão perto. Se soubesse, não teria ido lá. Ele poderia interpretar errado. Quando me viu chegar, ele sorriu e acenou, mas eu mantive a distância. Porém, como não participávamos do futebol nem das bebidas, fomos sendo deixados de lado até que acabamos próximos um do outro no alambrado.

— Não achei que você fosse vir — Álvaro comentou olhando para o campo. — Você não gosta de futebol.

— Petrus me intimou. Me acusou de não estar torcendo por eles. Pode deixar que eu não vim aqui atrás de você. Também pensei que você não vinha.

Álvaro riu.

— Sempre petulante, não é?

Dei de ombros.

— Quer sair para comer alguma coisa depois que terminar aqui? — ele perguntou.

A surpresa foi tão grande que até pisquei.

— Como?

— Estou te convidando para comer alguma coisa depois que sair daqui. Não quer ir comigo?

Milhares de respostas passaram pela minha cabeça, mas nenhuma saiu da minha boca. Fiquei travado. Enquanto isso, alguém levou uma garrafa de água para Álvaro, e enquanto ele tomava, eu o olhei. Eu também tinha sede, mas obviamente ninguém levaria água para mim.

Não deixe para amanhã (Amostra de 14 capítulos)Onde histórias criam vida. Descubra agora