Capítulo 17

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Fernando navegava na velocidade máxima que podia, e em exatos 15 minutos eles já estavam no píer da pousada. Vincent tirou a irmã do barco em seus braços, e Aisha ajudou Clair a descer. O garoto brasileiro já tinha ligado pra pousada pedindo ajuda, que se prontificou pra ajudar e contatou a pequena base dos bombeiros militar que existia na vila. Embora na ilha não tivessem veículos, eles tinham sim uma ambulância de emergência que esperava por eles perto do píer quando eles chegaram. Em questão de minutos, Stella já estava na base dos bombeiros recebendo soro antiofídico na veia.

- É bem capaz de ter sido uma jararaca, elas são comuns nessa região - Um dos bombeiros conversava com Fernando em português enquanto Vincent esperava sentado do lado da irmã.

O lugar era pequeno, então não havia sala de espera ou qualquer tipo de luxo. Aisha e Clair sentavam lado a lado, a poucos metros da maca da garota australiana.

- Você tá bem, Stella? - Clair perguntou e a garota fez que sim com a cabeça. O soro já tinha começado a fazer efeito, mas ela ainda ficaria algumas horas em observação.

- Vocês deviam ir pra pousada descansar - Vincent, já mais calmo, disse com a voz suave.

- Não, eu tô bem, não precisa se preocupar.

- Clair, isso aqui ainda vai levar horas. Não foi nem metade do soro ainda, e ela ainda vai ficar em observação. Vai pra pousada, toma um banho, come alguma coisa e depois vocês voltam.

Ela e Aisha se olharam, pensando. Ele sabia que as duas estavam cansadas pela trilha exaustiva e Clair ainda estava com short molhado e cabelo úmido por Stella ter a jogado na água congelante, então um banho quente agora cairia bem.

- Ele tem razão, Clair. Depois a gente volta - A fala de Aisha foi o suficiente pra convencer a garota.

[...]

- Clair, seu telefone tá tocando - Disse Aisha ao bater levemente na porta do banheiro do quarto. Após ficarem o dia todo fora, acompanhados de seus três novos amigos, as garotas decidiram ir pro hotel descansar um pouco.

- Já tô saindo! - Clair correu pra se enrolar na toalha depois de tomar um bom banho quente.

-Ok, no visor tá escrito "Mamis". você vai demorar? devo atender?

- Não precisa - Ela respondeu já abrindo a porta e pegando o celular - Oi mamãezinha linda! Que saudade!

Demorou alguns segundos pra voz responder, o que deixou a garota preocupada.

- Mãe? Tá tudo bem?

- Clair? - A menina gelou ao ouvir a voz totalmente embargada da mãe do outro lado da linha - Filha, você precisa voltar. É a sua vó, ela passou muito mal.

Rose, a mãe de Clair, mal conseguiu terminar a frase pois começou a chorar desesperadamente. A garota cobriu a boca com a mão em choque. Vários cenários dos mais horríveis invadiram a mente da menina e antes mesmo que ela pudesse se dar conta, lágrimas já desciam por suas bochechas. Aisha, do lado dela, observava tudo horrorizada, mas não ousou dizer uma palavra.

- Clair? É o papai. Eu já comprei sua passagem de ônibus até o aeroporto Santos Dumont no Rio e a sua passagem de avião até Floripa. Você precisa se apressar meu amor, o ônibus sai em duas horas.

Aisha teve que apoiar a menina e sentá-la na cama. Ela soluçava de chorar e suas mãos tremiam assim como sua voz.

- Mas o que ela tem, pai? O que aconteceu?

- Ela teve um AVC, filha. A situação dela é bem grave.

[...]

Demorou um bom tempo pra Aisha conseguir acalmar a amiga, que não conseguia parar de chorar. Por fim, Clair teve que se levantar do colo da menina pois ainda tinha que pegar um barco e um uber pra chegar até a rodoviária, e ela não tinha muito tempo sobrando. Juntas, as duas puseram todos os pertences de Clair na mala, e elas saíram. Aisha avisou rapidamente na recepção, mas como elas estavam atrasadas, ela disse que resolveria a parte burocrática quando voltasse. Elas foram até o píer e, por sorte, um barqueiro estava disponível para levá-la até o continente. Não seria uma viagem barata, mas era necessário. Clair se despediu da amiga chorando. Doía saber que sua viagem dos sonhos durou tão pouco, que ela deixaria pessoas que ela amava pra trás e não fazia ideia de quando poderia vê-las novamente. O pensamento de que ela talvez nunca mais veria Vincent a machucava quase tanto quando a notícia da avó.

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