Capítulo 22 - Família

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UMA SEMANA PARA O CASAMENTO

Dorian nunca havia mostrado aquele lugar a ela. Se tivesse, aquele certamente seria seu preferido do castelo depois daquele canto escondido no jardim.

A tarde fria e seca reinava em sua visão da alta varanda. Forte da Fenda descansava lá embaixo enquanto nuvens gordas e pálidas formavam pradarias nos céus. Além da impossivelmente linda vista em sua frente, Manon sentia apenas o braço de Dorian a envolvendo como uma proteção, levando-a mais para perto de seu corpo.

O cheiro dele dominava seus sentidos, o cítrico preenchendo suas narinas com aquele aroma tão familiar, que a acompanhava incessantemente por onde quer que estivesse. Talvez o cheiro dele estivesse começando a prender-se nela.

- Precisamos conversar.

O som rouco da voz de Dorian quebrou totalmente seu momento de relaxamento, um aviso de que o que falaria não era um tipo de brincadeira ou provocação. Estavam ali há tanto tempo encarando o nada que ela quase se esquecera das sensações dos sons entrando em seus ouvidos, causando um leve choque.

- Estou ouvindo.

As mãos calejadas dele se soltaram do corpo dela por um momento, apenas para se desencostar do sofá e apoiar os cotovelos sobre os joelhos. Aquela imagem ameaçadora e linda de Dorian se virou para ela, hesitante.

- Acha que eu deveria ter chamado minha mãe e meu irmão?

Manon se retesou no assento, meio desconfortável, agitando-se e soltando as pernas antes abraçadas no chão.

Fora tão repentino, e ela nem mesmo lembrava que aqueles dois ainda estavam vivos. Egoísmo brilhou dentro dela, mas a resposta saiu facilmente.

- Essa escolha não é minha.

Em todos os cinco meses que estivera ao lado de Dorian, o Rei não havia mencionado uma vez sequer os dois familiares que lhe restavam. Não citara os nomes, nem seu relacionamento com eles, nem mesmo dissera como eles estavam.

Manon supôs que a mãe dele deveria ser uma dama de elite do tipo insuportável, que prezava apenas por alianças e relações importantes, levando em conta que não havia notícia alguma sobre ela. E o irmão... Manon não sabia o que pensar dele, além de ser um completo monstrinho tagarela.

- Eu pedi que eles fossem embora para a residência em Ararat, antes da guerra, logo depois que o Castelo de Vidro rachou. Iriam morrer se ficassem aqui. - Porque se estivessem aqui quando as bruxas invadiram, provavelmente não passariam de carniça agora, Manon completou mentalmente, estremecendo. - Eles também não se propuseram a voltar quando cheguei.

A Rainha apoiou os antebraços sobre as pernas, estreitando os olhos para o horizonte brilhante de Adarlan, que se contrastava com o conforto luxuoso daquela varanda.

- Como eles são?

Dorian não respondeu imediatamente, e novamente procurou respostas na vista aérea e clara em frente aos dois.

- Hollin é... horrível. - Foi tudo que ele disse por alguns segundos. Deusa, se uma criança conseguia ser horrível para Dorian, era porque o irmão deveria ser um pesadelo. O Rei continuou. - Mimado e paparicado por ela, não tem controle e manda em tudo que quiser. Ele também não gosta muito de mim. E ela é... terrível também. Todas as minhas conversas com ela eram sempre sobre conseguir uma mulher para me casar quando virasse Rei e formar uma aliança forte o suficiente para conseguir um herdeiro. Ela só se importava com bailes e festas e aquele luxo desgraçado. - ele esfregou o rosto como se pudesse apagar aquelas lembranças e, finalmente, voltou os olhos cheios de um sentimento confuso para Manon. - Eu não os odeio, sabe. E fico me sentindo um traidor de nem contar a eles que vou me casar.

[✔] Manorian - Pós Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora