[✔] Manorian - Pós Guerra

Capítulo 15 - Indestrutível

Dorian não teve uma reação imediata.

Ele não disse que amava Manon com a intenção de receber algo de volta. Não falou aquilo que estava o matando por dentro há dias esperando uma resposta. Era Manon. O máximo que ele esperava era um "Sinto muito."

Mas ela disse palavras mais perigosas que qualquer uma de suas adagas, ou dentes ou garras.

Eu também o amo, Dorian.

Foram tantas coisas ao mesmo tempo que o Rei não conseguia assimilar.

Ele dissera a Manon que a amava, e era muito menos do que gostaria de falar. Deuses, ele poderia passar horas contando a ela, beijando seu rosto macio e enrolando os fios brancos do cabelo dela em seus dedos, tudo para contar que a amava.

Ele não sabia quando, só sabia. Talvez fizesse semanas. Ou mês. Ou três meses, um ano; ele não se importava. Se importava apenas com as palavras que Manon acabara de pronunciar.

- É sério? - ele ousou perguntar.

A bruxa estava com os olhos fixos nele, como se tentasse buscar uma resposta em suas expressões.

- Sim. - sussurrou.

Deuses.

Ele se sentiu revigorado. Iluminado internamente. Ergueu levemente seu pescoço para cima, sorrindo como um bobo, e agradecendo aos deuses por aquela benção.

Seu coração batia mais forte do que o normal. Vivo. Ele se sentia vivo.

Mas então ele pegou Manon o observando, nada de emoção naquele rosto. Talvez ela ainda estivesse absorvendo tudo aquilo.

E então um leve levantar dos lábios. Sensual. Limpo.

Dorian a abraçou, e Manon não hesitou ao devolver o abraço. Ela encostou a testa sobre o ombro dele, os braços do rei a envolveram, se encontrando do outro lado de sua cintura. Juntos. Eles estavam juntos em uma cama, abraçados como se fossem um só, dividindo a mesma batida dos corações; a mesma palpitação mesmo sangue, mas de cores diferentes.

- Não esperava que você respondesse nada. - Dorian disse próximo ao ouvido dela. O cabelo de Manon fez cócegas em suas mãos, as pontas brancas fazendo um rastro por toda a extensão da coluna dela.

- Eu sei. - ela respondeu, e se afastou para que pudesse olhar nos olhos dele. O ouro derretido brilhava em suas pupilas, ardente, faminto.

O quanto de si mesma a Rainha tivera que romper para pronunciar aquelas palavras em voz alta?

Tudo, Dorian pensou. Ela renunciara a quase tudo.

Seu povo, sua terra, seu Reino, sua promessa, seu ego, sua natureza...

Nada de amor. Nada de sentimentos. Mas aquilo...

- O que isso muda? - ela perguntou.

Uma sombra passou sobre o rosto dela.

Milhares de coisas, ele quis dizer.

Mas uma resposta mais elaborada era o que ela queria. Manon queria saber o que aconteceria agora. Como ficavam as coisas entre os dois. O casamento. Os Reinos separados.

- Acho que... - ele enrolou uma mecha dos cabelos dela em seu indicador, o brilho lunar naqueles fios implorando para serem tocados. -...o casamento. Não será mais uma simples aliança.

A Rainha engoliu em seco, mas Dorian continuou.

- Os reinos... não sei o que dizer. Acho que... quando casarmos, vamos ter que dar um jeito nisso.

Aquelas palavras o machucaram ao passarem por suas cordas vocais.

Ter deixado o Reino das Bruxas, por mais que fosse temporário, havia matado Manon por dentro. Era uma promessa pela metade, aquilo tudo. E ele se sentia culpado, apesar de a escolha ter sido dela mesma.

Ela não respondeu, e Dorian deixou que o olhar afiado dela se aprofundasse em sua mente e visse em que pensava. No grande problema que teriam.

- Eu o amo. - ela disse mais uma vez, e as palavras, por mais que ainda soassem incomuns ao ouvido dele, não pareciam ser mais estranhas a Manon. - Estou dizendo isso porque é a verdade. Eu o amo, Dorian. Amo quando você é gentil comigo. Quando acreditou em mim mesmo quando eu não acreditava. Quando teve esperança de que eu assumisse tudo que eu sentia, não em relação a você, mas a todos. - Ela levou os dedos frios até o pescoço do Rei, e ele sabia que ela analisava a cicatriz que o colar de wyrd deixara. A Rainha falava com tanta naturalidade que nem parecia ela. Barreiras. Ela quebrara aquelas barreiras. - Amo quando você me toca. Quando me beija. Quando faz amor comigo. Minha vida foi uma poço sem fundo. Perdi as únicas pessoas que se importavam comigo. Me vi sozinha em um meio de luto e dor profunda, e meu ego era grande mais para falar em voz alta. Mas estou dizendo agora. Me sinto sozinha. Sem nada. Ninguém. Eu sei que tenho uma promessa, e não pretendo quebrá-la. Meu Reino está acima de tudo para mim, você sabe. Mas... eu não quero perdê-lo. - Seu lábio inferior tremeu, e Dorian viu uma dúvida em todos os gestos dela. - Você é a única coisa que me resta, Dorian.