14 - Reencontro Explosivo

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Quando lidamos com os nossos maiores medos de forma inesperada. Temos a reação mais honesta possível, mas nem sempre ser honesto com os nossos sentimentos é a decisão mais sábia. Estar disposto a ouvir mesmo quando a gente acha que já ouviu tudo pode ser capaz de transformar uma certeza em uma dúvida. Um ponto final em um recomeço. Quando deixamos nossos medos nos dominaram isso pode se transformar em dor. Dor para si mesmo e para quem esta a sua volta.

Não podemos escolher o problema mas somos capazes de decidir como solucioná-lo

Gizelly POV

Havia recebido uma mensagem no meio da madrugada de Marcela dizendo que estava tudo bem. Eu sempre ficava preocupada quando ela e Bianca iam fazer esses resgates. E ela provavelmente sabia que eu tava esperando acordada ate que me avisasse que estava em casa. Marcela comentou que no final eram duas garotas mas que estava tudo bem e estavam dormindo. Eu não perguntei mais detalhes por que iria vê-las hoje de toda forma.

Assim que cheguei avisei a Marcela e ela abriu a porta pra mim.

- Já tava com saudades de você - ela disse antes de me beijar - Você não tinha aula hoje?

- A primeira foi cancelada e eu resolvi passar aqui primeiro, não gostou de me ver? - fiz bico e ela apertou minhs bochechas

- Sabe que sim, deixa de drama - me deu um selinho e entramos, dei dois passos na sala e escutei um grito

Não podia acreditar no que estava vendo. A pré-adolescente que deixei estava ali na minha frente, continuava minúscula mas não era a quase criança de anos atrás. Aquilo inconscientemente trouxe meu proprio passado a tona. Olhar pra ela é olhar pra um passado que eu quero esquecer.

- Manu - ela correu pra me abraçar e eu estava feliz em vê-la apesar de tudo. Era impossivel não lembrar de Rafaella a conexão foi instanea.

- Não acredito que te encontrei denovo - Manu chorava e meu coração ficou cheio de amor por aquela baixinha. Ela sempre foi como uma irmã pra mim e sentia muito não ter dito adeus quando se foi. Não sentia falta de quase nada da antiga vida que tinha, ela era uma exceção. Já era de imaginar que Manu não duraria muito tempo lá.

- Fico feliz que esta aqui - a apertei no meu abraço e senti que alguem me olhava

Na porta da sala estava os olhos verdes que sempre a perseguiam em meus sonhos. Lá estava Rafaella a olhando com a mesma intensidade de anos atras, a intensidade que sempre a confundiu, que fez ela acreditar que Rafa a queria. 

Não podia acreditar que Rafaella havia fugido. A Rafaella que a havia abandonado e tão fiel a seita tinha fugido. E não foi por causa ela, quando ela implorou ela não o fez mas mudou de ideia agora. Não sei por quê mas aquilo trouxe o sentimento de rejeição de volta e eu tinha um pessimo habito, quando estava ferida eu atacava pra ferir mais ainda. E Rafaella Kalimann com certeza deixou cicatrizes suficientes para me marcar pra sempre.

- Isso sim é um surpresa, a perfeita Rafaella Kalimann fugindo da comunidade? - eu forçei uma risada - Isso é realmente chocante - ela deu um passo pra trás mas eu não deixei ela escapar. Precisava continuar

- Gizelly... - ouvi Manoela mas ignorei

- Quer dizer que deixou de ser uma covarde e decidiu fugir? O que foi? Enjoou do seu marido e resolveu jogar fora como fez comigo? - ela me olhava em silêncio, o único traço de emoção aparecia em seus olhos - Não vai falar nada?

- Eu... - sua voz não saiu mais do que um sussurro

- Gizelly para! - Manu interrompeu e Rafaella segurou a sua mão tentando impedi-la de se meter

A SeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora