Capítulo 18 - Cidade das Bruxas

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Clatch. Clatch. Clatch.

Manon desceu e subiu os braços, os músculos se debatendo com os movimentos rápidos como uma lâmina viva, fluidos como água enquanto se esquivava e avançava para cima do guarda.

Ele era um fracote perto dela.

Sua espada rasgou contra a lâmina do homem, e ele deu um passo em falso para trás pela rapidez do movimento. Subir os pulsos, abaixar os pulsos, arranhar, arranhar, arranhar, arranhar. O guarda tentou avançar pela primeira vez e Manon segurou o pulso dele como se fosse um mísero objeto; e então com um giro simples, ela quase quebrou o braço dele.

Quase.

Ela só o soltou quando ouviu o baque da espada cair no chão e o homem soltou um grunhido de dor.

Misericórdia era necessário, mas ela podia facilmente matá-lo se quisesse.

- Não avance seu pulso quando estiver na defesa. - Ela sugeriu ao guarda, que agora massageava a mão dolorida. - Poderia ter quebrado seu braço.

Ele olhou com os olhos castanhos para Manon e sussurrou um agradecimento e uma reverência antes de se retirar.

Manon suspirou antes de se dirigir até o banco de madeira e beber do cantil de água.

O dia estava quente apesar de o outono estar chegando, e gotículas de suor se formavam na testa dela conforme ela treinava. Porque definitivamente estava ali há bastante tempo. Duas horas talvez. Sua trança estava pregada ao pescoço pela água que escorria, mas ela queria continuar. Lutaria com todos naquele castelo só para ter o prazer de vencer.

- Coitado. - Uma voz doce surgiu do canto de onde bisbilhotava.

Manon riu, tirando o cantil da boca e fechando a tampa.

- Eu poderia ter matado ele, se quisesse.

Petrah se aproximou de Manon com as mãos para trás, quase como se estivesse se sentindo mal por estar assistindo o treino. Mas a Rainha não se importava. Desde que começara, ela já havia notado a presença da Sangue Azul ali.

- Mas você não o matou porque ele é seu guarda.

- E porque tenho muita misericórdia. - Ela completou.

Petrah estava com a trança marrom espichada para trás, mas os fios entrelaçados vinham desde a testa. E ela, como de costume, ainda levava aquela faixa de couro na cabeça.

Um dia Manon perguntaria a Petrah se ela possuía o ferro por trás daquela faixa. As Matriarcas Sangue Azuis, tanto a mãe de Petrah quanto as anteriores a ela, tinha uma faixa de ferro, ferro puro, embutida na pele. Não deveria ser muito confortável, mas de alguma forma aquilo se tornou uma herança para as Sangue Azuis.

As Herdeiras costumavam escondê-lo por trás de faixas, assim como Petrah fazia. Mas Manon não sabia como aquilo funcionava. Talvez ela nunca mais retirasse o adereço para não ter que ficar com uma placa de aço à mostra sobre as sobrancelhas.

Manon deixou Petrah acompanhá-la até o outro lado do pátio, onde havia os bonecos para treino. Ela cansou de vencer os homens de Chaol e quase quebrar seus membros, mas queria continuar, então o boneco de madeira e ferro teria que ser o bastante.

Ela posicionou o boneco bem no meio da área de treino quando viu a Sangue Azul também pondo um idêntico ao lado.

- Não sabia que você treinava.

Petrah desembainhou uma adaga fina e claramente leve, como se fosse apenas uma precaução para defesa.

- Eu não treino. - A bruxa respondeu, ajeitando a trança e deixando-a mais apertada. - Mas ter companhia ajuda.

[✔] Manorian - Pós Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora