21. 𝐉𝐨𝐨𝐡𝐲𝐮𝐧

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Seungwan e eu não nos falamos sobre o que aconteceu.

Já faz quase duas semanas que o pai dela veio. Duas semanas dede que perdeu o controle do monstro dentro dela, cuja vítima foi meu ser patético.

O clima continua pesado. Sei que Seungwan acha que estou brava com ela. Depois de tantos anos namorando Jennie, sei ler os sinais. O cuidado na maneira como fala, como se esperasse que eu fosse surtar a qualquer momento e cobrá-la por algo que já passou faz tempo.

Mas, enquanto os sinais de Seungwan são bem típicos, há uma diferença entre minhas brigas com Jennie, que eram sobre como ela tinha conversado por tempos demais com uma menina extremamente simpática e de peitos enormes ou como havia se atrasado pra me buscar porque estava comprando roupas com Sehun, de novo. Era como se Jennie estivesse sempre preparada para brigar. Ambas sabíamos que uma pequena explosão viria e já vestíamos nossas luvas.

Com Seungwan... há algo de assombrado em sua cautela. Parece que ela não espera apenas que eu me descontrole e comece a atirar coisas nela em um surto de raiva. Não, Seungwan está preparada para alguma outra coisa.

Para minha partida.

Tentamos da melhor forma fingir que nada aconteceu. Fingimos que ela não me diminuiu diante de seu pai, que não disse que eu era uma gostosa qualquer sem nenhum valor pra ela. Eu finjo que não ligo. E ela finge não ligar se eu não ligo. Mas, como eu disse, o clima está pesado. Tenso. Péssimo.

Perdida em meus pensamentos, passo uma água nos pratos do almoço, colocando-os na máquina de lavar.

- Quer falar sobre o que aconteceu? - Eu me assusto e quase derrubo um copo. - Solar! Desculpa, não sabia que tinha alguém aqui.

- Provavelmente porque tem evitado a mim e a Kai.

Não me dou ao trabalho de negar.

- Devo, então, assumir que você não quer conversar? - ela pergunta.

Dou de ombros. Ficamos em silêncio por alguns segundos, enquanto ela segue com sua rotina que já me é familiar, montando a batedeira KitchenAid e pegando a farinha e o açúcar.

- Estou com vontade de cozinhar - ela diz. - Pode escolher.

- Cookies com gotas de chocolate? - Solar revira os olhos e sorri.

- Sem graça, mas fácil. Quando eu deixava a sra. Seungwan escolher, era sempre um torta complicada ou um bolo com três recheios diferentes.

- Sério? - pergunto, tentando conciliar a mulher que parece sobreviver de sanduíches e whisky com alguém que gosta de doces requintados.

- Bom, isso foi antes de ela ir embora - ela comenta, e seu sorriso diminui. - Acho que ela nem percebe se eu faço um bolo agora.

Ela parece triste. Queria poder reconfortá-la, mas não tenho muito o que dizer além de "ela é uma cretina". Sento na banqueta de sempre diante do balcão e ficamos em silêncio por alguns minutos. Solar não segue nenhuma receita. As medidas de farinha, açúcar e sal parece muito naturais para ela, como escovar os dentes é para o resto de nós.

- Ei, eu nunca perguntei... - digo, passando o dedo na farinha espalhada. - Como foi a viagem de vocês? - ela levanta a sobrancelhas.

- Quer saber agora, duas semanas depois?

Droga.

- Desculpa. Eu estava meio que envolvida com minhas próprias coisas, acho.

- Acontece - Solar fala, sem pegar no meu pé. - Mas a viagem foi boa. Bem boa.

𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓 𝐌𝐄 𝐔𝐏 [𝐖𝐄𝐍𝐑𝐄𝐍𝐄]Onde histórias criam vida. Descubra agora