5. 𝐉𝐨𝐨𝐡𝐲𝐮𝐧

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Estou há cinco minutos do lado de fora da biblioteca, olhando para a porta que ela acabou de bater na minha cara, pensando em que - ou no que - é Son Seungwan.

Quer dizer, eu não estava esperando um bichinho de pelúcia precisando de um abraço e de um ombro amigo, mas ela pareceu mais uma bárbara atormentada que alguém devastada pela guerra. Mesmo assim, só percebendo como estou despreparada quando a porta se abre de forma inesperada.

Antes ela estava completamente na sombra, mas dessa vez a luz do corredor chega até ela, e sinto o estômago cair aos meus pés.

Son Seungwan não é a reclusa de meia-idade com restrições físicas que eu estava esperando. Ela volta para as sombras ante que eu consiga olhá-la bem, mas me parece que Son Seungwan tem um corpo levemente definido, cabelo loiro cortado na altura dos ombros e penetrantes olhos castanhos. E é jovem. Tipo da minha idade.

- O que está fazendo aqui? - ela pergunta, recuando para a escuridão da biblioteca.

Instintivamente, dou um passo para frente, e ela recua com a mesma velocidade. Pela primeira vez noto que, apesar de dar a impressão geral de juventude e vitalidade, ela não se movimenta com agilidade. Paro, como se não quisesse assustar um animal ferido, sabendo que são propensos a atacar. E essa garota com certeza está ferida.

- O que está fazendo aqui, porra? - ela repete, dessa vez com um rosnado.

Bom. Pelo menos agora tenho certeza de que não imaginei essa coisa toda de mulher das cavernas. Logo depois que ela soltou a bomba do suicídio, Solar suspirou e deu um tapinha no meu ombro, dizendo que precisava ser "paciente com a garota". Paciente porra nenhuma. É claro que a garota deve ter visto muitas coisas horrorosas, mas se tem algo com que uma jovem rica de Manhattan está familiarizada é o tom de voz de gente babaca autoindulgente. Son Seungwan certamente tem um pouco disso.

Eu provavelmente deveria responder à sua pergunta com palavras calmas, motivadoras e reconfortantes. Nada me vem à mente, então fico quieta. Ela continua na sombra, e de repente fico desesperada para saber o que está acontecendo. Como alguém como ela se tornou uma suicida reclusa?

- Pelo menos coloca um dólar no chapéu - ela diz, antes de virar de costas e retornar à mesa. Ela manca um pouco mais...

É imaginação minha ou ela só mancou depois de começar a andar? Como se ela precisasse se lembrar de mancar? Imagino que deva ir até ela para ajudá-la de alguma forma, mas algum instinto sombrio e inexplorado me impede de fazer isso. É o que ela está esperando, e ser previsível com essa garota é um erro.

- Um dólar no chapéu? - repito, fechando devagar a porta da biblioteca atrás de mim, o que é uma idiotice. A sala escura agora parece intimista, e sei bem que somos apenas eu essa garota que pode querer ou não se matar aqui. Ou me matar.

- Se vai ficar me encarando, pelo menos me dá o dólar que deixaria no chapéu de qualquer outra aberração de circo - ela explica, ainda sem se virar para mim.

Reviro os olhos diante do melodrama e me aproximo querendo ver o rosto dela. Não, precisando ver seu rosto. De costas, ela é praticamente perfeita. Está usando uma camiseta preta justa o bastante para mostrar os músculos do abdômen, e seu jeans escuro valorizando suas coxas.

- Posso adivinhar? Você estava esperando uma velhote de casaco? - ela pergunta, abruptamente.

Na verdade, sim. Não esperava que Son Minsuk tivesse tido Seungwan mais velho. Bem mais velho, se ele tem a idade que aparenta nas fotos. Mas é claro que não digo isso. Arrisco dar outro passo para a frente, e noto como ela fica tensa à medida que me aproximo. Ela é mesmo como um animal ferido, e eu teria pena se não suspeitasse de que está usando o ferimento para justificar o fato de que é uma filha da mãe manipuladora.

𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓 𝐌𝐄 𝐔𝐏 [𝐖𝐄𝐍𝐑𝐄𝐍𝐄]Onde histórias criam vida. Descubra agora