passado adj.
1. Pretérito; que decorreu; que passou no tempo: momentos passados.
O prato de porcelana repousava em seu colo, a sopa parecia mais fria agora, já que Miriam se recusava insistentemente em comer.— Eu não quero! — Repetiu mais uma vez, sua vez um tanto infantil.
Renan suspirou e deixou o prato de lado, aconchegando-se mais na cama onde sua mãe repousava.
— Você precisa se alimentar, mamãe.Miriam encarava os cantos do quarto, seu distúrbio fazia ela levar a crer estar sendo perseguida. Os cantos a assustavam, alucinação que a qualquer momento algo pularia dos cantos do quarto.
— Eu não posso comer enquanto eles estão tentando me pegar! — Suplicou, seus olhos varrendo o quarto de uma forma estranha.
— Você parou de tomar os remédios de novo? — Encolheu os ombros.Miriam era uma das pacientes que mais davam trabalho, quando se menos esperava ela estava escondendo os remédios dentro do colchão, ou até mesmo fugindo para o refeitório para se esconder.
— Eles me dão sono e eu preciso estar acordada para quando eles virem! — Resmungou, mordendo a ponta de uma mecha de cabelo.
Renan coçou a barba rala e se levantou da cama.
— Você promete que irá tomá-los corretamente se eu mudar sua medicação para uma que não dê sono? — Blefou.— Você faria isso por mim? — Seus olhos se iluminaram, e pela primeira vez naquele dia ela o olhou nos olhos.
Renan sorriu e se ajoelhou ao lado na cama, recebendo um afago em seu cabelo.— Eu prometo que farei isso para você, mamãe. — Sorriu largo, repousando a bochecha no colo da mulher.
— Meu pequeno Renan... — Ela murmurou ainda o acariciando.Eram raros os momentos em que Miriam parecia ter o pingo de consciência. Renan usufruía desses poucos momentos para suprir sua necessidade materna.
Pensava se deveria contar a Manuela sobre Miriam, mas não sabia como a menina iria reagir ao estado de sua mãe. Até mesmo Renan se assustou ao encontrar a mulher daquele jeito.Ninguém sabia ao certo de onde vinha a deficiência da mulher, e nem como ela havia chegado ali. Algumas enfermeiras contavam uma lenda de que ela mesma havia se internado ao perder o marido e os filhos em um acidente.
Mas é claro que ninguém ali sabia que Renan era o filho da moça, era algo que ele não revelava para não correr o risco de ser transferido para outra clínica em outro estado. Não poderia arriscar enquanto seu serviço fosse supervisionado pelo governo.
Ele deixou o quarto, e já era tarde o suficiente para ele se atrasar para o jantar, mas resolveu correr e não decepcionar sua mulher.Estacionou o carro na garagem e trancou o portão da frente, como sempre fazia, checou a correspondência e caminhou pelo jardim bem aparado até a porta.
Manuela estava sentada no último degrau da escada, que dava de frente para a porta de entrada. Já estava ali fazia um bom tempo esperando por seu irmão.Jeni secava as mãos quando abriu a porta para o esposo, sorriu e o beijou nos lábios.
— O jantar já está quase pronto. — Ela anunciou com seu sotaque bem puxado.
— Vou tomar um banho e já desço.
Manuela se levantou em um pulo, esperou Jeni voltar para a cozinha e se agarrou na perna de seu irmão.— Renan! — Ela o chamou.
— Oi, pequena. — Sorriu. — O que foi?
— Eu sei onde a Larissa está!(...)
— Sheperd's Bush! — Ohana exclamou se jogando na cama de sua namorada. — Bom comércio, bons bares, bom lugar para se viver, Lari.
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colors • Ohanitta
Hayran KurguLarissa nasceu sem suas cores. Tudo o que enxergava, literalmente, era apenas o preto e o branco. todos os direitos e créditos: © cannabiscabello