35 - Encurralada

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ALERTA GATILHO NESSE CAP (estupro)


Era só eu e ele agora. Eu me sentia um animal encurralado, tentando procurar um jeito de escapar. Eu não estava dando espaço para o medo. Eu tinha que ganhar tempo, mas Caon não estava disposto a me ouvir.

Ele me olhava como se eu fosse uma presa. Eu não conseguia ler o seu próximo movimento. Manoela encontrava-se caída no chão e por um segundo eu desviei os olhos de Caon e a vi ali caída. Esperava que ela estivesse bem, eu seria a culpada se algo acontecesse.

- Você não quer me fazer mal - eu voltei a olhá-lo - Você não quer estragar a sua vida

- Minha vida já está destruída quando você me abandonou

- Eu não seria uma boa esposa pra você

- Você era a única coisa que eu realmente queria. Eu te aceitei, te perdoei - ele apertava meus braços e eu tentava não me distrair pela dor que ele estava me causando

- Caon você merece alguém muito melhor do que eu

- Eu quero você. Você aceitou se casar comigo! - ele gritava mesmo que seu rosto estivesse próximo ao meu

- Calma Caon, eu estou aqui. Eu vou ficar com você

- Eu não acredito mais em você - ele continuava apertando meus braços. Sua proximidade me incomodava mas eu não deixava transparecer. - Você vem comigo 

Ele puxou meu braço me arrastando escada acima. Eu tropeçava mas ele continuou me arrastando. Finalmente pude ver onde estava, a casa escura pelas cortinas que cobriam cada janela. Era uma casa que me lembrava onde morei, estilo antigo e antiquado. Logo veio em minha mente as lembranças da comunidade. E eu não gostava delas.

- Quero te mostrar uma coisa - ele parecia animado. O humor dele parecia instável e isso me preocupava. Ele estava com raiva 2 minutos atrás e agora parecia feliz. - Esse é o nosso quarto

- Nosso quarto? - o olhei confusa, sem conseguir assimilar o que tinha ouvido

- Eles me ajudaram a arrumar um lugar - ele sorriu como se tudo fosse completamente normal - Nesse tempo eu aluguei essa casa e achei perfeita pra nós dois.

- Eles quem? 

- Todos. A sua família - aquela informação me atingiu. Eu sabia que eles o defendiam mas não imaginei o quão longe era esse apoio - Eles sabem que eu podia te trazer de volta, que eu sou o melhor pra você

- Daniel - Eu estava lidando com um lunático, isso estava claro - Você precisa me libertar, mais cedo ou mais tarde vão nos encontrar

- Não vão - ele retrucou calmo - A única pessoa que sabe onde estamos é a Manu e ela não vai sair daqui

- A polícia logo logo vai saber do meu desaparecimento Caon, eles vão vir atrás da gente. Eles não vão desistir até nos encontrar

- Eles quem? - ele se aproximou - A polícia... ou a Gizelly? - ele falou seu nome com tamanho ódio que me ligou ainda mais um alerta. Ele não pensaria duas vezes em machuca-la.  Me agarrou pelos braços - Você esta pensando nela, não está? - eu neguei com a cabeça - Você não pode pensar nela, não pode! - ele pressionou sua boca contra a minha de uma forma dolorosa e eu senti meu estomago embrulhar - Você precisa de um homem de verdade, eu vou dar o que você precisa

Sua boca foi descendo pelo meu pescoço me fazendo fechar os olhos com força para evitar a sensação de repulsa. Suas mãos passeavam pelo meu corpo me fazendo sentir invadida e suja. Eu não sabia como sair daquela situação, estava paralisada de medo. Medo por mim mesma, medo do que estava por vir. Eu estava entrando em pânico mas eu tinha que fazer alguma coisa. Ele parecia em transe, seu toque cada vez mais agressivo. Eu sabia que ele não iria parar.

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Gizelly POV

Eu olhava a última mensagem da Rafaella

Compra ervilha

Flashback On

- A gente tem que pensar nessas coisas Rafa - eu pressionei minha testa contra a dela, enquanto ela me olhava com a testa franzida

- Eu odeio ter que falar disso - ela tentou se afastar mas eu a abracei pela cintura, a impedindo de se mover

- Vamos só fazer isso como precaução, okay? - ela assentiu e eu peguei o celular da sua mão baixando o aplicativo de GPS - Só vai ser usado em caso de emergencia

- E como você vai saber que é uma emergencia?

- Tem que ter um sinal, uma palavra que só a gente saiba não sei - ela segurou a risada

- Você anda vendo muitos filmes Gi

- É serio - dei um tapa no seu braço - Algo que você não diria

- Hmm - ela pareceu levar minha sugestão a sério, dedicando um tempo para pensar - Ta bom, tem que ser algo que não pareça obvio

- Já sei. A coisa que mais você detesta - ela me olhou esperando uma resposta - Ervilha

- Bleh. Eu estaria louca de querer isso - falou fazendo uma cara de nojo adorável que me fez beijá-la. Deixando aquela conversa inacabada

Flashback off

Eu me encontrava na viatura, o coração mais apertado quando eu vi os pedaços do celular na estrada. Essa era a última localização registrada pelo GPS e agora ficava claro o por que. Eu não deveria ter ligado pra ela. Eu fui burra e agora ela estava em perigo e eu nem sabia por onde procurar.

Eu disse que ia protege-la e nem sei onde ela esta. Os políciais pareciam tão perdidos quanto eu e sugeriram voltar pra casa e esperar ele entrar em contato. Eu sabia que ele nunca entraria. Ele queria Rafaella e não dinheiro. 

A polícia já tinha comunicado a todos da região sobre o desaparecimento de Rafa e Manu. Eu tinha voltado pra casa e pegado o carro de Taís. Dirigia ate onde o celular de Rafa tinha sido jogado, com a esperança de conseguir ter alguma ideia. Que uma pista aparecesse em algum lugar que eu não poderia enxergar mas era inútil.

Já era tarde da noite e minhas mãos pousavam no volante do carro. Meu olhar perdido na estrada depois de dar voltas e voltas pela região. Taís juntamente com a polícia conseguia acesso as cameras de acordo com os locais que Rafa tinha passado. O modelo e a cor do carro foram identificadas mas a placa estava alterada.

As cameras não deram muito mais informações do que isso mas eu me apegava aquela pista. Era a única chance que eu tinha de encontrá-la. Por que iria achá-la ou não se chamava Gizelly Bicalho.

Placa de pare, entrada da cidade Richfield, esquerda, janelas fechadas, casa velha.

Eu recebi essa mensagem e acelerei o quanto podia enquanto ligava para a polícia. Eu não ligava para o fato de estar indo sozinha. A polícia ia demorar, eu tinha que chegar o quanto antes.





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