[✔] Manorian - Pós Guerra

𝐄𝐒𝐏𝐄𝐂𝐈𝐀𝐋 𝟓𝟎𝐊

NSFW: sexo, linguagem explícita (muito explícita)
NA: a autora estava inspirada... se preparem.

UM ANO ANTES DO EPÍLOGO I. UM MÊS APÓS O CASAMENTO

O peso de receber sorrisos nunca havia sido algo com o qual Manon se acostumara.

Era como uma grande pressão em cima de seus ombros, como se aquelas expressões se traduzissem em felicidades que dependiam dela, de seus feitos e de suas decisões. Decepcioná-las seria uma vergonha primitiva que a corroeria até que apenas as cinzas sobrassem.

E os sorrisos... ela geralmente não conseguia devolvê-los. Não porque não conseguia sorrir, é claro. Mas porque aquilo a incomodava. Ser o centro das atenções a incomodava. Ser o foco de centenas de pessoas a incomodava. Ter olhares voltados para ela, olhares esperançosos e necessitados de um caminho a incomodavam. Sempre a incomodaram.

Mas como agora era Rainha dos Desertos das Bruxas, e a primeira Rainha Bruxa do Reino de Adarlan, ela supunha que em breve teria que se acostumar.

Pelo menos a presença de Dorian ao seu lado, dividindo a atenção com ela, amenizava aquele sentimento desconfortante. Metade dos olhares poderiam estar voltados para ela e sua coroa brilhante, mas metade também estavam vidrados nos olhos sorridentes do Rei de Adarlan, agora marido de sua Rainha.

Marido. Pela Deusa, parecia que outra coisa com a qual também nunca conseguiria se acostumar era com aquela palavra...

– No que está pensando? – seu marido perguntou.

Manon mordeu involuntariamente o lábio inferior.

– Estou pensando que a porra da entrada do castelo não chega nunca.

Ele gargalhou. Suas mãos apertaram mais firmemente as mãos dela ao tremer os ombros com a risada.

Manon não era de admitir que não sabia coisas. Modéstia também não era uma de suas melhores características, tampouco humildade, educação e reconhecer quando se precisa de ajuda. Mas aprender a lidar com a atenção de seu próprio povo seria algo que ela teria que aprender com Dorian nos próximos meses.

Quaisquer que fossem as questões diplomáticas eles haviam combinado de resolver juntos, agora que estavam oficialmente casados. Tinha que resolver aquelas merdas com a vadia da Ansel e sua voz irritante. Tinha que construir o restante dos prédios que ainda faltavam na Cidade das Bruxas. Tinha lidar com o peso do trono em que passaria a sentar.

E ainda, a criar uma criança que pertenceria a eles dois.

Pensar naquilo deu a Manon uma tensão na base do pescoço que requeria longos dias de descanso. Ou talvez fosse apenas cansaço após a longa viagem de Forte da Fenda até os desertos.

– Cinco metros – Dorian apontou para a escadaria de mármores que se erguia àquela distância dos passos de ambos. O mármore novo brilhava e refletia o sol da manhã, convidando-a a conhecer a construção finalmente finalizada. – Será que consegue aguentar?

Ela bufou uma risada.

– Babaca.

O Castelo Vermelho projetou uma enorme sombra sobre a areia quente. Apaziguou também o vento seco que soprava nas mechas soltas da trança da Rainha.

Ela mesma havia escolhido o nome dele, já que Dorian insistira tanto em atribuir um nome. Apesar do batismo, não havia nada de vermelho nas paredes de pedra cinza e na escadaria branca perolada. Fora um nome que simplesmente surgira na cabeça de Manon, como um sussurro leve de alguém sábio. Ela decidira por aquilo, então.