Capítulo 9 - Dores e desapontamentos

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Uma vez, Matriarca Bico Negro havia dito a Manon que os pôr dos sóis eram a maior força que se podia ter. Para revigorar. Para conseguir coragem para enfrentar o dia de amanhã. Para adquirir a força para mais um dia de sangue e frieza.

Mas aquele pôr do sol não dava forças a Manon, pelo contrário, a mistura do descer do sol laranja e a presença de Dorian ao seu lado pareciam deixar suas pernas fracas.

Por que era tola? Talvez.

O rei permanecia em silêncio ao seu lado, as pernas estiradas sobre a areia, em uma posição de relaxamento, observando o fim do dia. Os olhos azuis nem mesmo se despregavam da visão.

As palavras dele ainda ecoavam em sua mente.

A revelação de Damarys havia a deixado apreensiva. O que ele queria dizer com estou aberto para você? Se fosse algo como, estou disponível para depositar todas as suas preocupações e escutar seus desabafos, ela aceitava de bom grado.

Porque acredito em você. E porque o Reino das Bruxas não podia contar com uma Rainha melhor para ressuscitar o legado.

Desde que fora até Adarlan, algo mudara dentro dela, e por mais que não quisesse admitir para si mesma, esse algo era bom.

E era relacionado à presença de Dorian.

Porque as coisas que ele lhe dizia certamente eram destinadas a fazê-la melhor, independentemente de serem provocações ou não, todas a faziam brilhar por dentro.

- É perfeito. - ele quebrou o silêncio perturbador. Manon retirou uma de suas mãos do chão gramado e ajeitou seu cabelo que caía pelo rosto. O vento soprou, forte o suficiente para balançar as folhas das três palmeiras do Oásis.

- O de Forte da Fenda também. - admitiu. Eram parecidos, mas não iguais. Enquanto os pores do sol de Adarlan traziam uma imagem de recolhimento e ventos frios, o dos desertos exalava um calor absurdo, pela enorme bola laranja caindo, como se estivesse se apresentando apenas para os dois. Mas ela sabia que em alguns minutos, a noite traria um frio congelante.

O oásis estava deserto e silencioso, exceto pelo Rei e pela Rainha. O sol escaldante refletia sobre as águas cristalinas, e por causa da tranquilidade que ele passava, nem mesmo os murmúrios da cidade a alguns metros atrás podiam ser ouvidos.

Dorian virou a cabeça para as costas de Manon e indicou com o queixo.

- O que acha daquele lugar?

Ela soltou as mãos da grama e olhou para onde ele apontava.

Era um canto comum como todos os outros, por trás das tendas da direita, bem onde algumas serpentes aladas estavam deitadas, sobre a areia quente. Não tinha nada, nem mesmo uma tenda ou alguma bruxa passando por lá, exceto as flores brancas que assim como eles, assistiam o fim do dia sobre a grama.

- Não acho nada.

- Me parece um ótimo lugar para um castelo.

As sobrancelhas de Manon se arquearam.

- Você quer que eu mande construir um castelo?

- Mas que tipo de Rainha não tem um castelo?

Uma risada saiu do fundo de sua garganta.

- Você sabe o trabalho que dá para construir um negócio desses?

- Isso importa?

- Importa se os homens que terão que suar no meio desse nada que chamamos de cidade não são meus.

- Mas eles são seus a partir do momento que você está pagando pelo trabalho.

- Pagando um preço mais barato do que deveria.

[✔] Manorian - Pós Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora