Capítulo 8

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Taehyung

Aponto para mim mesmo, sobrancelhas erguidas.

- É. Você. Taejung, não é?

- A-ah... - O que me engasga é meu próprio riso. - Tae - respondo por final. - Pode me chamar de Tae. - Sorrio. - Me desculpe, não sei dirigir Jimin-ssi...

Jimin sorri para o pronome, olhando para Jin em seguida, esticando o pescoço para encará-lo de baixo.

- Se importa se deixar isso aqui hoje? - Estende as chaves do carro recém tiradas do bolso, as deixando sobre a mesa. - Posso buscar amanhã pela manhã, não está na frente da garagem.

- Tudo bem. - Jin toma as chaves para entregar a Jizzy que a segura firmemente, ainda preocupada com o papel filme cobrindo as batatas marinadas.

- Se importa de ir andando, Tae? Não é tão longe. - Jimin se levanta, mas tropeça nos próprios pés no terceiro passo.

- Com certeza não - respondo, me aproximando para ampará-lo, mas Jimin estendeu seu braço como se abraçasse alguém ao seu lado, se firmando no que quer que seja.

Disfarço a confusão que aquilo me causa para pegar a bandeja de batatas que aguardava sobra a pedra da pia.

- Bom. Espero que tenham uma boa noite. - Jin deseja assim que saímos pela porta, assim que encaixo as alças da mochila em meus braços. - Prometo que seu quarto estará pronto amanhã, Taehyung. - Sorri.

- Muito obrigada por tudo, Seokjin-ssi. - Me curvo um pouco em agradecimento.

Jimin faz o mesmo ao meu lado, atrapalhado.

- Alguém exagerou no vinho. Cuide dele, por favor - Jin pede e eu sorrio em resposta.

Atrás da barreira que Jin forma entre o interior da casa e nós dois, Jizzy acena, cansada, em despedida. A correspondo, o que quase faz com que a bandeja de comida em minhas mãos vá ao chão.

- Oh! Me pergunto se não é melhor que os leve eu mesmo. - Jin resmunga.

- Mas estou sóbrio! - revido.

- Já viu o quanto é desastrado? - Jizzy ri atrás do pai, Jimin faz o mesmo ao meu lado.

- Não se preocupe, Jin. Joseph vai nos acompanhar.

Finalmente nos despedimos depois de negar Seokjin por mais algumas vezes.

A caminhada carregou silêncio entre nós dois, mas ao seu fim era eu quem servia de apoio para o corpo descoordenado de Jimin, que resmungava algumas vezes antes de rir e estapear o ar ao nosso lado.

- Sempre bebe assim? - resolvi perguntar.

O silêncio nunca me deixou à vontade. Já convivi com ele por tempo demais.

Seus olhos perdidos pareceram procurar alguém, além de mim, quem pudesse ter perguntado.

- Oi?!- Sorri para sua expressão confusa. - Está se sentindo bem?

- Estou. Eu só... - Jimin concerta a postura, me encarando de perto. - Esqueci de que você respira.

Suas mãos pousam sobre minha blusa, sobre meu peito. Parece fascinado por como respiro, seus olhos deixam meu rosto para encarar a própria mão, subindo e descendo devagar.

- Está vivo também.

- Desde que nasci - brinco. - Olha, Jimin-ssi... Acho que não está nas melhores condições. Tem certeza que é o caminho certo para casa?

Olho em volta. O céu estrelado se estende sobre nós como uma colcha furada. Não seriam necessários os postes de luz hoje a noite, mas mesmo assim estão acesos, e sobre um deles o pássaro de penagem castanha repousa suas garras escura, encolhido a nos observar.

Icarus - Asas De Cera | TaekookMin (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora