A Seita

39 - Aeroporto

Favoritem e comentem meu povo <3

- Posso sentar aqui?

Aqueles olhos sempre me pegavam e sempre me pegariam. Chegava a ser frustrante como os anos passavam e eu continuava presa neles. Ela me sorriu nervosa e pareceu esquecer de me responder por um momento. Balançando a cabeça concordando.

- Oi – ela deu um pequeno sorriso

- Oi Rafaella – acenei para a garçonete antes de voltar a olha-la – O que está fazendo aqui?

- Eu estava aqui a trabalho e queria lhe ver – ela foi direta, não tirando os olhos do meu s

- A que se deve essa mudança de atitude? – Por mais que eu estava feliz em ve-la meu instinto de auto defesa falava mais alto e eu não iria baixar a guarda assim tao fácil. Eu entendia os motivos de ela partir mas nem por isso fazia com que doesse menos. Quantas vezes eu tive que me reconstruir sozinha por culpa dela?

- Por que eu acho que é o momento certo – ela se corrigiu rapidamente em seguida – Pra mim pelo menos

- Mais de dois anos depois? – a garçonete chegou para anotar meu pedido e nos interrompeu, pude observar a mão de Rafaella apertar o guardanapo mas ela não abaixou a cabeça dessa vez – Você acha que as coisas não mudaram desde então? – continuei e um silencio incomodo se formou. Tinha muito o que dizer mas não queria ser a primeira a quebrar aquele silencio. Ela olhava as pessoas passarem pela janela do café mas era bem claro que ela não estava de fato olhando nada. Seu olhar perdido contra a luz que vinha da janela era quase arte. Era impressionante como eu ainda tinha uma queda por ela, até com algo que ela não fazia o menor esforço.

- Você conheceu alguém? – ela voltou a me olhar finalmente

- Eu não prometi te esperar

- Eu sei – ela abaixou a cabeça – Eu sei – repetiu – Eu perguntei por bobeira mesmo, você não precisa responder

A garçonete chegou com os nossos pedidos e aproveitei para tomar o meu café antes de responde-la. Ela não tocou no seu e nem parecia com vontade de faze-lo. Suas mãos seguiam em seu colo .

- Mas eu quero responder – Eu sabia as conclusões que ela estava tirando e permiti isso. Queria ver sua reação. Infantilidade minha mas eu ainda tinha algumas feridas que sangravam de vez em quando com tudo que aconteceu – Inocência e talvez até arrogância sua pensar que você continuaria no meu coração.

- Eu sei, fui boba – se levantou – Não vou mais roubar seu tempo – ela deu um sorriso forcado – Seja feliz – Ela saiu em disparada sem olhar pra trás.

Rafaella POV

Idiota, idiota. Repetia para si mesma, como ela achou que teria alguma chance? Eu não conseguia controlar as lágrimas assim que cheguei no hotel. Eu não me arrependia de ter ficado longe, eu não era uma boa companhia nem pra ela nem para mim mesma e nada de bom sairia disso. Mas no fundo da minha essência infantil eu achei que ela ainda me quisesse.

Por que quando a vi, eu sabia que a queria.

Eu decidi adiantar o voo. Queria ir pra casa e esquecer que tinha feito isso. Eu dizia pra mim mesma como aquilo tinha sido um erro e uma fantasia de adolescente ter ido ate lá. Por que eu não crescia de uma vez? Era óbvio que ainda era uma menina e que andava vendo um monte de comédia romântica. Como uma advogada bem sucedida como a Gizelly ainda ia lembrar dela?

O voo foi marcado para a madrugada. Avisei a manu da mudança do voo e ela não fez muitas perguntas. Já estava desabafando com Bianca que a essa altura já planejava uma noitada assim que eu chegasse. Segundo ela, nada melhor que o álcool pra afogar as magoas. E por mais que ela parecesse uma maluca nas redes sociais, ela foi meu grande apoio em Nova Iorque. Foi a primeira amiga que eu fiz de fato e a que na verdade me ensinou a fazer amigos. Quando cheguei na cidade eu ainda era um bicho medroso e assustado. Não parecia nada simpática mas na verdade eu morria de medo o tempo inteiro. Mas Bianca não estava nem ai e tentou fazer amizade mesmo assim, ela nem precisava disso. Estava cercada de gente mas segundo ela, ia ser minha amiga eu querendo ou não.

Aquele aeroporto estava um caos, eu só coloquei um fone de ouvido e tentei passar o mais desapercebida possível. Coloquei uma música e fechei os olhos mentalizando que o tempo passasse rápido, rápido o suficiente para que eu pudesse fingir que não aconteceu. A fila para entrar na área de embarque estava enorme e uma pessoa tocou meu ombro me fazendo tirar os fones e consequentemente o pouco de paz que eu tinha adquirido.

- Rafaella, você esqueceu de pagar a conta na cafeteria – disse simplesmente, me encarando com os braços cruzados

- O que? – eu a encarei e sai da fila antes que alguém reclamasse, a puxando pelo braço - E você veio até aqui por causa da conta? – eu estava em choque, enquanto Gizelly estava parada na minha frente como se aquela situação toda fizesse total sentido.

- Eu não vejo você por anos e você me faz pagar a conta? – ela parecia se divertir com isso, mas eu já estava frustrada e triste. Só não queria lidar com nada sentimental no momento e abri minha bolsa para pegar o dinheiro mas ela segurou minha mão.

- Você sempre se precipitando heim? – ela sorriu

- Gizelly meu voo é agora, eu já despachei as malas – eu só respondi cansada, nem queria tentar interpretar aquela situação toda. Chega de frustrações e humilhações por hoje. Ela pareceu entender meu humor pois seu sorriso foi se desfazendo lentamente.

- Acho que a gente não terminou de conversar – eu só inspirei fundo e a encarei. Eu tinha muita coisa pra falar mas acho que tinha perdido toda a coragem. Eu ainda precisava processar as coisas e conversar agora não era uma opção agradável aos meus olhos. Mas eu também não queria ser babaca e fugir de novo.

- Tudo bem... – eu olhei pra trás vendo a fila diminuir – Mas eu vou acabar perdendo o voo – mordi o lábio pensando se isso ainda era uma boa ideia. - Acho que nao temos muito tempo para uma conversa.

- Não foge de novo Rafa – ela me encarava mas não insistiu mais, apenas esperou uma resposta e eu sabia tudo que aquela frase implicada.

- Eu não vou – disse firme – Só tem um problema – me aproximei dela - Pelo visto você vai ter que emprestar suas roupas - ela deu uma risada e aquilo me acalmou um pouco. Só um pouco.

- Acho que qualquer roupa minha com certeza vai ficar melhor em você do que em mim – eu não consegui evitar e fiquei vermelha na hora. Sem saber o que aquilo queria dizer? Ela estava flertando comigo?

-------------

Cheguei e nem demorei heim?

Espero que gostem :)