38 - Reconectar

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O tiro atingiu Rafa e o grito de Manu se fez ouvir. Rafaella por um instante não se deu conta que foi atingida, apenas olhava Caon mirar a arma para sua cabeça e atirar. Acabando com sua própria vida.

Aquela imagem iria assombrar Rafaella de agora em diante, como um último presente que aquele inferno a deixaria.

Manu falava mas ela não respondia parecendo aérea ao que estava acontecendo, em desespero Manu saiu correndo em busca de ajuda e logo o quarto se encheu de policiais. E a sirene alta da ambulância se fez presente, rafa apagou logo em seguida.

Antes de ver Gizelly.

A cena de Rafa no chão em uma poça de sangue também perseguiria Gizelly. Ela estava ali, inconsciente...parecia morta. E o medo de perde-la a assolou. Ela foi com Rafa na ambulância, o hospital ficava distante e parecia ainda mais longe agora. A face agora pálida de rafa a fazia imaginar o pior e ela não parava que gritar pedindo que a salvassem.

Rafa teve que ser operada e a hemorragia interna controlada. Mas isso a levaria a passar um bom tempo no hospital.

- Eu estou aqui. Acabou - foi a primeira coisa que Gizelly disse ao ver Rafa abrir os olhos após a cirurgia. Ela estava dopada demais para falar qualquer coisa, mas estava lá. De olhos abertos e isso era o que importava.

Gi não a abandonou nenhum momento nos dias seguintes. Ela esperava que agora mais do que nunca elas pudessem seguir em frente. Finalmente estarem juntas sem ter medo de um passado que parecia se recusar a deixa-las ir. Mas as coisas não estavam caminhando como o esperado.

Fisicamente Rafaella estava melhorando, o tiro agora era só uma cicatriz que a tinha marcado na barriga. Mas mentalmente o dano parecia bem mais grave.

O fundo, perdida no abismo de si mesma.

Era assim que Rafaella se sentia, não só tinha regredido como afundado completamente. Agora completamente paranoica tudo a deixava a beira de uma crise de pânico. Não se sentia segura em lugar algum, como se sentiria? Ela tinha uma comunidade contra ela e eles podiam encontrá-la.

Barulhos, ela odiava. Tudo a colocava em alerta constante. Isso a tornava alheia a uma conversa mas jamais alheia a movimentação ao redor. Ela estava no ambiente mais ao mesmo tempo não.

A terapia se intensificou... e os remédios também. E por mais que Gizelly fosse seu ponto de luz nisso tudo. Ela sabia que a estava apagando e não o contrário. Podia ver claramente seu rosto cansado e seus olhos ansiosos. Ela vinha tentado trabalhar e estar presente para Rafa mas seu desempenho no trabalho não estava dos melhores e isso a frustrava.

Não era a Gizelly antes dela voltar pra sua vida. E como manter o seu amor por perto se isso significa-se mata-la aos pouquinhos? Eu adiei as respostas por que era egoísta mas aquilo já havia chegado ao fim no dia que Caon a sequestrou.

Gizelly não saiu ilesa daquilo tudo, se sentia culpada por não ter chegado antes. Por não ter impedido o que acontecia. O estado que rafa estava a preocupava mas ao mesmo tempo de forma irracional a irritava. Queria que ela seguisse em frente mas ela parecia parada lá, fazia de tudo para que ela reagisse mas ela continuava apenas uma sombra de si mesma. E aquilo a estava desgastando, aquilo gerava conflitos entre elas.

As duas não tinham uma conversa de fato. Ambas não pareciam 100% confortáveis uma com a outra. O acumulo de palavras não ditas criou um muro entre ambas. Gizelly acreditou que naquele dia as coisas mudariam para melhor. Que aquele era o fim de uma tortura que durava anos mas parecia que Rafaella era só uma sombra de alguém que há muitos anos nem era completa

Depois do trabalho Rafa a esperava em seu apartamento, seus olhos verdes estavam mais angustiados que o normal. Antevendo uma conversa que ambas adiaram

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