34 - Armadilha

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Chegueiiii

Apertem os cintos pra esse cap meninas!

Formatura.

Um ciclo estava se fechando e era assustador ter que começar realmente a viver a vida adulta 100%. Gizelly estava assustada, ela não gostava da idéia de mudanças. Já havia tido mudanças o suficiente na sua vida. Dar mais um passo fora da zona de conforto ainda trazia aquele medo enraizado em seu subconsciente, medo esse tão bem alimentado por anos. Mas ela o deu mesmo assim.

Na primeira tentativa,a Gi passou no exame da ordem como Rafaella sempre disse que ela o faria. Mas Gi nunca levou sua opinião muito a sério. Rafa sempre dizia que ela era a melhor em tudo então não valia. Mas tinha acontecido e sua vida como advogada finalmente havia começado.

Rafa estava levando a sério a terapia, finalmente ela conseguiu se abrir completamente com Gizelly sobre isso. Rafa estava assustada e Gi também, mesmo que fingisse o contrário

Rafa tinha muitos demônios que insistiam em devorá-la por dentro ao menor sinal de fraqueza. Ela ainda não era completamente livre e as vezes tinha medo de nunca conseguir ser. Não só pelos seus demônios internos mas pelas pessoas que a assombravam e estavam livres la fora.

Gizelly POV

Medo é aquele sentimento forte que te impede de fazer tantas coisas. Me impede de ser quem você quer, te impede de se permitir. Eu sempre vivi com medo, Rafaella tem o medo dentro de si o tempo inteiro.

Esse medo nos tirou anos de vida e eu não o queria mais. Mas era impossível não sentí-lo quando ainda se tinha Caon por aí. Eu sabia que Rafaella ainda tinha muito medo dele e que ele a encontrasse.

Mais uma noite rafa gritava enquanto dormia, mais uma noite eu a acordava e a abraçava com ela em lágrimas.

- Não tenha medo de abrir os olhos, eu vou sempre estar aqui - ela não respondeu nada, só se aninhou mais fortemente a mim e ficou na mesma posição até voltar a dormir.

POV Manu

Eu amava a faculdade e cinema era algo que definitivamente combinava comigo. Por mais que eu amasse viajar com a Rafa. Sentia que estava construindo minha própria vida e meu ciclo de amizades. Criatividade era algo que era valorizado e eu estava animada.

A relação com minha irmã vinha enfrentando altos e baixos. Eu entendia de onde vinha a superproteção que ela vinha tendo por mim. Essa sempre foi a natureza dela, desde que ela apanhava por mim e fingia que estava tudo bem pra que eu não me preocupasse. Eu sempre a idolatrei e isso não vai mudar. Mas nos quatro anos que ela esteve longe, eu já não a tinha para me proteger e eu aprendi a sobreviver. Foi absolutamente assustador no começo, eu não estava preparada. Eu senti falta dela todos os dias. Acho que depois disso também a entendi mais, já que toda a pressão que ela recebia recaiu em mim.

Agora eu estava tentando me libertar tanto quanto ela, mas ela tinha tanto medo de me soltar quanto eu, no fundo tinha medo de viver por mim mesmo. Mas eu queria tentar, ao menos tentar experimentar o que é ser livre antes de abrir mão dessa oportunidade e tinha valido muito a pena. Muito.

O campus era gigantesco e era um pouco longe da minha casa então eu passava a maior parte do dia nele. Sempre saia tarde e hoje não foi diferente, a noite já começava a dar sinais quando cruzei a saída da universidade. Estava indo ligar pra Rafa quando de costume quando algo me paralizou completamente.

- Entra no carro - ouvi uma voz atras de mim que me deu calafrios

Eu não precisava me virar para saber quem era e ele fez apenas um gesto para sua cintura onde o brilho do metal de sua pistola pode ser visto. Eu congelei por alguns segundos antes de obedece-lo. Não conseguia ter qualquer reação e ele não se comportava de forma racional, balbuciava coisas desconexas e apertava o volante enquanto dirigia. Ele dirigiu por horas e meu telefone começou a tocar insistentemente. O nome de Rafaella apareceu no visor e ele rapidamente tomou o celular da minha mão. Ele atendeu a chamada colocando no viva voz.

- Manoela, onde você está? - sua voz soou estridente

- Oi Rafaella que saudades de ouvir sua voz - Um silêncio se fez do outro lado da linha, a fala de Caon sem resposta - Venha me encontrar, sozinha. Sem truques

- Seu problema é comigo Caon - Rafa finalmente respondeu - A Manoela não deve estar envolvida

- Eu não acredito mais em você, ela é minha garantia

- Eu vou aparecer sozinha, acredite em mim. Me deixa falar com ela

- Você tem 1h pra me esperar no local que vou te enviar. Se você não estiver sozinha eu não vou parar o carro e você já imagina o que vai acontecer.

O carro não parou nem um minuto, cruzando avenidas e lugares que eu nunca fui. Caon estava acelerado, parecendo nervoso. E isso me impedia de dizer qualquer palavra, ele parecia uma bomba prestes a explodir.

Quando finalmente nos aproximamos da saída da cidade, o cabelo loiro de Rafaella chamou a atenção. Ela estava sozinha.

- Entra no carro Rafaella

- Deixa a Manu aqui, seu problema é comigo Caon - ela transparecia calma, mas a forma como apertava uma mão na outra dizia o contrário

- Eu não acredito mais em você

- Eu estou prometendo isso - ela o olhou nos olhos, implorando. Mas isso não o convenceu, nem por um minuto. Ela não conseguiría engana-lo, não dessa vez.

- Sem joguinhos Rafaella. Entra no carro agora - ele não ia ceder, eu sabia disso e ela também. Então ela acabou entrando no carro. Me colocando pro banco de trás. Ele tocou pneu em uma excitação totalmente assustadora. Ele parecia delirar que tinha Rafaella com ele.

Paramos em uma casa em uma cidadezinha e ele nos mandou entrar, Rafa me abraçou assim que pode e o frio do cano da arma que ele carregava pode ser sentido quando ele o encostou em minhas costas.

Era uma casa típica e eu tentei memorizar tudo antes q ele nos empurrasse para o porão fechando a porta atrás de si.

- Você me traiu, eu amo tanto você - o telefone de Rafaella começou a tocar e Caon o tomou assim que viu. Quando viu o nome no visor, eu tive medo. Ele parecia ter perdido o resto de controle que tinha, atirando o telefone na parede o rompendo em pedaços. Rafaella olhou chocada, sua máscara de calma caindo.

- Você nunca mais vai vê-la, Rafaella

- A Manu não tem nada a ver com isso - ele nem a escutava, parecia que delirava em seus próprios pensamentos

- Você ia casar comigo, por que me traiu Rafaella? - ele segurava o rosto dela com força - Por quê? - ele gritava

- Larga ela!

- Caon me escuta - Rafa falava de tom baixo o encarando, seu tom calmo havia voltado - A Manoela só vai atrapalhar nós dois. Deixe ela ir embora

- Eu não vou cair nessa, ela vai me dedurar

- Não vai. Confia em mim, você tem a mim e é só de mim que você precisa

Ele não respondeu nada e apenas sorriu. Se virou para buscar algo no canto do porão e Rafa segurou minha mão, tentando me acalmar e só ai me dei conta que chorava.

- Ela não vai atrapalhar - ele se aproximou de mim e Rafa tentou impedi-lo mas ele a empurrou tao forte que ela foi jogava contra o chão com facilidade.

- Durma Manu, meu assunto eh com a sua irmã agora - ele disse enquanto colocava um pano em meu rosto me fazendo aspirar algo com cheiro forte.

Depois disso não vi mais nada

A SeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora