Capítulo 22

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Jungkook

O vi de longe, cercado por dezenas deles. Reconheço alguns rostos dos arquivos que Namjoon conseguiu no departamento, são os desaparecidos dados como mortos, homens e mulheres cujas famílias ainda sofrem o luto estão ali escondidos nós becos, prontos para emboscá-lo a qualquer sinal de que seus openentes estejam em desvantagem.

Mais à frente, faíscas deixam a palma das mãos de um incomum familiar demais. De costas, com os cabelos apenas despontando o casaco cumprido, nada me trás resposta imediata à pergunta que ronda minha mente: quem é ele? - Porque eu já o vi antes, posso sentir, e tenho certeza quando vejo o modo como os raios deixam as pontas de seus dedos para morar um dos três contra quem luta.

Basta que se vire um pouco, que o perfil de seu rosto esteja visível, para que me lembre claramente. Já o vi antes: nas visões que tive do beco, nas visões que tive do galpão, e em muitas outras realidades enquanto o barulho de estática tomava todo o ambiente enquanto me ajoelhava para me agarrar ao corpo sem vida de Jimin. Até mesmo o cheiro me dá a certeza: É ele. O homem que, por tantas vezes, me tirou Jimin.

Também tenho a certeza de que essa é minha melhor chance. Por isso mesmo destravo a arma que Namjoon me trouxe, e observo cada sombra possível para me aproximar sem ser percebido. Não sou notado por ninguém, e não tardou a me aproximar sem que ninguém veja meus passos.

Não acontece da forma que eu imaginei, longe disso. Queria tortura-lo, arrancar cada um de seus dedos depois de arrancar cada uma de suas unhas, e queria ser condenado por isso, queria que ouvissem e então me detessem por assassinato, porque assim teria a lembrança presente e constante de que fiz o que fiz.

Mas é simples. O cabo da minha arma em suas costas, o disparo ensurdecedor que cala tudo ao redor, e o máximo que me lembro de dizer olhando em seus olhos assustados:

- Olho por olho.

Não sei descrever a sensação. Mas faria tudo de novo, em quantas realidades houvessem até que sua alma simplesmente deixasse de existir.

Por pouco tempo, foi o quanto durou a euforia. E, contraditoriamemte, tão diferente do que pensava, não foi o alívio, ou a felicidade que tomou seu lugar. Foi o medo súbito, pelo olhar assustado de Jimin, atrás de toda a poeira e dos pingos grossos de chuva, agarrado por Seokjin do outro lado do beco. O clarão veio depois, reluzindo seu brilho roxo para chamar a atenção de Yoongi ao meu lado, o que foi distração o bastante para o homem que detia tomar seus braços ao imobiliza-lo. Então houve o som ensurdecedor da estática, vindo de meus dois lados até que somente restasse o que vinha de cima, formando o raio que ameaçava cair a qualquer momento.

Foi rápido demais, quando Taehyung me agarrou pelos ombros e vi seus olhos assustados, tentando me acalmar de alguma forma impossível, porque mesmo eles apenas mantinham o medo refletido em sua íris. Quando me jogou para Hoseok foi que finalmente entendi.

Não poderia ser. Taehyung não ousaria fazer isso. Não ousaria me deixar. Não agora!

Ele não pode mudar isso.

- Me largue... - Não passou de um sussurro. Somente depois pareci recuperar meus movimentos, me desvencilhando do aperto de Hoseok inutilmente porque já estava sendo envolvido por seu campo. - Me largue! Taehyung!

Depois, tudo pareceu confuso demais.

Ainda parece confuso. 

Errado. 

Desesperador. 

Tudo o que eu quero e voltar atrás. Voltar para impedi-lo. 

Mas tudo à minha volta é confuso demais, e cheira a carne queimada. É inconstante, pura estática como já vi antes. 

Icarus - Asas De Cera | TaekookMin (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora