Prólogo

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Durante a terceira grande guerra, surgiu o primeiro de nós. 

O primeiro incomum, que acabou mostrando em primeira mão que a ganância do homem – junto a dons extraordinários – só poderiam resultar em algo muito ruim. A mulher, o marco inicial de tudo o que somos hoje, estava tão dividida em seu interior que sua alma se fragmentou. Uma parte poderosa dela criou um casulo para que pudesse sobreviver na terra junto aos outros, extremamente fiel a seu corpo original; mas ninguém sabe o que aconteceu com as partes menores da alma quebrada. 

Há aqueles que acreditam que esses fragmentos vagam pela terra como espíritos errantes, assombrando comuns pelas colônias de unificação onde ainda há população. Outros crêem que foram enviados para o inferno, tamanhas atrocidades feitas pela incomum a quem pertenciam. 

Bem... Eu nunca fui muito de acreditar em lendas. Para mim nunca passaram de histórias assustadoras par manter as crianças na linha. Mas acreditava no que eu via, e no que lia nos jornais.

Acreditava nas notícias diárias de incomuns poderosos o suficiente para cometer atrocidades inigualáveis, ou até mesmo para alcançar metas impossíveis para dons comuns. Tinha a teoria de que fosse ali, naqueles dons, onde estavam os fragmentos de alma da primeira incomum: se mudando, de casulo para casulo, conforme o tempo passa e os corpos padecem; se aproximando dos vivos para sobreviverem o quanto puderem, os oferecendo dons imensuráveis em troca.

São esses que procuramos, e isso por um simples motivo: são inconsequentes. Ou seja, incomuns com dons extraordinários, o que para a organização – da qual faço parte – é o mesmo que poder. E poder é sinônimo de controle, e respeito.

Estamos há poucos passos de ter o mundo em nossas mãos.

Por mais que esteja envolvido, não concordo com uma fração disso sequer. 

Desde que nasci, me sinto agraciado pelos dons que recebi, porém, procuro pelo equilíbrio perfeito para usá-lo. Mas o tempo passa, e manter os pensamentos em ordem se torna quase impossível. Se manter em equilíbrio é quase impossível quando tudo à sua volta parece sempre tão intenso. 

Me sentia tentado como Ícaro, voando em precárias asas de cera sem saber se me apaixonava pelo reflexo que via nas águas passadas do rio, ou pela luz do sol que me aquecia em esperança de um possível futuro. 

Não sei exatamente o momento em que acabei tropeçando, mas sei que estou caindo. Não sei quando me tornei tudo aquilo que sempre temi, feito de puro desequilíbrio. 

Mas sei que tudo isso se deve a apenas dois incomuns. Uma caça que nunca foi um alvo, mas que se tornou um belo caçador. E um fragmento de alma subjugado pela vontade tão grande, de alguém que se julgou tão incapaz.

Existiu um incomum culpado, que decidiu se redimir. E um inconsequente de tão ouras intensões que decidiu tentar me aceitar.

Duas almas que me fizeram entender, depois de anos buscando o que não conseguia enxergar, o que é ser feliz.

Icarus - Asas De Cera | TaekookMin (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora