1. 𝐉𝐨𝐨𝐡𝐲𝐮𝐧

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Só em Manhattan alguém daria uma festa para comemorar o fato de sua filha ter largado a faculdade. E só em Upper East Side as pessoas realmente compareceriam.

Para ser honesta, os convites não deixavam claro a parte da desistência, seria deselegante. Afinal de contas, estamos em Nova York. As pessoas seguem um determinado estilo de vida, pelo menos na frente dos outros.

Os convites que custavam 12 dólares cada, propagandeavam a coisa toda como a " festa de despedida de Bae Joohyun".

E eles queriam mesmo celebrar a partida dela.

O destino? Bar Harbor, Maine.

O motivo? Trabalho humanitário.

Bom... não é bem isso. Pelo menos eles acertaram o lugar, ainda que até isso seja meio ridículo. Não é exatamente Ruanda, Haiti ou qualquer outro local onde Bae Joohyun pretendia ir a princípio, em sua tentativa de salvar o mundo, mas, quando seus pais conhecem alguém que conhecem alguém que conhece todo mundo, você acaba comprometendo com pessoas que precisam de ajuda e que estão mais próximas da sua casa. No caso, Bar Harbor, Maine.

E essa coisa de trabalho humanitário? A maior bobagem. Sei disso muito bem.

Porque eu sou Bae Joohyun. Larguei a New York University e logo estarei morando no meio do nada. E preciso dizer que a razão de eu ter deixado a faculdade não tem nada a ver com caridade, não sou tão boazinha assim, não mesmo. Com certeza não mereço a porcaria de uma festa pelas coisas que fiz.

Mas sou uma Bae. Sempre damos festas. Já fico feliz de ter convencido minha mãe a não encomendar uma escultura de gelo da Madre Teresa de Calcutá. Queira que tudo isso fosse uma piada.

Mas aqui estou eu com um vestido Versace novinho, tentando fazer todo mundo acreditar que fui mordida pelo bichinho da filantropia bem a tempo de largar a faculdade no último ano. O mais deprimente é que todo mundo parece realmente disposto a acreditar nessa história.

"Muito bem, Hyun! Temos muito orgulho de você. Bonita por dentro e por fora!"

Argh. Me poupem.

Pelo menos minha melhor amiga não parece acreditar.

- Hyun, você não está falando sério, né? Quer dizer, onde vai arranjar um lugar para hidratar seu cabelo?

Uma parte de mim, escondida lá no fundo, quer bater na minha amiga por ser tão superficial. Mas a outra parte - aquela com que eu estou familiarizada - só quer pegá-la pelo ombros e sacudi-la enquanto eu digo "eu sei". Porque essa era a verdade: passei muito tempo pensando em como manter meu cabelo nesse tom castanho enquanto estiver no Maine.

Kang Seulgi e eu vamos ao mesmo cabeleireiro desde que nossas mães decidiram que era hora de aprender a diferença entre 50 tons de castanho e 50 tons de preto. Tínhamos 13 anos na época. Àquela altura nós duas já éramos inseparáveis, e ao longo dos 12 anos que frequentamos a escola particular, ela foi a loira bonitinha que fazia dupla com a morena elegante aqui.

Seulgi me ensinou a arte de subir na medida certa a barra da saia sem graça do uniforme: só o bastante para chamar a atenção sem ser óbvio demais. Em troca, dei cobertura a ela enquanto deixou Lee Taeyong tirar seu vestido de festa na noite de formatura. Assim que ela foi para Yale e eu para NYU, fizemos um pacto de nos vermos pelo menos algumas vezes por mês, e até agora cumprimos o prometido.

Desde que contei para ela essa história de ir para o Maine, dois meses atrás, Seulgi me garantiu que, independentemente de qualquer coisa, será sempre minha melhor amiga (a parte do "independentemente de qualquer coisa" se refere, é claro, ao fato nada irrelevante de que, depois de 3 anos estudando, não vou conseguir o diploma de Administração porque vou sair antes de completar o último ano da faculdade).

𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓 𝐌𝐄 𝐔𝐏 [𝐖𝐄𝐍𝐑𝐄𝐍𝐄]Onde histórias criam vida. Descubra agora