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— Bom dia, meu amor — Dulce chegou me abraçando e beijou minha bochecha.

— Bom dia, Dul — Tentei sorrir e fingir que estava animada, mas a verdade é que eu não queria estar ali. Pensei em várias formas de faltar, mas não poderia fugir para sempre.

— Não fica com essa cara, amiga. Nem tudo está perdido. — Dulce acariciou meus cabelos e me olhou séria.

— Está sim, Dulce. Não há a menor possibilidade de acontecer qualquer coisa entre nós.

— Já aconteceu um beijo — ela disse.

— Você entendeu — revirei os olhos.

— Você não pode ficar se precipitando. Dê tempo ao tempo. Vem, vamos para a sala — ela segurou minha mão e me puxou.

Para minha sorte a primeira aula era a dele e eu não teria nem tempo para me preparar para vê-lo pessoalmente após a nossa última conversa.

Entramos na sala e nos sentamos em nossos lugares, ainda havia poucas pessoas pois não tinha dado o sinal para entrar ainda. Deitei minha cabeça apoiada em meus braços em minha carteira e Dulce ficou virada para trás fazendo carinho em meu cabelo. Ela me conhece como ninguém e sabe que o que mais me deixava nervosa é ter que olhar para a cara dele depois de tudo o que aconteceu, quando comecei a mandar mensagens para ele, nunca pensei no que aconteceria quando ele descobrisse. Infelizmente agora eu não tenho mais a mesma cara de pau de quando mandei mensagem para ele.

Quando o sinal tocou eu continuei com minha cabeça abaixada entre meus braços com os olhos fechados e pedindo que tudo não passasse de um sonho e que eu realmente não estivesse ali. Seria maravilhoso abrir os olhos e ver que, na verdade, estou na minha casa. Mas, alguns minutos se passaram e eu percebi que isso não aconteceu.

— Bom dia a todos — Ouvi aquela voz que me causava arrepios, o carinho em meu cabelo cessou e eu levantei a cabeça lentamente, querendo sumir naquele momento.

— Bom dia — Todos responderam, exceto eu e ela. Parecia que minha voz havia sumido. Apesar de ter parado de mexer no meu cabelo, Dulce ficou de lado na cadeira e segurou minha mão. Atenta a qualquer reação minha, ela sempre foi muito protetora comigo e só isso já aliviava um pouco minha situação.

Criei coragem para olhar onde ele estava, mas me arrependi quando vi que ele também estava olhando para mim. Seu semblante também não estava dos melhores, mas custava acreditar que era pelo mesmo motivo que eu.

Ele se virou para mexer em sua bolsa que estava em cima da mesa e eu encarei Dulce.

— Sabia que devia ter faltado — sussurrei.

— Sei que provavelmente isso não melhora nada, mas ele parece estar igual a você.

— Talvez ele não tenha dormido direito a noite.

Dulce não disse mais nada, porque ele começou a falar sobre o assunto da aula.

Se eu disser que prestei atenção em uma palavra que ele disse, estaria mentindo. Me mantive estática e olhando para onde ele passava os slides a todo momento. Não quis olhar para ele e não quis saber se ele me olhava, já estava arrependido de ter ido naquele dia. Eu não podia adiar para sempre aquele momento, mas poderia ter adiado mais.

Quando o sinal bateu, o encarei sem perceber e ele já me olhava, percebi que ele abriu a boca para falar algo, mas fechou logo em seguida. Guardou suas coisas e se despediu, saindo em seguida.

— Eu deveria ter ficado em casa — eu disse para Dulce.

— Você teria perdido a explicação do trabalho que ele passou — a olhei confusa e ela suspirou — Você não conseguiu prestar atenção em nada do que ele disse, né?

Neguei com a cabeça e suspirei.

— Não daria para fugir para sempre, Any. Se não fosse agora, seria depois e a reação seria a mesma. Tem certas coisas que não valem a pena adiar. — ela apertou minha mão — E ele realmente não estava muito bem porque se perdeu na explicação umas duas vezes e quase não conseguiu disfarçar os olhares para você.

Não disse nada, apenas suspirei. Não tinha o que dizer e logo o outro professor entrou.



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