6 - Descobertas?

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Gizelly POV

6 meses depois

Seis meses se passaram, meses inteiros em que as coisas haviam mudado profundamente dentro de mim mas não ao meu redor. O nosso mundo virou mais nosso do que nunca, nada entre nós era possível ser compartilhado. Um segredo que muitas vezes me sufocava mas quando estávamos juntas eu sabia no mesmo segundo que faria tudo outra vez. Quando mais o tempo passava, mais me sentia diferente do mundo em que vivia. Todos sempre falavam de como as pessoas que iam embora eram ovelhas negras. As que se desgarravam do grupo, e eu estava ficando cada vez mais assustada porquê me sentia cada vez mais como elas. Eu não conseguia admitir isso nem para Rafaella, mas eu não queria mais continuar aqui. Deveria me sentir mal por isso? No final talvez eu fosse tão errada como todos me diziam.

Viver algo em que tudo ao redor te diz que é errado era um verdadeiro inferno. Alem dos nossos dilemas internos ainda vivia com o constante medo de ser descoberta. Eu me sentia sufocada cada vez que estávamos em público. Não podia demonstrar nada, falar com ninguém e guardar todas as minhas dúvidas e conflitos para mim mesmo. Eu nunca fui muito boa em guardar coisas, aquilo me adoecia aos poucos. Mas eu sabia que me abrir não era uma possibilidade e eu nunca faria algo que pudesse prejudicar Rafaella. Mesmo sem saber direito o que, eu nunca arriscaria perder a única coisa que me fazia sentir viva. O tempo passava e em um ano nos formaríamos. E ai não poderíamos mais adiar o inevitável.

Eu e Rafa nos encontrávamos sempre que dava. Mas era difícil agir como se nada estivesse acontecendo quando você gosta de alguém ainda mais quando esse alguém era Rafaella. Ela tinha voltado a sorrir e aqueles olhos verdes brilhavam mais do que nunca, eu ficava encantada cada vez que parava para admira-la mas infelizmente não era a única. Cada vez mais a beleza dela se destacava e ela já tinha uma fila de pretendentes. Aquilo me incomodava em uma intensidade que se torna difícil ocultar. O fato dela não para-los ou falar para sua família que não queria se casar me incomodava. E isso não passava desapercebido por ela. Eu sempre fui uma pessoa fácil de ler e ela sempre tentava me fazer esquecer disso, me escrevendo algum bilhete ou me dizendo o quanto eu era especial pra ela. Mas eu me perguntava ate quando?

Nós chegamos a brigar por isso uma vez, nunca brigavamos e eu me arrependi segundos depois que havíamos começado. Ela havia me dito de forma cortante que não havia uma solução pra isso, que rejeitar a todos traria desconfiança pra relação delas. E ela estava ganhando tempo, por que a gente sabia que tudo aquilo tinha os dias contados. Ela começou a chorar logo depois disso e eu também. Ela me implorava por uma solução por que ela sozinha não havia conseguido encontrar mas eu não tinha uma resposta.

Rafaella me observou de longe enquanto conversava com Caon e franziu o cenho. Como se percebendo que algo estava errado comigo. Esse garoto não saia do pé dela e a família o aprovava. Já era o comentário da escola que os dois se casariam quando se formassem e eu ficava enjoada só de pensar naquela possibilidade. Eu não conseguia olhar para os dois juntos e fingir que não me importava.

Eu agi por impulso mais uma vez. Eu sempre perdia minha minha racionalidade quando se tratava dela. 

- Vem comigo - ela assentiu e a puxei pela mão o coração transbordando adrenalina. Entramos no banheiro e me tranquei com ela em uma cabine

- O que você está - Não deixei ela terminar e a beijei. Tinha tanta vontade reprimida que o beijo começou rápido e exigente. Minha língua buscava a dela. Ela apertou minha cintura enquanto eu a prensava encontra a parede. Não havia delicadeza naquele beijo. Eu queria de forma inconsciente me certificar de que ela me queria. Ela não estava me parando pelo contrário, parecia tão fora de controle quanto eu.

- Não gosto de te ver com ele - falei ofegante enquanto mordia seu pescoço

- Você deveria saber o obvio Gizelly - ela segurou meu rosto me fazendo olhá-la - Eu gosto de você. Só de você - E eu voltei a beijá-la. Nossas linguas enroscando uma na outra e meu cabelo sendo puxado por ela. Eu estava totalmente entregue ate que ouvi a porta do banheiro se abrir.

Nos separamos alarmadas e Rafa me olhava assustada. Eu prendi a respiração e fiz sinal de silêncio pra ela. Aqueles segundos se pareceram horas. Quando não ouvimos ninguém, abrimos a porta da cabine devagar. Mas o que encontramos foi um par de olhos conhecidos nos encarando em choque.

- Eu não posso acreditar - sua voz saiu quase como um sussurro antes de sair quase correndo pela porta

- Eu vou resolver - foi tudo que Rafaella disse antes de sair correndo. Eu estava tentando não entrar em pânico mas minha mente já estava pensando em todas as consequências que aquele impulso poderia nos custar. Eu sabia que a minha impulsividade ainda iria ferrar tudo.

Não vi Rafaella na aula e nem o resto do dia. Não tive coragem de ir pra casa dela. Se os meus pais não haviam surtado até o momento é porque talvez as coisas tivessem bem, certo? Era só com isso que podia contar.

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Amores da minha vida!!
Os próximos 3 capítulos são os últimos dessa fase adolescente delas então preparem que a carga emocional vai ser grande.

To muito feliz com os comentários e com o feedback de vocês

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