Capítulo 3.5 - Desleixo

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Algumas horas depois, Dorian saiu dos enclausuramento do castelo e sentiu o vento frio bater em seu rosto. 

A parte de trás do castelo era um lugar que ele não costumava visitar devido à escuridão e o isolamento de todo o resto da corte. Era um lugar amplo e aberto, rodeado por algumas árvores e um rio que desemborcava a milhares de quilômetros dali.

Nos fundos do lugar, estavam Abraxos e a Rainha, que Dorian imaginava não ter voltado para tratar da montaria até agora.

Os cabelos da bruxa estavam soltos, as pontas voando com o vento, e parecia que a lua estava colaborando para que o branco das mechas reluzisse mais ainda.

A serpente alada o viu primeiro que Manon, que estava de costas, fazendo algo sobre a sela surrada em cima de seu torso.

A besta entortou levemente a cabeça, como se pedisse para Dorian se aproximar dos dois.

Ele permaneceu no lugar, não querendo atrapalhar o trabalho que ela continuava fazendo sem sequer perceber sua presença.

Abraxos grunhiu para Dorian, mexendo com a cabeça em direção a Manon, e o Rei poderia jurar que aquilo foi um Venha logo, seu idiota. A bruxa finalmente percebeu a presença dele com o som que saiu do fundo da garganta da serpente. Virou a cabeça para ver quem era, e desviou rapidamente, como se não o quisesse ali.

Ele mandou um sorriso para Abraxos. Ela não me quer aqui, viu? e recebeu uma bufada forte vindo da boca da criatura.

E daí?

Dorian não conseguiu conter o sorriso em seu rosto.

- O que você quer?

A voz de Manon soou distante, o som indo para o lado oposto, já que se recusara a virar de frente para ele.

Ela estava sem a coroa, Dorian percebeu. Uma rainha cuidando de uma besta, limpando e alimentando uma montaria, trabalho que poderia ser feito por qualquer outro.

- Posso pedir algum tratador para cuidar de Abraxos, se você quiser.

Ela apoiou uma das mãos na pele escamosa ao seu lado.

- Não é preciso.

Porque ela mesma queria fazê-lo. Porque ela gostava. Dorian sorriu com o pensamento. Apesar da aparência agressiva de Abraxos, ele gostava da serpente alada, sentira até saudades de suas bufadas e grunhidos irritados, e ele podia afirmar com toda a certeza do mundo,que não poderia ter uma montadora que gostasse mais do bicho do que Manon.

Todas as vezes que ele tentara provocar Manon em qualquer que fosse o contexto, ele fora recebido com grunhidos raivosos, uma besta para defender a dona.

- Por que se trancou o dia inteiro no quarto?

Manon agachou-se e fingiu não o ouvir, começou então a mexer em uma bolsa de couro com alguns mantimentos.

Dorian encarou o perfil daquela beleza assustadora, mesmo que ela o ignorasse. Ao inferno, pois ele continuaria perguntando.

Ela resolveu abrir a boca.

- Por que insiste em falar isso para mim?

- Você precisa parar de responder minhas perguntas com mais perguntas. - disparou ele.

Manon se virou, bateu as mãos uma na outra para tirar o pó que estava preso, e se levantou. Se não fosse Dorian, podia-se jurar que o ouro em seu olhar brilhou com uma promessa sangrenta.

O rei não vacilou, não desviou o olhar dela e nem se mexeu enquanto ela caminhava até ele, deixando-os a poucos centímetros de distância.

- Por que continua falando aquilo para mim?

[✔] Manorian - Pós Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora