A Seita

41 - Presente

Gizelly POV

Assim que abri a porta ela me recebeu com um sorriso que logo foi morrendo assim que notou minha expressão. O sorriso logo deu lugar a um cenho franzido.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não

- Gizelly - Ela cruzou os braços me encarando e eu revirei os olhos

- Quem é Bi? - falei finalmente, tentando parecer indiferente mas não estava conseguindo muito.

- Gizelly você tava me escutando atrás da porta? - me olhou incredula 

- Eu não queria interromper sua conversa - não consegui controlar minha ironia, deixei a comida na cozinha e estava procurando os pratos quando ouvi sua voz próxima de mim.

- Bianca é minha melhor amiga - ela nao perdeu a calma e me abraçou pela cintura - Eu vou te contar tudo sobre ela, mas eu acabei me distraindo antes - ela começou a beijar meu pescoço. Rafaella sabia desviar o foco do assunto como ninguém.

- Você disse que a amava - eu não ia ceder assim tão fácil

- Meu Deus como você é ciumenta - ela me virou - Eu a amo como amiga - ela se aproximou do meu ouvido - Não era com ela que eu estava quase transando nesse sofá agora a pouco - ela se aproximou em uma tentativa de me beijar mas eu me esquivei, me afastando dela

- Acho que estamos indo rápido demais - vi um traço de tristeza nos seus olhos mas ela tentou disfarçar em seguida - Temos muito o que conversar

- Tudo bem - ela disse simplesmente, com um pequeno sorriso que tentava maquiar suas emoções mas ela não era muito boa nisso. Em seguida Rafaella pegou os pratos e colocou na mesa. Ficamos em um silêncio constrangedor durante o jantar, comendo em silêncio como duas desconhecidas.

- Essa situação me deixa confusa, Gizelly - respirou fundo antes de continuar - Você quer ou não quer conversar? Não parece que você está muito disposta.

- Acho que você não está em posição de cobrar muita coisa, Rafaella - ela arqueou a sobrancelha, me olhando incrédula.

- Eu acho que você me trata como se eu tivesse cometido um crime, na verdade como se eu já tivesse sido condenada

Eu não ia deixar ela virar o jogo dessa forma. Passei anos sofrendo por ela, a aceitei de volta e fiz de tudo para que ela ficasse bem. Porém ela não pensou duas vezes antes de ir embora mais uma vez. Quem me garantiria que ela não iria embora denovo? Eu não queria arriscar meu coração outra vez. Eu estava cansada de me refazer uma e outra vez. Eu não conseguia evitar o efeito que ela tinha sobre mim mas eu poderia me manter a uma distância segura.

- Voce me abandonou Rafaella, mais de uma vez - dei uma risada irônica - Difícil eu não ter nenhuma magoa de você. Não acha? 

- Eu nao te abandonei Gizelly, eu precisava de ajuda - respirou fundo - Não pense que eu desisti da gente como se isso não fosse nada. Acredite em mim que você não sentiu sozinha, nem sofreu sozinha - ela tentou segurar minha mão mas eu a afastei

- E eu teria ajudado. Mas você me chutou mais uma vez - Eu continuava magoada e muito. Não falar sobre isso me fez pensar que eu havia superado mas na verdade não. Ainda doia lembrar disso. Eu criei barreiras que me tornaram forte pra muita coisa. Me fizeram a profissional que sou hoje mas por quê essas barreiras não funcionavam com ela? O que eu precisava fazer para que ela não me afetasse mais?

- Eu teria te afundado se continuássemos juntas. Eu precisava passar por todo o processo sozinha - ela não me encarava mais - Eu sinto muito por toda a dor que lhe causei, mas eu não poderia fazer de outra maneira. Eu fiz o que eu precisava para sair da prisão que criei para mim mesma.