12. 𝐒𝐞𝐮𝐧𝐠𝐰𝐚𝐧

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Joohyun não foi correr hoje. Será que foi embora?

Não. Ainda não. Eu teria ouvido Kai tirando o carro e levando a bagagem até lá embaixo. Mas talvez ela esteja no quarto arrumando as malas. A ideia me enche de... o que, exatamente? Eu deveria estar satisfeita.

Eu só queria me livrar dela depois da noite de ontem passada, quando a beijei com a delicadeza de um lobisomem. Queria colocar um pouco de agressividade no beijo, mas não tanta. A partir daí, as coisas ficaram mais violentas. Não teria problema se ela tivesse me empurrado, me arranhado ou até mesmo me dado um tapa, porque eu definitivamente merecia. Mas ela topou. Como se tivesse sido feita pra mim.

O que eu fiz estava além do hediondo.

Só a queria em meus braços, deitá-la na cama, ficar com outro ser humano., E, por essa razão, mais do que por qualquer outra, fui cruel. Extrapolei no nível de crueldade. Parte de mim está sendo consumida pela culpa, enquanto outra parte sabe que é melhor que ela descubra agora que sou um monstro. Mas, desde a noite passada, estou incomodada com uma coisa.

Logo que me afastei dela, humilhando-a de propósito, Joohyun ficou em choque e com raiva, como deveria. Mas, em seguida, fiquei irritada com o que vi: resignação. Em questão de segundos, a raiva e a tensão desapareceram dos seus olhos, e ela aceitou o que tinha acontecido, como se ela merecesse sofrer esse tipo de humilhação. Posso não conhecer Bae Joohyun muito bem - na verdade, não sei nada sobre ela -, mas ela merece mais do que recebeu na noite passada.

Ouço uma batida leve na porta, e odeio a maneira como levanto a cabeça na maior expectativa e como meu coração fica um pouco mais acelerado. Então lembro que Joohyun não bate. É Solar.

- Você parece cansada - ela murmura, enquanto deixa a bandeja com o almoço sobre a mesa.

- É. - Esfrego os olhos. - Foi uma noite difícil. - Ela concorda.

- Para Joohyun também. Ela levantou cedo, mas mandei que voltasse pra cama. Acho que não pregou o olho.

Eu me seguro pra não pedir mais informações. Será que ela contou a Solar o que aconteceu? Vasculho o rosto familiar da governanta com cuidado, procurando por algum sinal, mas ela se mantém calma e sem expressão, como sempre. Gosto disso nela. É uma das poucas pessoas que aprendeu a conviver comigo respeitando meu espaço.

Está ouvindo, pai? E todos os médicos e psiquiatras com sua baboseira de que o transtorno do estresse pós-traumático tem cura?

Por um segundo, no entanto, eu gostaria que ela perguntasse. Gostaria que alguém perguntasse o que aconteceu. Como estou. Algo além do enfadonho "precisa de alguma coisa?". É claro que eu preciso. Preciso de alguém que se importe.

- Você não está bebendo hoje - observa Solar, olhando pra minha caneca de café.

Levanto as sobrancelhas como se dissesse: "Sim, e daí?". Ela dá de ombros.

- Pedi um fim semana de folga ao seu pai. Vai ser só daqui a umas semanas, mas achei bom avisar.

- Tá - murmuro, me sentindo aliviada por ela não ter insistido no assunto da bebida.

Durante a manhã toda falei para mim mesma que dei um tempo no whisky por causa da minha dor de cabeça. Não porque uma garota de olhos castanhos me mostrou que estou recorrendo ao álcool da forma errada.

- Kai também vai folgar - continua Solar, já se dirigindo à porta. - Vamos dar uma volta até Portland. Seu pai se ofereceu para reservar um hotel. Pensei ir ao cinema. Provar a comida de outra pessoa, pra variar.

𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓 𝐌𝐄 𝐔𝐏 [𝐖𝐄𝐍𝐑𝐄𝐍𝐄]Onde histórias criam vida. Descubra agora