Depois de ter tomado banho e vestido uma roupa semelhante as que usava antes. Desci e vi Tony com uma garotinha no colo, parei na metade da escada e olhei a cena. Ela ria e Tony lhe mostrava algo em um painel holográfico, tentei não pensar em como minha vida seria diferente se eu tivesse sido como essa garotinha. Morgan. Mas falhei miseravelmente, eu senti inveja e raiva, mas não demonstrei, eu era boa em fingir e esconder minhas verdadeiras emoções. Sorri e continuei descendo as escadas.—Olá! —Tony diz.
—É ela papai? —Morgan perguntou, a voz doce e ingênua.
—Sim, Morgan essa é a América! —Tony diz. Caminho até metade do caminho mas paro quando a garotinha esconde o rosto no peito de Tony.
Lembranças invadiram minha mente, não eram bem lembranças, eram sensações de quando me aninhava no colo de minha mãe, ouvia seu coração e seus braços ao redor de mim, era caloroso e reconfortante. Mas então também lembrei o que fiz com aquelas crianças. Disfarço sorrindo e coloco minhas mãos para trás para esconder os tremores.
—Olá Morgan!
A criança sorriu para mim mas não se saparou do pai, eu não suportaria ficar ali. Por sorte o sistema do meu óculos modificado me mostrou que havia um ataque na 566-7.
—Eu sinto muito, mas eu tenho que encontrar uma amiga! Problemas de garotas. Eu quero conhecer você melhor Morgan! —digo saindo as pressas.
Levo uma mão a boca para evitar que eu gritasse, comecei a andar rapidamente para fora da propriedade. Minhas mãos tremendo enquanto relembrava cada coisa que fiz, querendo ou não eu era um monstro. E eu menti, menti novamente para a pessoa que só queria me ajudar. Minha vida está pingando sangue, eu não quero isso. Preciso me sentir melhor. Tirar o peso dessa culpa por tudo que fiz.
Começo a correr pelo asfalto e quando um carro prata familiar passa por mim, começo a correr mais rápido. Não quero ter que explicar que não consigo ficar perto de uma criança sem começar a suar frio e tremer. É humilhante. Correr até Manhattan da propriedade da mansão dos vingadores poderia ter cansado uma pessoa comum, ela provavelmente cairia desmaiada na metade do caminho. Eu nem mesmo suei. Caminhei pelas ruas e acabei por deixar que a polícia resolvesse o problema da 566-7. Me sentei em um dos bancos de uma praça, vi casais de adolescente sentados na grama fazendo piqueniques, amigos juntos rindo, pais com crianças. Eu ainda tremia um pouco, mas estava mais calma.
E estranho ver coisas que eu poderia ter vivido, mas não vivi e é estranho para mim. É como um filme onde eu apenas vejo, mas não sei como é. Nem mesmo sei o que é amar, o que tinha com Ross não era amor, e pensando agora eu nem me lembro quando foi a última vez que ri, eu nem sei se algum dia já fiz isso. É tudo tão estranho, e agora eu nem mesmo consigo ficar no mesmo ambiente que minha irmã, a criança que jurei a mim mesma que não deixaria ninguém ferir. Sinto meus olhos queimarem, eu raramente choro. Mas agora não posso suportar.
Deixo as lágrimas caírem silenciosamente, fico olhando as pessoas mas mesmo assim eu mal as conseguia ver. Eu tinha tantas ilusões quando fugi, mas eu não pensei em como eu mesma reagiria ao mundo real. E é muito, é muito para aguentar. Eu entrei e mudei a vida de muita gente, e acho que vou me auto destruir aos poucos. Ter inveja de uma criança, imaginar se tudo fosse diferente. O que isso muda? Nada. Eu apenas me antidepressio e isso é doentio. Não posso mudar nada, apenas tentar seguir em frente. Eu não pensava como adulta quando fugi do complexo da hydra, eu ainda pensava como a América solitária e carente. Preciso começar a pensar como adulta, isso não é como nos filmes. Isso é a vida real.
Limpo as lágrimas e me levanto, decidida a não me depressiar, começo a andar por Manhattan, me impressionando com a beleza da cidade, ainda não me acostumei. Andar me ajudou a clarear a mente, paro em frente a um prédio. Graças ao Tony tenho novos documentos válidos, e graças aos ajustes que fiz no meu óculos inteligente, transferi tudo para o meu celular. Vejo um papel de uma vaga de emprego para analista de segurança de informação, pego o número da empresa e caminho de volta para a mansão dos vingadores. Quando cheguei a casa estava vazia, literalmente. Ótimo.
Coloco uma música, Imagination de Shawn Mendes no som e vou para a cozinha, pesquiso uma receita de lasanha na internet e começo a tirar os ingredientes da geladeira e dos armários. Meu corpo se movimenta de acordo com as notas da música, termino o molho e me viro para montar a lasanha mas no momento em que me viro vejo Bucky, me assusto e jogo a primeira coisa que vejo. Uma faca. Ele pega a faca em um reflexo rápido. Porque isso me fez ficar arrepiada e...quente?—Tentando me matar de novo? —ele pergunta com aquele sorriso insuportável no rosto.
—Se eu estivesse tentando te matar, você saberia! —digo e ele joga a faca novamente, pego a faca tão ágil quanto ele.—É claro! —ele diz ainda com o sorriso insuportável, sinto vontade de arrancar esse sorriso de seu rosto a socos.
—Você não devia estar com os outros?
—Não! —ele diz irritante.
Continuo montando a lasanha e ele continua me observando, ele não esta mais sorrindo e me olha como se eu tivesse 3 cabeças, isso é bizarro. Coloco a lasanha no forno e começo a lavar a louça que sujei, eu não suporto bagunça ou sujeira. Abaixo o volume do som que agora tocava Redbone, Bucky franze a testa em negação o que me deixa mais satisfeita. Começo a murmurar a música e ele claramente está começando a ficar irritado.
—Você não sabe o que é música! —ele diz cruzando os braços.
—Não me diga!
Ele revira os olhos e começa a tocar Nothing Breaks Like a Heart, estou gostando de irritar ele, começo a dançar enquanto faço suco de laranja natural. O vejo engolir em seco e ele começa a caminhar em direção ao elevador para o subsolo, onde há uma sala de treinamento. Então o chamo:
—Ei, está quase pronto! Você podia...sei lá, comer comigo?
—Dispenso, você não perderia a chance de me envenenar! —ele diz sarcástico. Reviro os olhos e grito enquanto ele caminha até o elevador.
—Babaca!
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A Filha do Tony Stark
FanfictionAmy Rose foi tirada de sua vida quando não passava de uma criança, teve sua mãe assassinada e foi levada e tratada como um experimento pela Hidra. Mas todos pensam que ela é um experimento que fracassou. Porém América carrega um segredo, um segredo...