Capítulo 14

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Jungkook

- Jungkook! Eu-

A voz de Namjoon sumiu no precupicio que pareceu abrir seu peito ao nos encontrar ali dentro. Apertou o pote com novos pedaços de pão entre seus dedos até que as juntas de seus dedos ficassem brancas.

- O que aconteceu aqui? Está se sentindo mal? - Largou o que segurava sobre a cômoda e se apressou para alcançar Jimin, que soluçava alto.

Segurei seus braços com cuidado, finalmente os afastando de mim e soltando seus dedos de minha roupa depois de insistir em agarra-las por três vezes.

- Por favor, não chore. - Pedi quando levei seus braços até Namjoon, que os segurou ao mesmo tempo em que o abraçava pela cintura. - Me entenda, por favor. Não faço isso para te machucar.

- Eu nunca te deixei! - Disse entre soluços. - Você destruiu minha vida! Me tirou de tudo o que conhecia e arrancou tudo o que era meu! Nunca te deixei porque é tudo o que tenho agora! Não pode fazer isso!

- Meu Senhor... - Namjoon sussurrou incrédulo. - Jungkook, o que pensa que está fazendo?

- Onde está Taehyung?- perguntei, mas meus olhos não desviavam do Jimin trêmulo agarrado ás suas roupas. - Quero falar com ele antes de ir embora.

- Vai repreende-lo? - Jimin enxugou as lágrimas na própria roupa, me encarou com os olhos apertados. Me acusava. - Vai gritar e espernear por ele ter me tirado de casa?!

- Está com raiva. - Suspirei.

- Estou furioso! Porque lutei por você por toda a minha vida, e agora está simplesmente me deixando!

- Jimin... - Houve outro suspiro. - Vá Jungkook. - Namjoon apontou para a saída. - Leve o pão, Jin me mandou entregá-lo junto ao vinho mas ainda não o encontrei.

Somente assenti.

Quando dei as costas, para seus olhos a última coisa à qual me atentei, seus soluços se tornaram mais baixos.

O quase silêncio me fez ouvir outra vez os passos no telhado.

O vento frio soprava com mais força ali em cima. Assobiava ao passar por entre as frestas abaixo da, exageradamente grande, caixa d'água. Tive que segurar o grito quando me desequilibrei e, por acidente, meu pé quase se deixou escorregar para fora da calha.

Chegar ali não foi nada fácil, mas tenho certeza que se gritasse o garoto, a plenos pulmões, do jardim apenas o renderia mais xingos de Seokjin, que não parecia saber onde ele estava.

- É mais alto do que pensei. - Comentei enquanto encarava o chão ali de cima, na esperança de que fosse o suficiente para me anunciar.

Mas aparentemente ele já tinha me notado antes mesmo de dizer algo. De longe, trazida pelo vento, ouvi seu riso anasalado curto. Os ombros estavam encolhidos, como se servissem como morada para a cabeça que pendia para um dos lados, as mãos espalmadas na parte mais plana da estrutura inclinada enquanto os pés pendiam para o lado de fora da única fileira de telhas de barro. A postura não mudou nem um pouco, nem parecia minimamente interessado em se virar em minha direção quando perguntou:

- Como me achou?

- Te vi quando entramos. - Medi meus passos para me aproximar, e notei o que Jimin havia comentado. Até mesmo o jeito que se sentava o fazia parecer exausto e tristonho, completamente diferente do garoto sorridente e extravagante que tinha visto haviam dias. - Precisava de um tempo? - Tentei, perguntando baixo quando me sentei ao seu lado.

- Nunca precisei disso. - Deu de ombros, e não me olhou mesmo quando o estendi o pote com pães. - O que é isso?

- Aperitivos de Namjoon.

Icarus - Asas De Cera | TaekookMin (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora