Capítulo 21 - Purificado

3K 258 469
                                    

No dia seguinte, Manon acordou com um toque macio em sua bochecha.

A barba por fazer de Dorian arranhava levemente sua pele enquanto ele a beijava, acordando-a com o sol frio irradiando atrás deles.

- Bom dia.

Ela grunhiu, deitando-se para o outro lado e enfiando a cabeça no travesseiro. Sua voz saiu abafada.

- Feche a cortina.

- Já está tarde. - Ele passou por cima do corpo dela, dando novamente o maldito jeito de impedi-la de dormir. - Se bem me lembro, você disse que, ao acordar, iríamos contar a notícia.

Ah. Por um momento ela havia esquecido daquilo.

Com uma reclamação do fundo da garganta, Manon se sentou sobre o colchão macio e viu o corpo de Dorian emparelhado ao seu lado.

- Como dormiu?

Ela esfregou o espaço entre seus olhos e seu nariz.

- Se não tivesse feito o favor de me acordar, provavelmente estaria sonhando profundamente, seu babaca.

O Rei riu, entrando no banheiro.

Manon ouviu o barulho relaxante da água enchendo a banheira mais rápido do que o normal.

Com todos os acontecimentos do dia anterior, eles mal haviam se lembrado de que deixaram Petrah, Chaol e Yrene na mesa de jantar, sem atualização alguma sobre o que acontecera depois.

As duas mulheres já sabiam e provavelmente já haviam conversado sobre. E Manon duvidava muito de que Chaol não tivesse obrigado a esposa a lhe contar.

Ainda parecia surreal.

- Quer ir primeiro? - a voz de Dorian saiu longe demais, abafada pelo respingar da água quente vinda de dentro do banheiro.

Manon suspirou, erguendo-se em pé. Dormir. Ela só queria dormir.

- Vá logo. - respondeu, olhando para cada canto daquele quarto enorme. Seus olhos pararam na também enorme janela que a atrapalhava a dormir com o sol irradiando pelo vidro. - Depois eu vou.

Dorian murmurou algo e fechou a porta do banheiro, deixando-a sozinha dentro dos aposentos.

Poucos centímetros a sua frente, a cidade de Forte da Fenda acordava junto com eles. Os telhados acobreados ocupavam grande parte da visão de Manon, dividida igualmente com o jardim gigantesco do castelo, adornado com cercas de arbustos reais e árvores alaranjadas do outono decorando a passarela de paralelepípedos.

Ela se pegou pensando em como seria andar ali ao lado de Dorian enquanto uma garotinha corria logo em frente a eles; os passos atrapalhados por causa das perninhas curtas e os poucos fios de cabelo balançando pelas costas.

Um arrepio perpassou por sua coluna.

Manon nunca havia... cuidado de uma criança. Não antes de Terrin, e ela mesma não sabia se poderia considerar os momentos que passava com Terrin como cuidados. Afinal, não era ela que tinha que lidar todos os dias com choros estridentes e gritos noturnos de um recém-nascido.

Por um momento ela lembrou de que esse era um ótimo motivo para não ter filhos.

O vidro transparente da janela parecia uma parede que retrocedia contra ela ao pensar que ela realmente não sabia cuidar de um bebê. Não da forma como deveria ser.

O barulho da água do banheiro já havia cessado há alguns minutos, e o silêncio fez com que Manon afastasse aqueles pensamentos.

Vendo seu reflexo meio embaçado pela transparência do vidro, ela retirou sua roupa, uma peça de cada vez, enquanto observava a cidade lá embaixo.

[✔] Manorian - Pós Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora